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    Jovens empreendedores: a marca de alpargatas nascida de um projeto que deu errado
    Jovens empreendedores: a marca de alpargatas nascida de um projeto que deu errado
    POR Camila Yahn

    Gabriela Lemos Giovannini e Rodrigo Casas, os criadores da Perky Shoes ©Divulgação

    A Perky Shoes é uma marca de alpargatas que nasceu de uma história de amor entre o argentino Rodrigo Casas, 31, e a gaúcha Gabriela Lemos Giovannini, 24. Rodrigo conheceu a sua namorada e agora sócia em Buenos Aires, quando ela foi passar férias com algumas amigas. Alguns encontros mais tarde e ele estava de malas e bagagens para se mudar para Porto Alegre, terra natal de Gabriela. “Eu fui com uma mala só, para ficar alguns dias, e acabei ficando um monte! (risos)”, explica Rodrigo.

    A Perky é fabricada com materiais 100% brasileiros e começou de um negócio que deu errado. Hoje, ela é vendida em mais de nove estados brasileiros e recebe propostas quase diárias para venda em outros países. Além das tradicionais alpargatas, a marca tem outros modelos de sapatos como oxfords e loafers, uma linha infantil, a PerKyds, mochilas, e sapatos feitos de forma completamente ecológica. O preço de cada alpargata ronda os R$ 100 no e-commerce próprio ou em lojas multimarcas espalhadas pelo país.

    Modelos de alpargatas da Perky Shoes ©Reprodução

    O FFW foi conhecer os fundadores da Perky Shoes, que contaram um pouco da sua história. Confira abaixo a entrevista completa:

    Como surgiu a Perky Shoes?

    Rodrigo: Quando me mudei para o Brasil, comecei a pensar com o que eu poderia trabalhar, e como o real estava bem forte em relação ao peso e eu tinha uns contatos na Argentina, pensei que poderia ser interessante trazer uma marca de lá para cá. Uma das vezes que fomos lá, vi uma alpargata da Paez e pensei que poderia dar certo no Brasil por conta do clima e do ar descontraído do sapato. Entramos em contato com a marca, mas acabou não dando certo.

    Por quê?

    Gabriela: Era tudo complicado, os pedidos não vinham certos, não estava resultando. Nesse meio tempo, pensamos em pedir o licenciamento e produzir. Achamos uma fábrica que se interessou e produziu alguns modelos, mas eles eram confusos e desistimos do projeto, mesmo depois de termos investido algum dinheiro nisso. Quando fomos falar com a fábrica que tinha feito os protótipos da Paez para dizer que o projeto não tinha dado certo, o dono da fábrica nos encorajou a fazer a nossa própria marca. Nós ficamos pensando nisso. Falamos com alguns amigos e fomos a lojas de surf lá em Porto Alegre para saber o que as pessoas achavam e todo mundo achou uma boa ideia. Isto era setembro de 2011, e os primeiros pares de Perky chegaram para venda nas lojas em dezembro. Foi bem rápido!

    Os Perky Shoes em produção ©Divulgação

    Como foi a experiência da primeira coleção?

    Gabriela: Foi bem corrido e vendíamos de loja em loja, na cara de pau. E conseguimos também vender para os representantes da Converse, da linha premium, que adoraram a ideia. Mas ainda hoje a gente vai de loja em loja se for preciso!

    Rodrigo: No início, a gente ia com um carrinho para o shopping com os protótipos bater na porta das lojas.

    Como escolheram o nome?

    Gabriela: Nós pensamos em vários nomes, coisas relacionadas com o universo das alpargatas, dos marinheiros, enfim, milhões. Mas é muito burocrático este processo! Alguns não foram para frente porque já tinha um nome parecido ou alguma marca já fez uma linha com esse nome. Então começamos a procurar palavras que tivessem um significado em outras línguas, e eu achei a palavra Perky, que quer dizer ousado, mas que não é muito comum.

    E quantas pessoas trabalham com vocês agora?

    Gabriela: No escritório hoje são seis pessoas que trabalham conosco, na parte de marketing, criação, pedidos e controle gerencial, e na fábrica temos mais ou menos 100 pessoas, que não trabalham só a nossa marca.

    Quando sentiram que a marca estava ganhando visibilidade?

    Rodrigo: No Verão do ano passado. Como uma marca pequena, nós vendíamos mil pares por mês. No fim do ano, em novembro, tivemos pedidos de 45 mil. Para nós foi um problema (risos), porque as fábricas até costumam fechar em novembro para férias. No fim conseguimos entregar tudo e algumas lojas falaram que tinham se arrependido de não ter pedido mais pares.

