Stylist e artista plástico, Maurício Ianês abre exposição individual na Galeria Vermelho © Gabriel Marchi
O stylist e artista plástico Maurício Ianês abre nesta terça-feira (03.06) uma exposição individual na Galeria Vermelho. Intitulada Ponto Final, a mostra pode ser visitada até 5 de julho.
Conhecido por trabalhar há muitos anos com Alexandre Herchcovitch, Maurício Ianês busca questionar nesta nova exposição os limites de expressão da linguagem verbal e artística. A obra se vale de vídeo, fotografia, desenho e instalação; em alguns casos, o público pode interagir.
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Um dos elementos centrais é o uso atual e histórico da família tipográfica Fraktur, o expoente mais importante do grupo das chamadas letras góticas. Nos Países-Baixos, Reino Unido e, principalmente, na Alemanha, essa família tipográfica foi dominante até a metade do século 20. Atualmente, continua a ser empregada amplamente em tatuagens, nomes de jornal, logomarcas de bebidas, bandas e grupos góticos. A fonte Fraktur aparece em várias das obras de Ponto Final em contextos distintos, como os ligados à construção da identidade nacional de um povo, grupo ou gueto, ou como forma de exclusão e de racismo. Sobre a fachada da galeria, a fonte Tennenbaum, que pertence à família Fraktur, foi usada para reescrever a frase “Ordem e Progresso” da bandeira brasileira. Ela reaparece na série Ponto Final, que dá titulo à exposição, composta por dez desenhos de pontos finais cavados sobre as paredes do espaço expositivo.
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Composta por 14 grupos de imagens de baixa qualidade obtidas na internet, a série “Fratura” (do alemão Fraktur) combina usos atuais da Fraktur com seu emprego em livros e manuscritos antigos e nas estratégias de propaganda e comunicação interna do partido Nacional Socialista alemão dos anos 1930 e 1940.
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Em “Império”, Ianês cita o filósofo austríaco Ludwig Wittgenstein e constrói uma grande escultura em madeira que repete uma das frases retiradas do “Tractatus logico-philosophicus”, de 1921. No contexto dessa exposição, “Die Grenzen meiner Sprache bedeuten die Grenzen meiner Welt” (Os limites da minha linguagem significam os limites do meu mundo) sugere que o limite da arte se restringe àquilo possível de ser expresso por meio da linguagem, ou seja, possível de ser imaginado.
Além de Wittgenstein, Ianês se apropria também de elementos do livro “O Som e a Fúria”, de Faulkner. Em “The Sound and The Fury”, o artista retirou da primeira página do livro a maior parte das palavras e manteve apenas “fence” e “flag”, mais uma vez sugerindo os limites da linguagem. Símbolo de países e regiões, a bandeira é utilizada por Ianês em várias das obras da exposição. É o caso em “(The Sound) and the fury”, obra em que o artista borda as palavras Fence e Flag sobre bandeiras brancas, ou ainda em “And the fury” composta por nove flâmulas pretas cuja instalação remete aos limites dados por uma cerca (fence). Completam a individual as obras “Wor(L)d”, “Discurso Ltda”, “Via Negativa”, “Broken language”, “Cinzas” e “Incisão”.
Maurício Ianês nasceu em Santos em 1973. Atualmente ele trabalha e reside em São Paulo. Formado em Artes Visuais pela FAAP, já expôs seu trabalho em Nova York, Paris, Dusseldorf, Amsterdam e São Paulo, entre outros.
Ponto Final exposição individual de Maurício Ianês @ Galeria Vermelho
De 4 de junho a 5 de julho
Abertura: 3 de junho de 2014, a partir das 20h
Rua Minas Gerais, 350, São Paulo
(11) 3138-1520
+ galeriavermelho.com.br
+ Veja imagens da exposição de Maurício Ianês: