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    Net-a-Porter volta a vender marcas brasileiras e deve aumentar portfólio
    Net-a-Porter volta a vender marcas brasileiras e deve aumentar portfólio
    POR Redação
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    Maria Williams, compradora de lingerie e moda praia do Net-a-Porter, no desfile de Adriana Degreas no SPFW ©Agência Fotosite

    O Net-a-Porter, um dos maiores e-commerces de luxo do mundo, volta a olhar para o Brasil. O foco não é vender para cá, mas selecionar estilistas brasileiros para o portfólio da loja online. O primeiro resultado palpável é que entre junho e julho já estarão à venda peças das marcas de moda praia Adriana Degreas e Vix Paula Hermanny, conforme contou ao FFW Maria Williams, compradora sênior de lingerie e moda praia do Net-a-Porter. Ela adiantou que a intenção é que mais grifes brasileiras passem a fazer parte do site.

    No mês passado, foi anunciada a fusão do Net-a-Porter com o Yoox, e-commerce italiano multimarcas que vende para mais de cem países, em uma transação bilionária. A expectativa do setor é que a fusão dê novo fôlego ao site.

    Esta não será a primeira vez que o Net-a-Porter tem estilistas brasileiros em seu portfólio. Alexandre Birman e Clube Bossa já fizeram parte, mas a parceria acabou não tendo continuidade.

    Maria veio ao Brasil para o SPFW Verão 2016 e acompanhou a semana de moda inteira. Agora, ela prepara um relatório que será entregue aos compradores de outras áreas com o que viu por aqui. Confira a entrevista concedida ao FFW.

    No seu trabalho no SPFW, você focou exclusivamente em moda praia?

    Quando os compradores são enviados para cobrir uma semana de moda, apesar de suas especialidades, eles investigam o mercado e reportam tudo que viram e que acharam interessante, e repassam para o comprador do setor específico, que dá continuidade. Alguns anos atrás, por exemplo, eu estava em Sidney, e lá tem mais ready-to-wear do que moda praia. Como resultado, tivemos um novo estilista de lá que eu, num senso profissional, apresentei. Como cubro duas áreas tão específicas [lingerie e moda praia], meu conhecimento de ready-to-wear, calçados ou joias é limitado. O que eu sei aprendi olhando sites e fazendo parte do negócio, mas eu não viria aqui e escolheria uma marca para o departamento de outra pessoa. Nós todos somos responsáveis por aquilo individualmente. Então, esta é uma viagem mais investigativa, para entender o mercado, ver quais são os estilistas mais conhecidos, entender um pouco da sazonalidade, se as coleções se diferenciam demais de Outono/Inverno para Primavera/Verão, o que podemos esperar em termos de tamanho da coleção, e entender em que estilo as coleções se encaixam.

    Pelo que você viu, a moda brasileira é mais arquitetônica, mais romântica…

    Vi coleções que são mais minimalistas, como a da Uma, outras mais românticas, como algumas peças da Lolitta — tinha um vestido que eu absolutamente amei que parecia patchwork em tons de nude com franjas — vi a Gig Couture, que achei incrível, a riqueza, as texturas, as estampas, e é super dentro das tendências, todos estão apaixonados pelos anos 1970 no momento, esse foi um desfile realmente empolgante de ver, eu adorei.

    É difícil falar em um estilo único para a moda brasileira. Temos marcas super-românticas, outras minimalistas e outras arquitetônicas. Você acha que isso pode ser um problema para vender fora do país?

    De jeito nenhum. Toda mulher é várias coisas diferentes, e é isso que a torna tão fascinante, especialmente em termos de moda. Quando você olha para a moda masculina, você vai numa loja e tem chino, jeans, camisa, camiseta, suéter e cardigã — muito chato. As mulheres são seres emocionais e quando fazemos compras é algo emocional. Todo dia queremos algo um pouquinho diferente. Então, apesar de termos um estilo pessoal, vai ter ocasiões em que queremos ser mais românticas, ou mais coloridas. Tanto em Nova York, Paris ou Milão, todos os estilistas têm sua própria assinatura, não estão fazendo a mesma coisa. Pode haver tendências similares, mas acho que é superimportante a diversidade. E isso é o que se espera de um país tão grande quanto o Brasil, com tanta gente. Seria horrível ver 25 coleções que fossem exatamente a mesma coisa.

    O Net-a-Porter compra algo de estilistas brasileiros?

    Estou selecionando algumas peças de moda praia, mas em termos de ready-to-wear não. Já vendemos Alexandre Birman. Eu acho que é realmente importante para um website global, que fala para milhares de consumidoras, garantir que haja uma diversidade de estilistas.

