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    Em passagem pelo Butão, o artista de rua Invader causa polêmica com intervenções em mosteiros históricos
    Foto: Reprodução Instagram @InvaderWasHere
    Em passagem pelo Butão, o artista de rua Invader causa polêmica com intervenções em mosteiros históricos
    POR Redação

    Conhecido por seus famosos mosaicos pixelados com estética 8-bit que evocam games dos anos 1980, o artista de rua Invader gerou controvérsias recentemente por conta de suas intervenções. Em passagem pelo Butão, no sul da Ásia, o francês aplicou seu trabalho feito com pedaços de azulejo em diferentes templos budistas e arredores nas províncias de Paro e Thimphu. “Meu primeiro trabalho no Butão e também o primeiro dentro de um mosteiro”, escreveu ele na legenda do vídeo que compartilhou no Instagram, que mostra sua mandala cimentada ao lado da figura de um Buda na parede do mosteiro Cheri Goemba, construído em 1620 e fundado por Ngawang Namgyal, budista tibetano conhecido por unificar o estado butanês – esse é o primeiro mosteiro histórico do país.

     

    O fato é que, embora muitos de seus seguidores tenham apreciado o trabalho, outros demonstraram não concordar com a intervenção. “Você teve permissão para fazer isso? Eu respeito todos os tipos de arte e o que você faz é incrível, mas desonrar com o seu trabalho as paredes do nosso sagrado mosteiro, que estão aí desde o século 17, é extremamente desrespeitoso”, comentou um deles. Outro acrescentou: “Claramente você não ficou o tempo suficiente no país para saber que estava usando e abusando da hospitalidade do povo butanês. Desrespeito flagrante de artefatos culturais e históricos. Pesquise! O povo do Butão ocupa um lugar especial no meu coração, e a maioria é muito amável para nós, jamais diriam ‘não’”.

     

    Thunder Dragon #paro #bhutan

    Uma publicação compartilhada por Invader (@invaderwashere) em

    Em depoimento ao site ArtNews, um dos visitantes viu o momento exato em que Invader estava aplicando seu trabalho. “Eu estava andando para encontrar meus amigos e de repente vejo alguém desfigurando a parede do mosteiro nesse que é um dos lugares mais sagrados do mundo”, disse em condição de anonimato. “Eu estudei História da Arte, amo arte, curto arte de rua, mas isso ultrapassou os limites éticos e morais”. Isto porque, segundo ele, o artista aplicou o mosaico, que mostra um Buda levitando, num espaço onde há uma linha vermelha indicando que aquela área, especificamente, é sagrada. Incomodado, o visitante o perguntou se ele tinha permissão para tal. “Eu sou um artista. É um presente. Você não entende”, Invader respondeu.

     

    Mastermind

    Uma publicação compartilhada por Invader (@invaderwashere) em

    Depois de postar mais fotos de suas intervenções no país, Invader rebateu as críticas ao compartilhar o mosaico que aplicou em outro mosteiro. “Sei que algumas pessoas vão falar que é desrespeitoso eu ter praticado minha arte no Butão. Pessoalmente, não acho. Minha arte conta uma história e estou muito orgulhoso de ter escrito algumas páginas dela nesse país incrível. Muitos butaneses que conheci ficaram encantados com o resultado e agradeço-lhes por sua gentileza e hospitalidade incrível”. Perguntado via e-mail pelo ArtNews se teve permissão, a assistente do artista afirmou que o monge “chefe” do Cheri Goemba o autorizou a realizar seu trabalho e até ofereceu diferentes espaços no mosteiro para tal, inclusive na parte interna, possibilitando-o escolher onde quisesse.

    Invader é um dos artistas de rua mais famosos do mundo. Desde 1998, ele carimba seus personagens inspirados no jogo Space Invaders nas ruas pelo mundo afora e hoje suas obras são leiloadas por valores que ultrapassam US$ 30 mil.

    O artista, que nunca revelou sua identidade, começou nas ruas de Paris e hoje suas 3.670 “invasões”, como define suas intervenções, estão em mais de 76 cidades ao redor do mundo – São Paulo é uma delas! O artista esteve no Brasil em 2011 para a exposição De Dentro para Fora, no MASP. Em duas semanas realizou diversas intervenções ao redor da capital paulista, em ruas como Augusta, no centro, e Teodoro Sampaio, em Pinheiros.

    E sobre as obras deixadas nos monastérios no Butão? Invader foi longe demais?

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