Identidade visual da marca L’Occitane au Brésil criada pela ilustradora Marilda Castanha ©FFW
No início de março, o grupo francês L’Occitane apresentou em São Paulo a sua mais recente marca de cosméticos, a L’Occitane au Brésil, focada nas riquezas das matérias-primas brasileiras. Esta é a quinta marca dentro do Grupo L’Occitane – antes dela, já existiam a L’Occitane en Provence; a Melvita, só de produtos orgânicos; a franco-coreana Erborian; e a Le Couvent Des Minimes, à venda no Brasil nos hipermercados Pão de Açúcar.
A nova marca chega às lojas e e-commerce da L’Occitane en Provence brasileira no dia 15 de maio e na Europa em meados de 2014, mas os planos são que ela tenha lojas próprias no Brasil e, a longo prazo, no mundo. As linhas baseiam-se em seis biomas (comunidades de plantas e animais) do Brasil, e serão lançadas aos poucos. Por enquanto, foram apresentadas duas linhas com oito produtos cada: a Jenipapo (árvore do Cerrado com propriedades reparadoras para a pele e cabelo) e a Mandacaru (planta típica da região da Caatinga, antes usada para alimentação de animais). Assim como acontece na marca “mãe”, os produtores locais são vistos como parceiros do empreendimento: Douglas Bello produz jenipapo em Paraibuna, no interior de São Paulo, e Alcides Peixinho produz mandacaru em Uauá, no sul da Bahia. Os produtos são todos feitos no Brasil, por isso os seus preços serão mais acessíveis do que os da L’Occitane en Provence – um creme para as mãos custará R$ 16 e o sabonete esfoliante de 75g, R$ 9,90; o produto mais caro será a colônia de 300ml, que custará R$ 80.
A linha completa Jenipapo ilustrada por Andrés Sandoval ©Divulgação
Linha completa Mandacaru ilustrada por Manassés Borges ©Divulgação
O evento teve a presença de Olivier Baussan, fundador e diretor do Grupo L’Occitane; o CEO Reinold Geiger; o diretor geral do Grupo L’Occitane no Brasil, Benjamin Beaufils; e a diretora de marca Laura Barros. “O nascimento de uma marca é como o nascimento de um filho”, disse Olivier Baussan durante a apresentação. “Acreditamos no futuro do Brasil, ele possui as maiores reservais naturais do mundo”, afirmou Reinold.
Olivier Baussan, fundador e diretor do Grupo L’Occitane, apresentando a nova marca ©Cauê Diniz/Divulgação
Para o projeto, Olivier estudou a fundo a cultura brasileira, os seus artesãos e artistas. “Escutar os artesãos que conhecem o savoir-faire, conhecer os artistas que são a cara do Brasil. São eles que conhecem e passam a palavra do país para o mundo”, explicou. Para deixar que isso transpareça, a marca convidou artistas, ilustradores e arquitetos brasileiros que desenharam a identidade da marca nas campanhas, nas lojas e nas embalagens dos produtos, e que contaram um pouco das suas histórias durante a apresentação. Manassés Borges, artista pernambucano de xilogravura, desenhou as imagens das embalagens da linha Mandacaru – e emocionou a plateia com o seu orgulho nativo e a sua simplicidade. Andrés Sandoval (que não estava presente na apresentação) ilustrou a linha de Jenipapo; Marilda Castanha, ilustradora, desenhou a identidade visual da marca; e Marcelo Rosenbaum ficou responsável por toda a arquitetura e design dos móveis, quiosques e futuras lojas, com inspiração nos mercados populares e feiras livres.
O artista Manassés Borges e Laura Barros ©Cauê Diniz/Divulgação
O FFW conversou com o fundador e diretor do Grupo L’Occitane, Olivier Baussan, e a diretora de marca, Laura Barros, sobre o novo projeto e seu DNA:
Como foi o encontro com o Brasil?
Olivier: Eu não conhecia o Brasil, só o Carnaval do Rio, e o Reinold convidou-me para vir, falando que eu tinha que conhecer o Brasil. Fizemos umas viagens internas e o mais interessante é que eu conheci o Brasil não pelos olhos de um brasileiro, mas pelos olhos de um austríaco apaixonado pelo país. O Reinold foi um visionário porque falou que aqui tinha alguma coisa de especial.
Que lugares visitou no início?
Olivier: Viajei um pouco por todo lugar, mas quis me afastar dos grandes centros urbanos. Quis compreender a vegetação e as cores e ver toda a exuberância da natureza e da cultura no Brasil. O Brasil é um país muito grande e há muito para desvendar; se você coloca do lado da Provence – porque eu sou mais Provençal do que francês (risos) -, ela fica muito pequena. O Brasil é cativante para os franceses por conta da dança, música e alegria de viver. Só quando você chega ao país é que você entende tudo o que ele pode oferecer. Esse novo bebê que chega agora vai desbravar as terras brasileiras e crescer sozinho. A L’Occitane au Brésil tem o DNA da L’Occitane en Provence com todos os elementos e fabricação no Brasil. É um bebê que nasceu e vai ser criado no Brasil e depois ele mesmo vai visitar o mundo.
Como vai ser a marca nos outros países?
Olivier: Nos outros países, vai ser exatamente como é no Brasil, dentro das lojas L’Occitane. Queremos levar a experiência brasileira à França e depois ao resto do mundo. Começamos agora nos principais mercados, França, Estados Unidos, Japão e Hong Kong, e depois nos outros países.
A mulher na Europa procura a matéria-prima brasileira?
Laura: Hoje eu acho que o Brasil como marca de projeto ainda não conseguiu ser exportado e essa é uma das missões da marca. Quando você fala que uma marca é do Brasil, as pessoas lá fora te acolhem e querem saber mais. Conhecem a diversidade que existe no Brasil, mas não fazem a ligação entre isso e o mercado cosmético e é isso que queremos fazer, ligar a natureza brasileira com os cosméticos brasileiros, assim como fizemos há 85 anos com o mercado da Provence. Quando uma mulher procura um produto da L’Occitane, acho que tanto aqui, quanto na Europa ou no Japão, ela procura um produto de qualidade, que ela saiba que tem um produtor trabalhando a terra, que ela saiba a proveniência do produto. É uma identificação transglobal. Mas tem diferenças de consumo. Aqui no Brasil, por exemplo, as mulheres usam mais colônia, então tem a colônia sem o aplicador para passar depois do banho.