    Então vocês já estão comprando moda praia brasileira?

    Sim, estou comprando [Adriana] Degreas e Vix. Costumávamos comprar Clube Bossa. Compramos por algumas estações. Inicialmente foi muito, muito bem. Depois a coleção não vendeu tanto porque você não quer comprar uma mesma silhueta repetidas vezes; acho que a consumidora já tinha visto aquilo e não respondeu mais tão bem. Temos um mix de estilistas variado: temos estilistas australianos, americanos, italianos, franceses, um da Romênia, espanhóis. Então, seria bom acrescentar alguns estilistas brasileiros, especialmente na moda praia, porque a moda praia que se faz aqui é muito forte.

    Quando vocês começaram a vender?

    Será lançado em breve. Estará à venda em junho, julho.

    E a sua ideia é aumentar o mix de moda praia do Brasil?

    Sim.

    Como você vê a moda praia brasileira?

    Eu entendo que a moda praia é uma parte muito importante da cultura daqui e que muitas de vocês têm mais biquínis do que muitas pessoas têm sapatos, e que se vocês forem sair para descansar por dez dias vocês levarão 20 biquínis e talvez mais algumas peças. E também looks totais, vocês têm saídas de praia. É algo que é levado muito a sério. E tem algo sobre o shape também, porque se eu for para a praia aqui com os meus biquínis vocês vão rir da minha cara. Eu acho que os estilistas estão muito bem posicionados para entender a importância das coleções, e que eles realmente trabalharam o entorno com as saídas de praia, como na Lenny [Niemeyer] e em todas as coleções que vi aqui. Talvez em outros países você não tenha esse lifestyle de praia para que as pessoas entendam [a moda praia brasileira].

    Sobre a fusão com o Yoox, vai resultar em alguma mudança na sua rotina de trabalho?

    É negócio como sempre. Eu acho que a parte empolgante sobre a fusão é que isso vai nos colocar em uma posição que teremos 11% do mercado de luxo. O Yoox faz coisas incrivelmente bem, e a fusão nos coloca em vantagem no jogo. O papel da tecnologia é tão importante no mundo online. É o mesmo que ter um prédio, todos os departamentos serão reformados, mas você precisa manter o prédio. Nós precisamos manter o nosso equivalente, que é o nosso website.

    Como você enxerga o Brasil como mercado para o Net-a-Porter?

    É um mercado relativamente novo, e sei que existem questões relacionadas à importação de bens, e que existem taxas que vocês têm de pagar. Acredito que talvez existam consumidores que tenham endereço nos Estados Unidos, e temos um bom frete para lá. Isso vai ser um dos desafios para deslanchar esse mercado. Só de andar por aí e de dar uma olhada nos shoppings, percebi que tem lojas muito similares a de outros lugares, que você pode encontrar aqui. E o importante é que a gente ofereça aos nossos consumidores algo diferente do que eles possam encontrar em outros lugares. Eu não imagino que os consumidores brasileiros queiram comprar estilistas brasileiros da gente. Eu não sei o tamanho do mercado de compras online aqui ou se é algo que ainda está crescendo, mas não acredito que seja tão desenvolvido como é na Europa ou nos Estados Unidos, por exemplo, onde são mercados grandes.

    E nós ainda temos a questão do dólar, que está mais caro neste momento.

    É sempre tão complicado. Moedas e taxas de câmbio e como isso vai ter efeito, porque nunca é um número fixo, é algo que sempre vai mudar. É algo que foge ao nosso controle e é difícil porque você realmente quer ter certeza que um produto vai ter o valor real, e o valor não deveria variar tanto de país para país. Mas aí você tem que lidar com o custo do frete, etc. É sempre desafiador.

    Por outro lado, agora os estilistas brasileiros têm uma vantagem para vender para outros países.

    É tudo uma questão de oportunidade. Quando você é confrontado com um desafio, talvez seja a hora de focar em exportar para outros países em vez de ser local.

    Você estar aqui, exatamente neste momento, é uma coincidência ou está relacionado com o dólar?

    É sempre um desafio ir para um mercado emergente quando os preços estão equivalentes aos das grifes, porque os consumidores não conhecem, e podem não entender por que algo é tão próximo daquela faixa. Mas é o caso de conversar com as marcas e tentar a melhor forma possível para que os dois, tanto o varejista como a marca, tenham margens de lucro de forma que possam sustentar o negócio. É muito difícil com o dólar, porque vai subir, daqui a pouco vai cair, e o mesmo para o euro, para a libra.

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