Alguns dos perfumes já lançados pela Comme des Garçons ©FFW
Conhecida (e admirada) por se manter fiel a sua filosofia de autenticidade desde sua fundação, em 1969, a Comme des Garçons estende essa atitude não só às coleções de roupas como também às outras linhas de produtos – como os perfumes. À ocasião do lançamento de “Airborne”, nova fragrância idealizada em parceria com o estilista Hussein Chalayan, o presidente da Comme des Garçons (e marido de Rei Kawakubo) Adrian Joffe, concedeu uma entrevista à “AnOther” e falou sobre as histórias por trás dessa parceria e do acervo de fragrâncias pouco convencionais da marca; confira:
“Eu conheço Hussein desde sua época de estudante. Eu lembro dele me contando sobre ter enterrado sua coleção de graduação em seu jardim; a mesma coleção que foi comprada pela Browns. Eu sempre considerei que a abordagem dele não é muito distante da Comme des Garçons. É um jeito de trabalhar muito diferente do da Rei, mas há uma similaridade em seus pontos de partida; ele é sempre abstrato em vez de ter referências históricas ou geográficas. Nunca é um figurino do século 18, ou Tibet encontra Peru, é sempre uma ideia, uma emoção. E é assim que a moda conceitual deveria ser. Nós nos mantivemos em contato, frequentemente almoçamos no Dover Street Market; a colaboração na fragrância começou na conversa um dia.
Quando há essa colaboração com um indivíduo em uma fragrância Comme des Garçons, é importante que ele tenha uma visão diferente. Hussein sabia exatamente o que ele queria; ele sabia como queria que fosse o cheiro. Havia uma história e isso é importante – sempre há uma história com os produtos da Comme des Garçons. É mais como jornalismo do que como design de moda. Todo mundo com quem já colaboramos tem uma história, mas elas são todas únicas. Hussein sabia que ele queria que fosse uma jornada a partir de onde ele nasceu, no norte do Chipre, até a Londres urbana. Nós trabalhamos nisso por dois anos – alguns perfumes levaram dois meses, mas Hussein é um perfeccionista. Mas a espera valeu muito a pena, é uma ótima fragrância (à esquerda) e nós estamos muito felizes com ela.
Nós lançamos muitas fragrâncias desde que começamos essa linha em 1994. Nós temos cinco histórias diferentes – uma é das colaborações, outra é do design original como o do frasco tipo pedra, outro é o das séries como o Incense. Nós sempre tentamos criar fragrâncias que não existiam, que provocam e estimulam. Mesmo antes de eu começar a trabalhar na companhia, quando Rei fundou a grife, os valores fundamentais da marca não mudaram. O release que nós fizemos para a primeira fragrância, de 1994, que era ilustrada com abelhas e orquídeas, descreve melhor a filosofia de fragrâncias da Comme des Garçons: “um perfume para si mesmo, para elevar o espírito e provocar os sentidos, para fazer com que a pessoa se sinta positiva” e “um perfume que funciona como um remédio e se comporta como uma droga”. Mesmo que algumas das séries sejam bastante simples, elas sempre têm esse gancho. Para Rei, era como uma xícara de café, ou como quando ela fumava – ela queria que o perfume funcionasse da mesma maneira. Algo meio viciante que realmente fizesse com que você se sentisse melhor e pudesse encarar o dia novamente”.