2017 é ano de Panorama da Arte Brasileira no Museu de Arte Moderna de São Paulo, exposição que tem como objetivo mapear a arte contemporânea vinda de todas as regiões do País. A 35º edição da mostra, que começa hoje (às 20h) e vai até dezembro (17.12), tem como título Brasil por Multiplicação e conta com obras de artistas como Barbara Wagner e Benjamin de Burca, Cadu, Dora Longo Bahia e Marcelo Silveira, em diversas plataformas.
Luiz Camillo Osorio, curador da mostra, baseou-se em dois textos para a escolha das obras desta edição: Esquema Geral da Nova Objetividade (1967), de Hélio Oiticica, e Nacional por Subtração (1986), de Roberto Schwarz.
O primeiro foi escrito para a mostra Nova Objetividade Brasileira, que esteve em cartaz no MAM do Rio de Janeiro naquele ano. Apesar de problematizar algumas questões levantadas no texto, a ideia não é propor uma remontagem da mostra para a qual foi escrita. “O que se faz aqui é uma homenagem ao texto de Oiticica a partir de questões ali escritas que, ainda hoje, continuam pertinentes”, explica Luiz, referindo-se aos tópicos reverberados em sua curadoria, tais como vontade construtiva, tomada por posição política, ética e social, tendência para proposições coletivas, entre outros.
A ideia é refletir sobre essas questões ao revelar o quão atual era e é o pensamento de Oiticica 50 anos atrás, tendo em vista a realidade do país bem como a cena artística brasileira de hoje.
Some à reflexão a identidade nacional mencionada por Schwarz no segundo texto que inspirou o Panorama. Pensando nas diversas origens (ameríndia, africana, colonização europeia, etc) fincadas na história do Brasil, não é tarefa fácil definir claramente a identidade nacional, seja inserida no contexto global ou até mesmo dentro de suas fronteiras.
Schwarz fala sobre como a produção dessa identidade se dá pela subtração diante do estrangeiro, sem levar em conta a tradição e o passado do nosso país. Então, Luiz a subverte enaltecendo a ideia da multiplicação de referências, assim propondo que a identidade nacional é formada pelo acúmulo de camadas superpostas – aglutinadas, mas nunca alinhavadas. “A singularidade deveria ser vista como construção de um próprio em constante metamorfose. Ou seja, como multiplicação identitária e não como subtração originária em busca de uma essência formadora”, complementa.
Para além das artes visuais, a lista de artistas elenca nomes da arquitetura, da dança e do cinema. “A ideia é alargar o campo das artes visuais incorporando outras manifestações, justamente para explicitar como essa divisão de gêneros artísticos, no momento em que o Hélio Oiticica escrevia, já era limitante, e hoje parece de fato superada”.
Além dos artistas já conhecidos no circuito das artes, a mostra contempla grupos como o Coletivo Mão na Lata, o Complexo da Maré (comunidade carioca), além do IbãHuniKuin, ocupado pelo povo indígena HuniKuin, do Acre, que fará o Projeto Parede durante o Panorama.
Serviço
35º Panorama da Arte Brasileira – Brasil por Multiplicação
Quando: de 26.09 (terça-feira) a 17.12 (domingo). Terça a domingo, das 10h às 17h30
Onde: MAM SP – Parque do Ibirapuera. Avenida Pedro Álvares Cabral, S/N – Portão 3.
Quanto: R$ 6,00 (entrada franca aos sábados)
Mais informações: mam.org.br