Dany Sanz, fundadora da Make Up For Ever, em São Paulo ©Ricardo Toscani/FFW
Nesta quinta-feira (09.05), a Make Up For Ever apresentou à imprensa sua nova coleção de pincéis, composta por 76 itens, dos quais 19 chegam ao Brasil em setembro. Durante o evento, promovido na Vila Madalena, em São Paulo, a francesa Dany Sanz, que fundou a marca em 1984, compartilhou detalhes sobre sua vida, inclusive sobre a transição da carreira de pintora e escultora para maquiadora.
A Make Up For Ever chegou ao Brasil em 2012, com a abertura da primeira loja da Sephora em São Paulo. Ainda pouco conhecida no país, é adorada por profissionais, público que, como contou Sanz, era o foco inicial da marca na época de sua fundação. Com a aquisição por parte da LVMH, há cerca de treze anos, a Make Up For Ever tornou-se mais “popular”, mas a ligação com o universo artístico foi mantida, tanto que os pincéis desenvolvidos para a nova coleção foram inspirados naqueles usados na pintura a óleo.
Pincéis da nova coleção da Make Up For Ever. Todos são produzidos em madeira ecológica e com fibra sintética ©Ricardo Toscani/FFW
“Os pincéis são a extensão dos braços do pintor, assim como o são do maquiador”, justificou Sanz durante a demonstração de maquiagem que realizou no evento. Ela contou também que, inicialmente, todos os produtos da Make Up For Ever eram produzidos em sua casa, de forma artesanal e para serem utilizados em espetáculos de dança, de teatro e até no cinema, mas que foram tão bem sucedidos que a marca abriu-se para “amadores”.
Sanz revelou que a linha “Aqua”, por exemplo, é utilizada por atletas da equipe de nado sincronizado da França, já que os produtos duram mais de 12h e não saem na água, e que, todavia, estão entre os mais vendidos da marca, ao lado da coleção HD. O FFW conversou a sós com ela, que também ensina na Make Up For Ever Academy; confira abaixo a entrevista na íntegra:
Qual é a história da marca? Como você migrou da pintura e escultura para a maquiagem?
A marca nasceu bem pequena em Paris, em 1984. Na época, já era uma aventura inacreditável porque a Make Up For Ever, na verdade, era destinada para mim mesma, que fazia alguns produtos para serem usados, unicamente, no mundo profissional, do qual eu fazia parte, como no teatro e no cinema.
A primeira loja foi aberta na rua Boétie [também em 1984] e lá havia apenas itens profissionais, nada para o público. Depois, pouco a pouco, eu aprendi eu mesma a maquiar de forma autodidata, aprendi bem rápido porque era pintora, o que, na realidade, é a mesma coisa, exceto que na pintura não utilizamos produtos cosméticos.
Bases, corretivos e blushes disponíveis para teste no evento da Make Up For Ever em São Paulo ©Ricardo Toscani/FFW
Por que o nome em inglês, já que a Make Up For Ever é francesa?
Esta é uma ótima pergunta. Agora é uma vantagem ter um nome mais “americanizado”, mas no começo, na década de 1980, época bastante artística na França, com comédias musicais e a revolução cultural, os maquiadores queriam se denominar mais artística e internacionalmente, e começaram a se chamar “make-up artists”. Era mais moderno e eu fazia parte dessa comunidade, era muito jovem, e queria que o nome da marca fosse também moderno e tivesse a palavra Make-up. Queria uma palavra francesa para colocar depois [de Make-up], mas era muito difícil, nada soava bem.
Os franceses não falavam muito bem inglês, procuramos uma palavra fácil, até um pouco filosófica, e nos deparamos com a palavra “forever”, com um sotaque francês “forevér”, e todos disseram: “É genial. É simbólico, romântico”.
Eu descobri que foi muito bem feito: quando a marca começou a atravessar fronteiras com meus maquiadores estrangeiros que viajavam, todos conseguiam pronunciar o nome, mesmo na China, na Coreia do Sul e no Japão. Mas, claro, desde o início, há muita dúvida quanto à procedência da marca quando vou apresentar os produtos: “Você é americana? Canadense?”.
Sombras compactas disponíveis para teste no evento da Make Up For Ever em São Paulo ©Ricardo Toscani/FFW
Você sempre comenta a ligação da Make Up For Ever com as artes; já pensou em realizar uma parceria da marca com designers de moda ou músicos?
Já fizemos várias colaborações porque sou rodeada por artistas, sejam eles pintores, designers de moda ou músicos. A imagem da Make Up For Ever é frequentemente associada a vários artistas, mas não de maneira definitiva, fechada. Primeiro porque a marca é muito eclética; até as maquiagens de desfiles da Louis Vuitton e da Dior são, às vezes, feitas com produtos da Make Up For Ever, então nos unirmos de modo visível com alguém seria mal interpretado pelos outros e eu prefiro esse lado de colaborações amigáveis, não definitivas.
Você ainda vive em Paris? Os produtos da Make Up For Ever são produzidos na França?
Sim, ainda vivo. 80% dos produtos são produzidos na França. O restante é feito em outros países da Europa, como na Itália, Bélgica e Alemanha. Apenas um item, voltado para o bronzeado, é feito no Japão.
Dany Sanz, fundadora da Make Up For Ever, realiza demonstração de maquiagem em São Paulo
O que mudou na Make Up For Ever desde que a marca foi vendida para a LVMH?
Já faz anos, mas não houve muitas mudanças. O poder do grupo, sobretudo, nos permitiu estar presente na Sephora, o que não é fácil. E ter mais funcionários. Não houve muitas mudanças, primeiro, porque eu ainda estou lá, o que é completamente inabitual em uma marca que foi vendida.
Mas você ainda tem parte da Make Up For Ever?
Não, hoje sou assalariada. A LVMH mantém a bivalência profissional e comercial, e uma comunicação voltada aos profissionais. Isso me convém, porque sou bastante próxima da comunidade profissional.