Obras de Sheila Hicks, artista especializada na pesquisa de tecidos, expostas na entrada da 30ª Bienal de São Paulo ©Ricardo Toscani/FFW
Nesta segunda-feira (03.09), a Bienal de São Paulo abriu suas portas para a imprensa. Por duas horas, jornalistas, fotógrafos e curadores puderam passear pelo Pavilhão da Bienal e conhecer algumas das 2900 obras de 111 artistas presentes nesta trigésima edição. Em seguida, deu-se início a coletiva com o presidente Heitor Martins, o curador Luis Pérez-Oramas, o arquiteto Martin Corullon, Stela Barbieri, do Educativo Bienal, o coordenador geral de comunicações André Stolarski e também parceiros culturais e patrocinadores.
Luis Pérez-Oramas, curador da 30ª Bienal de São Paulo ©Ricardo Toscani/FFW
Pela primeira vez o corpo curatorial é majoritariamente internacional. Liderada por Luis Pérez-Oramas, venezuelano que mora em Nova York, onde também atua no Museum of Modern Art, a equipe é formada pelo brasileiro André Severo, o americano Tobi Maier e a também venezuelana Isabela Villanueva. Sobre a escolha dos expositores, Oramas assegurou a exclusividade quando falou na coletiva de imprensa. “Não escolhemos olhando catálogos ou outras bienais. Fomos visitar cada artista e cada uma de suas obras”. Ele ressaltou também a dificuldade da escolha, que chega a bater em questões práticas. “Pensar a bienal é um capítulo. Materializá-la é outro. (…) Existem obras incríveis, porém impossíveis de se colocar aqui”. Além de seguir o tema central, “A iminência das poéticas”, a curadoria do evento procurou formar constelações de artistas, de maneira que estes conversem entre si. Tal ideia levou a uma distribuição das obras com diversas passagens. Cada espaço possui várias entradas, saídas e vãos livres, conectando assim as “estrelas”, seja por estilo, formato ou linguagem artística. Reforçando a ideia da força de um conjunto de obras, Luis afirma que “não é um conceito que produz uma obra de arte, mas sim as obras é que produzem o conceito”. Do lado positivo, esta galáxia artística ganha forma e a arte é entendida de um ponto de vista mais amplo. Já na questão individual, há momentos em que os espaços transbordam em seus vizinhos, seja com imagens de vídeo ao fundo ou sons vindos de instalações.
Um exemplo da “constelação” criada com as obras na 30ª Bienal de São Paulo ©Ricardo Toscani/FFW
Uma grande inovação neste ano é a busca por levar física e virtualmente a arte para a sociedade. Por meio do programa “Bienal na Cidade”, alguns artistas não terão suas obras expostas no Pavilhão da Bienal no Parque Ibirapuera, mas sim em lugares como a Avenida Paulista, MASP, Estação da Luz, Capela do Morumbi, Casa do Bandeirante, Casa Modernista, Museu de Arte Brasileira da FAAP e Instituto Tomie Ohtake. Além disso, já estão sendo feitas as negociações do projeto itinerante, que poderá levar parte das obras a algumas unidades do SESC no interior paulista, assim como Belo Horizonte e Brasília. Outro ponto importante, ressaltado por Danilo Miranda, diretor regional do SESC-SP, é de que a Bienal estimula o acontecimento de um circuito paralelo nas instituições culturais da cidade, como a exposição de Lygia Clark no Itaú Cultural e a de Isaac Julien no SESC Pompeia. Na questão virtual, além de um website repleto de informações sobre a instituição, obras e artistas, a 30ª edição irá lançar um aplicativo para smartphones – previsto para 4 de setembro -, em que o usuário conseguirá “visitar” a exposição e interagir com as obras.
Sobre o que esperar da exposição
Obra do brasileiro Thiago Rocha Pitta, que trabalha no diálogo com o ambiente natural ©Ricardo Toscani/FFW
No conteúdo das obras, as formas de representação são das mais diversas existentes nas artes visuais. Como Oramas comenta – e adianta tratar-se de uma opinião pessoal -, “reduzir a arte em formatos é contraproducente”. É preciso pensar na arte pela arte, seja esta uma pintura, instalação, fotografia, vídeo ou escultura, reforçando o centro curatorial, que aborda os temas da “multiplicidade, transicionalidade, recorrência e permanente mutabilidade das poéticas visuais”.
Obra metalinguística e crítica de Productos Peruanos Para Pensar, o “coletivo de um homem só”, Alberto Casari. Em seu espaço, há somente caixas, quadros tampados e a frase que se lê acima ©Ricardo Toscani/FFW
Não somente no âmbito da linguagem, a diversidade de processos criativos, escolas artísticas, épocas e referências demonstra o grande e simples intuito da Bienal de São Paulo: mostrar um panorama da arte. Expondo consagrados, como o fotógrafo alemão do início do século 20, August Sander, o controverso artista plástico carioca Bispo do Rosário e também Sheila Hicks, que foca suas obras com tecidos, esta edição conta ainda com 75% dos artistas expondo trabalhos inéditos ou feitos especificamente para a mostra.
Obra de Arthur Bispo do Rosário, artista plástico brasileiro que passou um grande período de sua vida internado em instituições psiquiátricas, onde produziu suas obras ©Ricardo Toscani/FFW
Também no time dos brasileiros, vale destacar o trabalho do paulistano Nino Cais, que por meio de vídeos e fotografias constrói uma temática do absurdo fundindo seu corpo com objetos básicos do dia-a-dia.
Fotografia de Nino Cais para a 30ª Bienal de São Paulo ©Divulgação
Um pouco mais sobre a Bienal…
Fundada por Ciccillo Matarazzo em 1951, a Bienal de São Paulo é hoje considerada uma das maiores exposições no circuito da arte mundial, já tendo recebido obras de artistas como Picasso, Giacometti, Magritte e Pollock. De acordo com o presidente da Fundação, Heitor Martins, a edição passada atraiu 530 mil visitantes, mais do que eventos como a Fórmula 1 e até o Carnaval. Para esta edição de 2012, foram investidos 22,4 milhões de reais, sendo 65% deste valor advindos da Lei Rouanet, com o Itaú como patrocinador principal.
A 30ª Bienal de São Paulo tem 30 cartazes de divulgação
30ª Bienal de São Paulo – Entrada gratuita
Período da exposição: de 7 de setembro a 9 de dezembro de 2012
Horários de visitação: terças, quintas, sábados, domingos e feriados, das 9h às 19h (entrada até as 18h). Quartas e sextas-feiras, das 9h às 22h (entrada até as 21h)
Local: Pavilhão Ciccillo Matarazzo, Parque do Ibirapuera – Portão 3, São Paulo – SP
Locais das exposições fora da Bienal e outras informações: bienal.org.br