    Gabriela: E no Sul, as pessoas ficavam chocadas quando falávamos que nós eramos os donos da Perky. Tinha gente que achava que era gringa! E hoje em dia, tem gente que acha que nós somos milionários. (risos)

    Quanto foi o investimento inicial na marca?

    Rodrigo: Nós não tínhamos o dinheiro necessário para tudo, claro. A Gabriela tinha um apartamento que nós hipotecamos. No total, acho que o investimento foi de uns R$ 500 mil. Cada matriz [molde da sola para cada sapato] custa aproximadamente uns R$ 1.000 e nós temos matrizes do 18 ao 44. Aí a matriz da botinha é diferente e temos a mesma numeração. Hoje em dia, o que representa bastante das nossas contas são os empréstimos, que ainda não estão pagos, mas mês a mês estamos indo.

    O resultado da parceria com a designer Juliana Jabour ©Reprodução

    Vocês já fizeram parcerias com a Reserva, Juliana Jabour e Daslu; como elas surgiram?

    Rodrigo: Nós falamos com a Juliana Jabour para assinar uma linha e foi ótimo porque foi muito divulgado. Ela foi muito simpática, conhecia a marca e tudo e aceitou na hora. Mas fomos nós que corremos atrás, mandamos um e-mail, ela respondeu e fizemos três modelos.

    Gabriela: Outra parceria que foi muito legal foi a Daslu, que também teve muita divulgação, teve muito retorno e vamos repetir este ano. Essa parceria foi através dos nossos representantes de São Paulo. Com a Reserva fizemos Reserva Mini, no verão do ano passado, Reserva adulto, e agora já estamos desenvolvendo outra coleção Mini. E fazemos com algumas marcas do Sul também. O legal das parcerias que fizemos é isso, todas voltaram, é um trabalho contínuo.

    A campanha da Perky é toda em volta do conceito de viver mais leve. Como ela foi desenvolvida?

    Gabriela: Quando olhamos para o produto ele tem essa característica, de ser colorido, leve, com alguma informação de moda, mas sem ser afetado demais. É um produto acessível a todo o mundo, não só pelo preço, mas pelo design também.

    Como vocês pensam em novos produtos?

    É meio sentindo o que o mercado pede. Sempre tentamos lançar produtos que tenham a ver com a marca.

    “A vida pode ser mais leve”, a assinatura da marca ©Reprodução

    Vocês lançaram agora uma linha ecológica…

    Rodrigo: Sim, chama-se EcoPerky. Lançamos porque tínhamos muitas pessoas que não usam couro, e a nossa palmilha é de couro. No início, dávamos a possibilidade de trocar a palmilha por uma de tecido, mas vimos aí uma oportunidade de fazer uma coisa mais legal. Então nessa linha os tecidos são todos ecológicos, de algodão recuperado misturado com garrafa Pet. É um pouco mais cara porque a matéria-prima é mais cara e os materiais são diferenciados. A sola, por exemplo, tem 80% de cortiça.

    Gabriela: Dessa linha surgiram dois projetos de responsabilidade social. Vamos lançar um site que chama Reciclopédia, que vai ser um grande guia de pontos de reciclagem no país. E é uma coisa colaborativa, qualquer pessoa pode se cadastrar e falar onde tem pontos que reciclam e o quê. E estamos reformando as caixinhas dos sapatos que se você recortar, faz um porta copos ou um jogo de memória para as crianças, para não jogar a caixinha fora.

    Quais são os próximos passos para a marca?

    Rodrigo: Queremos exportar e queremos ser a marca de alpargatas referência no Brasil. Talvez mais tarde a gente pense em ter loja própria ou franquias, porque tem muita gente que fala que quer abrir loja da Perky, até lá fora.

    Gabriela: E temos um projeto bem legal para a coleção de Inverno também. Lá no Sul, em São Borja, que é uma cidade quase na Argentina, existe uma cooperativa de senhoras que trabalham com lã, que se chama Cooperativa Lã Pura. Elas fazem o fio no tear, tingem, bordam, enfim, um monte de coisa. E nós vamos desenvolver uma linha com elas, o trabalho delas é muito artesanal e muito bonito. É uma forma de apresentar o Sul ao resto do país.

    + Conheça aqui outras histórias de sucesso da nossa série de reportagens Jovens Empreendedores

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