2017 é ano de Panorama da Arte Brasileira no Museu de Arte Moderna de São Paulo, exposição que tem como objetivo mapear a arte contemporânea vinda de todas as regiões do País. A 35º edição da mostra, que começa hoje (às 20h) e vai até dezembro (17.12), tem como título Brasil por Multiplicação e conta com obras de artistas como Barbara Wagner e Benjamin de Burca, Cadu, Dora Longo Bahia e Marcelo Silveira, em diversas plataformas.
Luiz Camillo Osorio, curador da mostra, baseou-se em dois textos para a escolha das obras desta edição: Esquema Geral da Nova Objetividade (1967), de Hélio Oiticica, e Nacional por Subtração (1986), de Roberto Schwarz.
O primeiro foi escrito para a mostra Nova Objetividade Brasileira, que esteve em cartaz no MAM do Rio de Janeiro naquele ano. Apesar de problematizar algumas questões levantadas no texto, a ideia não é propor uma remontagem da mostra para a qual foi escrita. “O que se faz aqui é uma homenagem ao texto de Oiticica a partir de questões ali escritas que, ainda hoje, continuam pertinentes”, explica Luiz, referindo-se aos tópicos reverberados em sua curadoria, tais como vontade construtiva, tomada por posição política, ética e social, tendência para proposições coletivas, entre outros.
A ideia é refletir sobre essas questões ao revelar o quão atual era e é o pensamento de Oiticica 50 anos atrás, tendo em vista a realidade do país bem como a cena artística brasileira de hoje.

Cena de “Se fosse tudo sempre assim”, de Karim Aïnouz, 2004. Videoinstalação em colaboração com Marcelo Gomes. Obra apresentada na 26ª Bienal de São Paulo.
Some à reflexão a identidade nacional mencionada por Schwarz no segundo texto que inspirou o Panorama. Pensando nas diversas origens (ameríndia, africana, colonização europeia, etc) fincadas na história do Brasil, não é tarefa fácil definir claramente a identidade nacional, seja inserida no contexto global ou até mesmo dentro de suas fronteiras.
Schwarz fala sobre como a produção dessa identidade se dá pela subtração diante do estrangeiro, sem levar em conta a tradição e o passado do nosso país. Então, Luiz a subverte enaltecendo a ideia da multiplicação de referências, assim propondo que a identidade nacional é formada pelo acúmulo de camadas superpostas – aglutinadas, mas nunca alinhavadas. “A singularidade deveria ser vista como construção de um próprio em constante metamorfose. Ou seja, como multiplicação identitária e não como subtração originária em busca de uma essência formadora”, complementa.
Para além das artes visuais, a lista de artistas elenca nomes da arquitetura, da dança e do cinema. “A ideia é alargar o campo das artes visuais incorporando outras manifestações, justamente para explicitar como essa divisão de gêneros artísticos, no momento em que o Hélio Oiticica escrevia, já era limitante, e hoje parece de fato superada”.
Além dos artistas já conhecidos no circuito das artes, a mostra contempla grupos como o Coletivo Mão na Lata, o Complexo da Maré (comunidade carioca), além do IbãHuniKuin, ocupado pelo povo indígena HuniKuin, do Acre, que fará o Projeto Parede durante o Panorama.
Serviço
35º Panorama da Arte Brasileira – Brasil por Multiplicação
Quando: de 26.09 (terça-feira) a 17.12 (domingo). Terça a domingo, das 10h às 17h30
Onde: MAM SP – Parque do Ibirapuera. Avenida Pedro Álvares Cabral, S/N – Portão 3.
Quanto: R$ 6,00 (entrada franca aos sábados)
Mais informações: mam.org.br