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    Argentina
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    POR Redação

    Plaza de la República ao fundo e as avenidas Corrientes e 9 de Julio, em Buenos Aires ©Reprodução

    Enquanto o Brasil vive um momento extraordinariamente positivo para o comércio de bens de luxo, com recentes aberturas de lojas de marcas como Chanel, Bottega Veneta, Hermès e Prada, a Argentina passa por um período de crise no setor, que culminou com a saída de Yves Saint Laurent, Escada e Calvin Klein do país. Em meados de julho e no início de agosto, Cartier e Ralph Lauren também anunciaram o fechamento de seus espaços localizados em Buenos Aires.

    De acordo com matéria publicada no “Financial Times”, no entanto, representantes da Ralph Lauren afirmaram que o fechamento das três lojas da marca americana, localizadas em Buenos Aires, será apenas temporário e que a medida ocorre em virtude das dificuldades em importar os produtos que, confeccionados no exterior, esbarram na decisão do governo argentino de restringir a entrada de mercadorias estrangeiras. Apesar das críticas de membros da Organização Mundial do Comércio (OMC), a política adotada por Cristina Kirchner tem o objetivo de resguardar a indústria e a economia locais.

    A Ermenegildo Zegna, que fechou por dois meses uma de suas lojas em Buenos Aires por falta de estoque, encontrou uma solução para driblar as restrições adotadas pelo governo local: a marca italiana firmou um acordo com uma produtora de lã da cidade de Trelew, na Patagônia, para facilitar a exportação dos produtos da mesma para Itália e Suíça; com a “parceria”, a Ermenegildo Zegna compensa o número de suas próprias importações e pode adquirir mercadoria para abastecer o mercado argentino. Tal medida tem sido incentivada e até a montadora alemã BMW, que passou por um embargo de oito meses, decidiu exportar arroz e couro locais para equilibrar sua balança comercial.

    Já para a Cartier parece mais vantajoso simplesmente encerrar as atividades na Argentina. A marca de joias francesa anunciou que no dia 31 de outubro fechará a loja que possui em Buenos Aires, e assim como Yves Saint Laurent, Escada e Calvin Klein, não tem previsão de reabertura no país. O que de fato o governo de Kirchner gostaria não é somente que as marcas estrangeiras compensem suas importações com exportações de produtos nacionais, mas que elas produzam em território argentino, o que nem sempre é uma opção viável ou mesmo vantajosa do ponto de vista financeiro.

    A limitação da importação de produtos confeccionados no exterior, no entanto, não é o único empecilho para as marcas de luxo se estabelecerem (e lucrarem) na Argentina. De acordo com o “Financial Times”, as altas tarifas e a inflação estimada anualmente em 25% tornam caríssimas as mercadorias importadas. Como se não bastasse, o Instituto Nacional de Estadísticas y Censos (Indec) revelou que o índice de ocupação hoteleira sofreu uma queda de 8,2% nos cinco primeiros meses de 2012 (em comparação com os dados do mesmo período do ano anterior). Além da diminuição do número de turistas estrangeiros, caíram também em 7,5% seus gastos no país.

    Inúmeros fatores distinguem a situação da Argentina e do Brasil em relação ao comércio de bens de luxo, não apenas a política de importação. Por mais que os dois países tenham em comum os altos impostos, esse mercado cresceu nacionalmente de US$ 5,2 bilhões (R$ 10,54 bilhões), em 2007, para US$ 7,2 bilhões (R$ 14,6 bilhões) em 2011, ainda segundo o “Financial Times”. O número de novos milionários brasileiros surgidos nos últimos 10 anos também tem catapultado o setor que, de acordo com a agência Euromonitor International, deve lucrar mais US$ 3 bilhões (R$ 6 bilhões) até 2014.

    A conclusão que o “Financial Times” tira é bastante simples: Argentina e Brasil, tão perto geograficamente, mas tão distante financeiramente. O jornal americano ainda finaliza afirmando que o modelo político de importação adotado nacionalmente é um bom exemplo para nossos vizinhos.

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