Tempos de Glória: relembre o concurso de fantasias mais fabuloso do Rio de Janeiro
O antigo Hotel Glória foi palco de festas temáticas inesquecíveis na memória carnavalesca carioca e nacional.
Tempos de Glória: relembre o concurso de fantasias mais fabuloso do Rio de Janeiro
O antigo Hotel Glória foi palco de festas temáticas inesquecíveis na memória carnavalesca carioca e nacional.
Se hoje os bailes de fantasias são um dos momentos mais aclamados do carnaval brasileiro, muito se deve ao saudoso concurso de fantasias do Hotel Glória, que, em 35 edições, acontecia religiosamente todo sábado de carnaval, antecedendo os desfiles das escolas de samba. “A coisa está ruim? Então vamos nos fantasiar” era a ordem nos desfiles, como introduz uma das clássicas edições carnavalescas da revista Manchete.
Chamado de “Baile dos Artistas“, foi em 1932 que o Hotel Glória deu início ao seu primeiro evento do gênero. Não era para menos, o hotel era o favorito de 11 a cada 10 celebridades que passavam pela cidade maravilhosa. Criado pelo pintor Navarro de Costa, o baile era uma imitação dos bailes de ópera europeus. Porém, por ser considerado por alguns um tanto entediante, outros bailes tomaram força no mesmo ano, como o clássico baile do Copacabana Palace e o Baile do Municipal, que em 1936, lançou o primeiro concurso de fantasias de carnaval, ganhando manchete nacional.
O nascimento do concurso de fantasias do Gloria
Com a chegada da nova gestão no Theatro Municipal, em 1974, foi decretado o fim do baile mais famoso do país. Com a notícia, o ator e apresentador Arnaldo Montel procurou Eduardo Tapajós, dono do Hotel Glória, para abrigar a festa. Nesse mesmo ano, surgiu o primeiro concurso de fantasias do Glória, chamado “Concurso Oficial de Fantasias da Cidade do Rio”. Já na primeira edição, nomes que se tornariam eternos na festividade deram as caras, como Evandro de Castro Lima e Clóvis Bornay. “Era um frisson na plateia. Jamais me esquecerei de Bornay, em 1975, mostrando o luxo do Czar da Rússia Boris Gudonov”, relembra Arnaldo em depoimento à Manchete.
Evandro de Castro Lima e Clóvis Bornay
Evandro e Clóvis eram os grandes nomes da noite e rivais da cena. “Ele era muito bom, mas melhor do que eu ele nunca foi. As roupas dele eram bem executadas, mas eu era um pouco mais audacioso”, disse ao O Globo. E não era mentira: por sempre ganhar o primeiro lugar, Clóvis já não concorria mais, sendo coroado hors-concours. Evandro se apresentou pela última vez durante o carnaval de 1985, sambando da Marquês da Sapucaí diretamente para a eternidade dias depois. Em 2005, foi a vez de Clóvis Bornay se despedir da festa.
No mesmo ano, Arnaldo falou sobre a história do baile à Manchete, dizendo que a festa ainda resistia pelo grande amor de quem estava por trás. Dos 70 anos, 40 foram dedicados às fantasias – sem apoio dos governos estadual e federal, apenas o municipal. “Receio que o concurso possa acabar, pois sou só um para organizá-lo. Mas, por mim, só pararei quando morrer”. E assim seguiu até 2008, quando aconteceu o último baile do Glória, meses antes do hotel ser fechado definitivamente e de seu último close.
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