FFW
newsletter
RECEBA NOSSO CONTEÚDO DIRETO NO SEU EMAIL

    Não, obrigado
    Aceitando você concorda com os termos de uso e nossa política de privacidade
    Estudo de caso: conheça os bastidores de um e-commerce de sucesso
    Estudo de caso: conheça os bastidores de um e-commerce de sucesso
    POR Camila Yahn

    Helena Linhares e André Beisert em frente ao quadro de inspirações nos escritórios do olook ©Ricardo Toscani/FFW

    Há menos de um ano, o empresário André Beisert, 32, e a stylist dona da extinta Pelu, Helena Linhares, 34, lançaram o site olook, uma plataforma de e-commerce com a proposta de apresentar a moda de uma forma democrática – “levar um fast fashion e um produto bacana com preço acessível para o maior número de pessoas”, segundo explicou Helena ao FFW durante o evento oficial de lançamento, em março deste ano.

    Hoje, o olook oferece consultoria de moda adequada ao perfil de cada compradora, permite comprar por ocasião e ainda interagir com as vitrines dos contatos das usuárias. Com uma coleção nova a cada mês, Helena comanda toda a equipe de estilo, desde o acompanhamento da produção dos sapatos nas fábricas no Rio Grande do Sul – para onde viaja uma vez por semana -, até a curadoria dos acessórios, comprados por meio de artesãos locais e fornecedores próprios. Para entender melhor que tipos de estrutura e investimento são necessários para montar uma loja online, o FFW foi visitar os escritórios do olook, onde conversou com André e Helena.

    Vitrine criada pelo site com curadoria de Helena ©Reprodução

    Como surgiu a ideia de abrir um site de moda?

    André: A ideia para o site surgiu em junho do ano passado, quando houve um momento de transição na minha vida profissional e na do Peter [Ostroske], que é o outro co-fundador. Ele estava vindo dos Estados Unidos para o Brasil e eu estava saindo da Dafiti, de onde eu fui um dos fundadores. Nos conhecemos por meio da Monashees, um fundo de investimento, e  pensamos que o setor de e-commerce faria mais sentido para entrar, e moda estava crescendo muito. Nesse setor tinha muitos modelos de negócio que não existiam no Brasil. Tinha a Dafiti, que é um super mercadão, com todas as marcas e todos os preços, mas não tinha nada personalizado e adaptado aos diferentes jeitos que as mulheres compram. Não tinha nenhuma marca muito forte online. Depois também por meio da Monashees fomos apresentados à Helena e, enfim, foi um casamento perfeito. Eu tinha um pouco de experiência em moda, o Peter tinha um pouco de experiência com roupa e acessórios, mas ninguém era da moda. Então a Helena se tornou uma das nossas sócias e desde então estamos juntos.

    Helena: E eu em maio do ano passado resolvi fechar a Pelu, que foi a minha loja durante oito anos, a minha marca. Saí, tirei um semestre sabático, fui viajar, fazer mudança de ciclos e quando eu estava na Europa, comecei a navegar muito, a passar muito tempo na internet, e é muito interessante porque com a vida corrida que eu tinha não tinha tempo de navegar. Decidi que queria trabalhar online, relacionado com moda, claro, que é a minha área. Quando voltei para o Brasil, já decidida que queria internet, fui apresentada ao André. Quando cheguei, o modelo do negócio já estava super estruturado, mas tinha tudo a ver com o que eu queria. É poder levar moda, com a minha experiência, para um público muito maior, um trabalho mais democrático.

    Como fazem a curadoria dos produtos? Onde eles são produzidos?

    Helena: Os sapatos são produzidos todos no Brasil, no Rio Grande do Sul. As bolsas são feitas 90% na China e o resto no Brasil também. Os acessórios são daqui, e as echarpes, por exemplo, são da Índia. Existe um time de moda, que desenvolve os sapatos, e vamos todo mês para o sul, onde ficamos uma semana, visitando as fábricas. Com as bolsas, no início foi um trabalho de curadoria, vendo dentro das possibilidades, o que tinha a ver com a nossa coleção. Mas agora estamos desenvolvendo a nossa própria coleção de bolsas na China. Nos acessórios trabalhamos muito com artesãos, que desenvolvem as peças, e com fornecedores com peças prontas.

    Alguns sapatos disponíveis no olook ©Ricardo Toscani/FFW

    Quem está cadastrado no site tem uma vitrine personalizada, que é enviada para o usuário por e-mail todas as semanas. Como ela é feita?

    André: Tem duas partes para o desenvolvimento da vitrine: uma parte de TI, que desenvolve o algoritmo de recomendação – com os filtros das perguntas no início sabemos qual o perfil da cliente para podermos recomendar produtos; e uma parte qualitativa, onde entra a Helena e a equipe dela, que pegam esse resultado do algoritmo e pensam nas coleções que vamos desenvolver para esses perfis.

    O que vocês consideram como o grande diferencial do site?

    André: Nós fazemos uma coisa personalizada. Conforme a pessoa vai interagindo com o site, entrando e comprando, a gente a conhece melhor. Ela pode entrar sendo um perfil A e à medida que vai navegando, ela pode virar um perfil C. As mulheres não têm só um perfil, têm vários perfis, que variam muito. (risos) Aquilo que você gosta depende do seu humor, da sua vontade, da ocasião… Vamos chegar em um momento em que todas as suas ações no Facebook vão influenciar o seu perfil no site.

