Basta uma rápida olhada no perfil de Instagram de Magnhild Kennedy aka Damselfrau para apertar imediatamente o follow. A especialidade desta artista norueguesa é fazer máscaras artesanais e surpreendentes, com formas e materiais inusitados que vão de uma fina renda do século 19 a objetos sujos e perdidos que encontra na rua.
As máscaras não são apenas objetos de design ou arte, mas personagens ou entidades que são fotografadas no rosto da própria artista, ganham um nome e são então jogadas na internet, onde viajam por conta própria, especialmente pelo Tumblr e Instagram.
Seus “rostos” lembram imagens ora tiradas de contos fantásticos, culturas exóticas, rituais indígenas ou da vanguarda das subculturas. Que lugar seria mais propício para o surgimento deste projeto do que Londres? Foi para onde Magnhild se mudou em 2007 e foi totalmente inspirada pela cena da noite e festas como Boom Box e Last Tuesday Society. Ela começou a fazer máscaras para compor os looks que usava para sair à noite. Durante o dia, trabalhava em uma loja vintage e aprendeu muito olhando para as roupas e virando-as do avesso. “Todas as habilidades que tenho hoje aprendi lentamente ao longo dos anos, olhando para roupas e artesanato, tentativa e erro, e assistindo tutoriais do YouTube”, diz em entrevista ao Art Jewelry Forum.
Todas as manhãs ela pesquisa no Tumblr, também olha para arquitetura, natureza, arte, mundo animal, moda, ficção científica e fantasia. “Sou movida pelos fantasmas que aparecem nos processos de produção e dos próprios materiais. É isso o que guia minhas decisões e informam os objetos que eu faço”.
Mas o processo de nascimento de uma peça começa mesmo a partir dos materiais. “Tento me distanciar de qualquer ideia de forma até que ela surge sozinha. É quando a verdade do personagem aparece”. Uma vez pronta, Danselfrau busca entender com o que ela se parece, pesquisa o termo na Wikipedia e olha seu significado em línguas diferentes até que acha uma palavra, muda algumas letras e testa sua sonoridade. Assim, elas ganham nomes como Taocan, Mimir, Icloni ou Daefnies.
O próprio nome Damselfrau também carrega mais de um significado, uma palavra que se auto mascara – quer dizer mulher casada e solteira ao mesmo tempo. “Para mim tem a ver com algo como ser casada com você mesma”, diz.
Projetos
Suas máscaras vestem Daphne Guiness no clipe de Marionettes, música do primeiro álbum da socialite fã de Alta Costura, Optimist in Black. “Daphne está acostumada ao melhor que a habilidade manual pode fazer, então, se ela gostou do meu trabalho, acho que deve ser bom mesmo. Para uma pessoa autodidata, significou tudo, foi uma maravilha para minha auto estima”.
Outro convite veio do stylist Alister Mackie para ela criar uma peça comissionada pela Louis Vuitton, publicada na Another Man.
Seu amigo e pintor fotorrealista Ben Ashton se fotografou usando as máscaras para depois pintar uma série em larga escala para uma exposição em Londres.
Damselfrau também faz figurino para teatro, nas peças absurdas e cheias de informação de sua amiga norueguesa Lisa Lie.
Damselfrau trabalha sozinha e não tem assessoria de imprensa tampouco se preocupa em fazer PR para divulgar sua arte. “Não mando nada pra ninguém. Nesse mundo cheio de informação, as pessoas certas me encontram”.
É aí que reside a liberdade que ela precisa para trabalhar e dar vida a essas criaturas fantásticas que, ao mesmo tempo que escondem seu rosto e protegem sua identidade, também chamam atenção para ele e para quem está por trás. “É um espaço de liberdade, mas também um lugar de privacidade e intimidade”.
Abaixo, navegue pelas máscaras belas e misteriosas de @Damselfrau: