FFW
newsletter
RECEBA NOSSO CONTEÚDO DIRETO NO SEU EMAIL

    Não, obrigado
    Aceitando você concorda com os termos de uso e nossa política de privacidade
    Marina Abramović, Riccardo Tisci e a parceria que virou uma “orgia cósmica”
    Marina Abramović, Riccardo Tisci e a parceria que virou uma “orgia cósmica”
    POR Redação

    Riccardo Tisci e Marina Abramović ©Reprodução

    O FFW já havia falado rapidamente sobre o balé da Ópera Nacional de Paris que envolveu, em seu processo criativo, a artista performática Marina Abramović e o diretor criativo da Givenchy, Riccardo Tisci; mas só agora, meses após a estreia do espetáculo, os dois colaboradores falam sobre sua participação no projeto — e sobre sua relação pessoal –, em entrevista publicada no site Dazed Digital. Confira abaixo os melhores momentos da conversa e leia aqui a reportagem na íntegra (em inglês).

    Tisci, sobre o dia em que conheceu Abramović: “Há seis anos, fui convidado pela “AnOther Magazine” para colaborar com um artista na criação de um vestido. Eu conhecia muitos artistas, mas queria trabalhar com alguém jovem e fresco. Descobri Paolo Canevari. Fui encontra-lo em Nova York e nos demos bem; talvez porque ambos somos italianos, e temos muito em comum. Um dia, ele me convidou para sua casa para comer massa, e durante a visita eu conheci a mais extraordinária criatura – sua esposa. Ela era cheia de energia; ela era linda; ela era super sexy. Quando fui embora, não conseguia tira-la da cabeça. Só depois descobri que ela era Marina Abramović. Eu era obcecado por ela na Central Saint Martins”.

    Abramović, descrevendo Tisci: “Riccardo é determinado. E ele nunca tem ciúmes. Ele tem um ótimo senso de humor. E está sempre contando piada terríveis, sujas”.

    Tisci, descrevendo Abramović: “Marina é, para mim, o mundo. Ela é preto e branco; romântica e durona; linda e feia. Ela é elegante. Ela tem a beleza de Mariacarla (Boscono), a inteligência de Einstein e a delicadeza da minha mãe”.

    Abramovic, sobre o envolvimento com “Boléro”: “Conheci [os coreógrafos] Sidi Larbi Cherkaoui e Damien Jalet no festival Romaeuropa em 2004, e havíamos falado de fazer uma colaboração. Brigitte Lefèvre, diretora do Paris Opera Ballet, mais tarde pediu que Cherkaoui criasse uma obra para a companhia, e ele sugeriu que eu me envolvesse. A comissão de “Boléro” veio em um momento chave para mim. Eu tinha acabado de terminar minha retrospectiva no Museu de Arte Moderna de Nova York (que incluía ficar sentada em uma cadeira por mais de 700 horas). Eu podia ver minha vida inteira à minha frente; estava deprimida. “Boléro” era um território novo – eu nunca havia trabalhado com balé ou criado cenografias. Foi um desafio que aceitei de imediato. Eles me pediram para sugerir outros criativos. Eu disse: ‘Só há uma pessoa que pode fazer os figurinos, e essa pessoa é o Riccardo Tisci’”.

    Tisci, sobre o que torna “Boléro” especial: “A sexualidade. E isso inspirou os meus desenhos. Os dançarinos são como esculturas humanas nessa coreografia – o movimento deles é incrível. Eu me lembro de ter sugerido que eles não usassem nada além de pedaços de renda grudados na pele. Queria algo orgânico, algo natural”.

    Abramović, sobre o que torna “Boléro” especial: ““Boléro” é uma música bastante obsessiva criada em cima da repetição. Sou muito inspirada pela repetição. Ao assistir a algo desse tipo, a pessoa entra num estado quase que de transe. Para mim, “Boléro” é sobre amor, morte, ódio e paixão. É como eletricidade: energia pura. Quando estava projetando a cenografia, pensei num campo de estática que a pessoa vê quando a televisão não está propriamente ajustada. A cenografia virou uma imagem cósmica com buracos negros. Há painéis de espelhos suspensos que refletem a realidade e um estado de sonho. É basicamente uma orgia cósmica”.

    Riccardo Tisci, sobre a criação dos figurinos de “Boléro”: “Queria criar algo muito forte, muito sexual. E muito eu. Inspirei-me no romance. O design de esqueleto é muito dramático, mas a cor nude do tecido tem um senso de romance – queria que os bailarinos se sentissem nus. Para mim, o esqueleto equilibrava morte e beleza. Decidi não usar materiais associados ao balé clássico, como penas e bordados. Queria manter tudo minimalista, mas forte, porque o bolero é sobre ciúmes e intensidade. Comecei com a capa preta, porque ela tem sido chave na minha carreira. Imaginei o momento em que eles tirariam a capa, e debaixo dela haveria uma segunda pele de tule bordada com o esqueleto de renda. Eles se livram de várias camadas enquanto dançam, como no ciclo de vida dos animais ou das flores que perdem suas pétalas. Eles se tornam esses esqueletos em movimento, fortes e frágeis ao mesmo tempo”.

    E “Boléro” não é a única colaboração recente de Marina Abramović; em julho, Jay Z realizou na Pace Gallery, em Nova York, uma performance de seis horas que de certa forma lembra os trabalhos de longa duração da artista – mas com rap – e com a participação da própria. A filmagem do evento virou o vídeo que você assiste abaixo, para a música “Picasso Baby” do novo álbum do rapper, “Magna Carta Holy Grail” (do qual também faz parte o single “Tom Ford”, que o FFW já citou aqui).

    Outra empreitada colaborativa da artista é o crowdfunding lançado no Kickstarter para a arrecadação de fundos para o Marina Abramovic Institute, fundação que pretende “apresentar e preservar o long durational work (“trabalho de longa duração”), incluindo artes performáticas, dança, teatro, cinema, música, ópera e outras formas que podem surgir no futuro”. Uma das missões do instituto é proporcionar aos seus visitantes a experiência do “Método Abramovic” criado para potencializar a sensibilidade física e mental; para divulgar o método e a causa do MAI, a artista colaborou com Lady Gaga na criação do vídeo a seguir:

    + Saiba mais sobre o Marina Abramovic Institute na página do projeto no Kickstarter

    Não deixe de ver
    Por que a A24 é tão relevante?
    Performática: Miu Miu mistura arte, moda e cinema em mega exposição em paris
    Marina Bitu e Mundo Social Magalu se unem para dar novo fôlego ao fazeres manuais cearenses
    Conheça o trabalho de Marcus Deusdedit
    100 anos de surrealismo
    Naomi Campbell no V&A: Por dentro da exposição
    Por dentro da exposição do Met 2024
    Zendaya e seu segundo look para o Met Gala 2024
    Anna Wintour usa Loewe para o Met Gala 2024
    Pabllo Vittar em collab com a Pornograffiti, os novos modelos da Rolex, a bebida especial da Melissa e muito mais
    FFW