    Helena: Acaba juntando uma coisa matemática, que é esse algoritmo, com uma coisa mais criativa de desenvolvimento de coleção. Agora tem uma novidade que não existia no início, que é a compra por ocasiões. Muitas vezes vamos atrás de uma coisa específica. Então você pode filtrar por ocasião, que pode ser trabalho, festa ou outras. E você pode também ver a vitrine das suas amigas. Essa dinâmica da interação é muito importante para nós, é um diferencial. Se você pegar outros sites, eles têm uma coisa mais dura, você vai lá e compra. No olook é mais tipo passear no shopping. A nossa proposta é ter uma experiência divertida de compra pela internet.

    Qual é o investimento inicial para construir um site como o olook?

    André: É um investimento grande. Porque não somos só um site, somos uma marca. Nós investimos muito na plataforma, que é toda desenvolvida por nós. Existem soluções no mercado em que você compra o “admin” e joga a frente do seu site só, mas nós escolhemos fazer tudo do zero porque permite uma flexibilidade muito maior. Então tem investimento na plataforma, na marca e no estoque, não é fácil. Mas conseguimos contando com os investidores profissionais como a Monashees. Agora vamos entrar em uma segunda rodada, de investimento estrangeiro, que reforça o sucesso que temos tido em menos de um ano. O nosso faturamento em julho foi onze vezes maior do que foi em dezembro, quando lançamos. E comparado com os primeiros meses de outros sites, dezembro foi um mês ótimo! Estamos com um ritmo muito grande de crescimento.

    É muito diferente ter um e-commerce sem loja física?  

    Helena: Quando você tem uma loja física e vai para o e-commerce, você já vai com um know-how físico. O time está habituado a trabalhar de uma forma física. Em loja online é diferente, tem outra dinâmica, muito distinta. Eu já tive a experiência de ter a loja física, e a relação com a internet é completamente diferente. É tudo muito rápido e a equipe precisa estar muito focada, porque amanhã já foi ontem. Exige uma dinâmica de pessoas concentradas e dispostas a trabalhar a essa velocidade.

    As entregas são bem rápidas; como conseguem?

    André: Temos um estoque próprio. Tem alguns modelos de e-commerce de moda que não têm estoque e demora muito para entregar. Não é uma crítica, é apenas um modelo diferente. Nós não, temos estoque de tudo o que vendemos. Se está no site, tem em estoque. Então processamos todos os pedidos ou no próprio dia ou no máximo um dia depois. Depois é só o tempo das transportadoras.

    Bolsas do olook ©Ricardo Toscani/FFW

    E como conseguem ter esses preços?

    André: Considerando que nós temos um nível de serviço alto, a qualidade do produto é alta e o design é atual, a única forma de conseguir ter estes preços é tendo uma marca própria. É o único jeito. Não só compramos diretamente do fabricante como vamos até ao curtume às vezes! (risos) Comprando o sapato pronto de um terceiro nunca conseguiríamos ter o preço que temos. A cadeia de produção começa lá na base.

    Helena: Abrimos agora um pouco os preços para R$ 149 e R$ 179. E é uma coisa curiosa porque alguns dos modelos de site que estavam fazendo sucesso no exterior praticavam um preço só. Mas começamos a ver que seria impossível vender peças de vários estilos pelo mesmo preço, não funciona. Começamos com esses três preços, mas com o inverno, não tinha como oferecer uma bota boa por R$ 129.  O preço que temos agora de R$ 179, já é um preço muito bom, porque a qualidade das botas é comparada a botas que custam R$ 300 ou R$ 400. A variação dos preços para nós permite abrir o escopo dos produtos oferecidos. Dá uma elasticidade ao nível de produtos. Não podemos vender uma sapatilha ao mesmo preço de uma meia-pata, por exemplo.

    O site vai ter outras marcas?

    André: Nós temos essa possibilidade, não tem nenhuma rigidez. O que fizemos agora foi uma parceria com o André Lima e com a Didi Wagner. Parcerias como essa nos interessam porque trazem conhecimento para desenvolver pedaços da coleção. O nosso objetivo é oferecer qualidade, design e serviço ao melhor preço. Além disso, temos um plano de introduzir novas categorias este ano. Ainda não posso revelar o que é, mas uma dessas categorias vem já agora no verão.

    É moda praia? Biquíni?

    André: Não sei. (risos) Não é têxtil ainda, embora roupa esteja no nosso target também, para o ano que vem. Afinal de contas o nome do site é olook, então tem que compor o look inteiro. Embora a Helena já tenha falado que o acessório faz o look! (risos)

    Helena: É, mas o Brasil é muito grande e temos muito espaço para crescer no mercado. Principalmente porque a cliente já está mais segura de fazer compras online e isso é uma grande mudança. E nós oferecemos muitos serviços que garantem essa segurança, no quesito de troca e devolução do dinheiro caso não goste. São serviços que nós vamos oferecendo para que as pessoas ganhem ainda mais confiança em comprar online.

    Não deixe de ver
    A Chanel ainda vale o preço que cobra?
    Chinesa Temu chega ao Brasil em 2024
    Inditex, dona da Zara, lança marca para competir com a Shein
    Usher como modelo da Skims, o novo diretor criativo da GAP, vendas da Kering em queda e mais!
    Arezzo e Grupo Soma confirmam fusão para formar empresa de R$ 12 bilhões
    Arezzo e Grupo Soma se preparam para uma possível fusão
    Ação judicial entre a Chanel e a WGACA tem início em NY
    O que o sucesso do Ssense tem a ensinar para os e-commerces de moda?
    Farfetch é comprada pela sulcoreana Coupang
    O consumo de fast fashion no Brasil
    FFW