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    Por que Burberry, H&M e Adidas estão sofrendo boicote na China
    A produção de algodão na província de Xinjiang / Reprodução BBC
    Por que Burberry, H&M e Adidas estão sofrendo boicote na China
    POR Redação

    Por Ana Carolina Marinho

    Os Estados Unidos, União Europeia e as Nações Unidas acusam a China de violar os direitos humanos na região de Xinjiang, composta de 11 à 15 milhões de mulçumanos uigures. De acordo com estudos feitos por instituições americanas e australianas, entre 2017 e 2019, pelo menos um milhão de uigures foram submetidos a trabalho forçado nos “campos de reeducação”.

    A China é um dos maiores produtores de algodão do mundo, tendo exportado 2.23 milhões de toneladas em 2020, e a província de Xinjiang tem 87% da produção total de algodão na China.

    Com as acusações ganhando mais força, H&M e Nike publicaram comunicados dizendo que não irão mais comprar o algodão dessa região. Essas marcas já mostraram preocupação sobre a exploração dos uigures no ano passado. “A Nike está comprometida com a fabricação ética e responsável e respeitamos os padrões internacionais de trabalho. Estamos preocupados com os relatos de trabalho forçado na Região Autônoma Uigur de Xinjiang (XUAR) e relacionado a ela. A Nike não adquire produtos da XUAR e confirmamos com nossos fornecedores contratados que eles não estão usando têxteis ou fios fiados da região”, disse a marca em comunicado.

    O povo chinês repudiou essas acusações e passou a boicotar ambas as marcas. Os produtos da H&M foram retirados de todos os e-commerces chineses e 50 lojas precisaram fechar por causa de protestos. Os chineses também pararam de adquirir produtos da Nike e Adidas para comprarem da marca chinesa Li-Ning, que teve um crescimento de 10,75% desde o começo do boicote.

    As lojas da rede H&M foram fechadas e tiveram seu logo tampado na China / Reprodução BBC

    As lojas da rede H&M foram fechadas e tiveram seu logo tampado na China / Reprodução BBC

    Grandes artistas chineses estão rompendo seus contratos com as marcas. A cantora Victoria Song, que apareceu recentemente em campanha para Chanel, quebrou seu contrato com a H&M. Após a Adidas se manifestar sobre as alegações de trabalho forçado, dezenas de celebridades chinesas terminaram seus contratos com a marca. A Burberry foi a primeira marca de luxo a ser atingida pelo boicote. Segundo a agência Reuters, a atriz Zhou Dongyu suspendeu seu contrato com a marca dizendo que a grife não havia “declarado clara e publicamente sua posição sobre o algodão de Xinjiang.”Cabe agora saber se as marcas boicotadas manterão sua posição quanto à decisão de barrar todo o algodão vindo de Xinjiang.

    O governo chinês nega todas as acusações de trabalho forçado e que isso faz parte de um esquema para prejudicar a economia do país. No momento, a ONU negocia uma visita à região Xinjiang para checar as condições dos trabalhadores.

    É importante lembrar que a China é um grande polo de moda, sendo o único país onde o luxo manteve o crescimento em 2020, e esse banimento pode afetar fortemente a indústria se mais marcas se manifestarem sobre o assunto. Ainda vamos ver desdobramentos dessa questão.

    Mas a problemática do algodão não fica apenas na China. O Brasil é o maior produtor de algodão da Better Cotton Initiative, com 36% do total da produção (dados de 2018/19). Esta semana, o site Modefica publicou a tradução de um artigo , de autoria de Veronica Bates Kassatly que explica por que a Better Cotton Initiative pode ser tudo, menos sustentável.

    A China fica em segundo lugar, com 16% da produção total e, em quase sua totalidade proveniente de Xinjiang, foco dos protestos atuais. “Assim, grande parte do suposto “Better Cotton” do ano passado foi contaminado com trabalho análogo ao escravo, trabalho infantil, apropriação de ativos naturais e sinização forçada”, afirma Veronica em seu artigo.

    Mais uma vez, fica aqui um chamado para que busquemos cada vez mais informação e conhecimento sobre empresas que se dizem sustentáveis.

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