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    POR Camila Yahn

    Tadashi Yanai, fundador da Uniqlo ©Reprodução

    A história da Uniqlo e a visão de seu fundador rendem um livro. Um aperitivo dessa história foi publicado no site do “The Wall Street Journal“, que fez uma entrevista por conferência com Tadashi Yanai, fundador da marca e o homem mais rico do Japão.

    De cara, diz que entre seus objetivos está o de transformar a Uniqlo na maior varejista do mundo. E ele está quase lá. Além de oferecer itens básicos em uma infinidade de cores a preços acessíveis, a empresa também está engajada na descoberta de novos materiais. O Heattech, que é gerador de calor, foi desenvolvido com a mesma empresa que fornece fibra de carbono para o Boeing 787. E tem também o Airism, um tecido fresco que, segundo o próprio Yanai, é o “must buy” número um para o verão.

    A empresa se prepara para tomar os Estados Unidos. Sua loja na 5ª avenida, em Nova York, é a segunda maior do mundo. E neste semestre São Francisco e Nova Jersey ganham grandes unidades da Uniqlo, com cerca de três andares. O CEO da empresa nos EUA, Shin Odake, soltou que eles planejam operar seu e-commerce global a partir da América e que o inglês é a língua oficial da Uniqlo, que planeja abrir de 20 a 30 lojas por ano nos EUA e bater a Gap na oferta de itens básicos a preços amigos para o público americano.

    Entrada da loja da 5ª Avenida, em Nova York, a segunda maior da empresa no mundo ©Reprodução

    O jornal questiona se uma marca japonesa de estética minimalista pode se tornar uma força do varejo. Yanai acha que sim, dizendo que não vê diferença entre os consumidores de Manhattan e de Milwaukee. Ele ainda cita como exemplo o empresário Steve Jobs, cujo maior talento era transformar o simples em chique. Cada vez menos Tadashi identifica a Uniqlo com outra empresa de varejo. Ele está mais para o império high-tech de Jobs, numa constante busca por inovação.

    O diretor criativo da marca, Naoki Takizawa, que já passou pela Issey Miyake, relembra seu primeiro encontro com o empresário. “Ele me falou que não queria um estilista que segmentasse seu consumidor e que eu deveria colocar minha competência para atingir um público de massa”, conta. “Pediu para eu pensar no iPhone, que não foi feito para um público em questão, mas tinha a ver com a criação de um produto perfeito. É para qualquer um, é uma marca eficaz e de confiança e era para eu agir da mesma forma com as roupas”. Tanto que o slogan da Uniqlo é: “made for all”.

    O formato está dando certo, especialmente neste período de recessão nos EUA. “Há poucas categorias de peças que as mulheres topam pagar caro hoje em dia”, diz Janet Kloppenburg, analista de varejo. “É a bolsa do momento, o jeans que mais veste bem do mercado, os Jimmy Shoes e Louboutins. Ninguém quer pagar alto por peças básicas”.

    Tudo é criado no Japão e passado para as unidades ao redor do mundo, desde a maneira como os vendedores devem falar com o cliente até a forma de entregar o cartão de crédito (com as duas mãos). Os gerentes de cada loja são levados ao Japão para meses de treinamento. “A Uniqlo trata clientes com pouco dinheiro para gastar de uma forma que eles não estão acostumados”, diz Kloppenburg.

    Oferta de cores é uma das ferramentas mais bem sucedidas da Uniqlo ©Reprodução

    A primeira Uniqlo foi aberta em Hiroshima em 1984, oriunda de um negócio de família que existe desde 1949. Expandindo ao longo da década seguinte, Yanai abre lojas pelo Japão até chegar ao bairro descolado de Harajuku em 1998, com uma loja flagship. Pouco tempo depois, a empresa lança o produto que transformaria a marca em um nome familiar: uma jaqueta de fleece de US$ 20, produzida em todas as cores do arco-íris.

    A partir daí, o fleece deixa de ser um tecido caro e tecnológico usado por escaladores e esquiadores para ser usado na rua, no trabalho, na faculdade, em casa… Só no ano 2000, a Uniqlo vendeu 26 milhões de peças no Japão e deu a Yanai o gosto de deixar sua marca em toda uma sociedade.

    Em meados dos anos 90, quando a grife ainda não tinha muita importância, o empresário já escrevia planos detalhados de expansão global, até que no início dos anos 2000, ele virou seu foco para a Europa e o Oriente. Em 2005, a Uniqlo chega aos EUA, com três pequenos espaços em shoppings de Nova Jersey. Mas a performance das lojas foi muito pobre e elas acabaram sendo fechadas. “Você não tem como ser bem sucedido com uma roupa casual quando sua marca não é reconhecida e ainda dentro de um espaço pequeno e ordinário”, diz Odake.

    Um ano mais tarde, Yanai estava de volta, desta vez com uma loja de mais de 3 mil m² no SoHo. Em poucos anos mais duas lojas apareceram em NY (na 34ª e na 5ª avenida), com o dobro e o triplo do tamanho da primeira. O fundador da Uniqlo é também dono da Fast Retailing Co. Ltd, que tem em seu guarda-chuva marcas de design que estão cada vez mais caindo nas graças do público que acompanha moda: Theory, Helmut Lang e as francesas Comptoir des Cotonniers e Princesse Tam Tam.

    Djokovic, um dos três melhores tenistas do mundo, é embaixador da Uniqlo ©Reprodução

    Na semana passada, quem acompanhou a final do US Open de tênis não tinha como não notar o logo da Uniqlo na camiseta de Djokovic, jogador sérvio campeão do mundo, que foi anunciado embaixador da marca. Ao contrário de outros esportistas, que são patrocinados por marcas de esportes, como Adidas e Nike, Djokovic usa roupas da empresa japonesa, atraindo o tipo de visibilidade que Yanai tanto quer: enquanto a Uniqlo ainda briga para ser a número um, Djokovic já atingiu o primeiro lugar.

    Em tempo: em 2011, o jornal “Folha de S.Paulo” noticiou que a empresa poderia abrir uma loja na avenida Paulista, em São Paulo. Desde então, outras notícias surgiram, mas ainda não há uma confirmação oficial da entrada da marca no Brasil.

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