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    Cannes acerta ao premiar jovem diretor Xavier Dolan; conheça o nome mais quente do cinema
    Cannes acerta ao premiar jovem diretor Xavier Dolan; conheça o nome mais quente do cinema
    POR Camila Yahn

    O jovem cineasta canadense Xavier Dolan, que venceu o prêmio do júri em Cannes ©Reprodução

    Para mim, ele já era uma estrela. Agora, é um dos nomes mais quentes do novo cinema. Xavier Dolan virou sensação e febre em Cannes após dividir o prêmio do júri com Jean-Luc Godard. Aos 25 anos, ele é o diretor mais jovem a ser premiado no festival; Truffaut tinha 26 quando levou o prêmio por “Os Incompreendidos.

    Mas Cannes não é uma novidade para este diretor canadense. Apesar de ser impossivelmente jovem, Dolan é um veterano do festival francês. O vencedor “Mommy” é seu quinto longa. Antes vieram “Eu Matei Minha Mãe” (“J’ai Tué Ma Mére”), aos 19 anos, selecionado para a mostra Un Certain Regard. Em seguida, “Amores Imaginários” (“Heartbeats”) e “Laurence Anyways” (lindo, lindo), todos com presença no evento.

    O que impressiona é como, sendo tão jovem, ele conseguiu imprimir uma identidade própria na forma de contar a história, na maneira de filmar, de construir os personagens, de montar a trilha e pensar no figurino. Pode ser porque, muitas vezes, ele está por trás de todos os mínimos detalhes em cada filme, assinando a direção, o roteiro, a fotografia, o figurino e ainda atuando no papel principal. Ou porque Dolan atua desde criança e passou tempo o suficiente em sets de filmagem observando os adultos.

    Levando em conta sua idade e esse esforço/controle multitarefa que faz para os filmes acontecerem, sempre ficou claro que ele era um artista apaixonado e de grande capacidade realizadora.

    Seus filmes são engraçados e dolorosos, agressivos e românticos, emocionantes e duros. Os personagens, voláteis e carismáticos, dramáticos e sensíveis. Assim como deve ser o próprio Dolan, com seus diversos estilos de cabelo e ternos coloridos.

    Foi “Laurence Anyways” que me arrebatou definitivamente. Um dos filmes mais humanos que já vi, conta a história de amor entre Laurence e a espivetada Fred, no momento em que Laurence confessa que quer se transformar em mulher, porém manter o relacionamento. Com uma pegada pop (o filme se passa entre os anos 1980 e 1990), algumas cenas poderiam render um videoclipe ou uma boa capa de disco.

    Assista ao trailer de “Laurence Anyways”:

    Seu quinto longa, “Mommy”, conta a história de Steve, um adolescente hiperativo e agressivo, criado sozinho pela mãe viúva, que tenta com ele construir uma relação sólida. Se em “Eu Matei Minha Mãe” ele chegou a dizer que realmente queria matar sua mãe, agora lhe dá a chance de uma revanche. O crítico Richard Lawson, da “Vanity Fair”, disse que este foi o melhor filme que viu no festival e, talvez, o melhor do ano todo. Na trilha, hits dos anos 1990 como Dido e Counting Crows.

    Apesar de fazer longas autorais com momentos autobiográficos, sua porção pop vem do gosto por blockbusters, como “Titanic”. “Foi o filme que me fez ter vontade de contar histórias”, diz. “Ter todos esses personagens, os figurinos e a ambição de pensar grande e sonhar… Assisti pela primeira vez em um período conturbado da minha vida, sofria bullying na escola e minha mãe queria me mandar para um internato.” Dolan disse que assistiu 35 vezes…

    As pessoas ainda caçoavam dele por gostar desse tipo de filme. Xavier apenas devolvia: “Vocês são estúpidos por não gostar de ‘Titanic’, não conseguem ver um filme desses e simplesmente se divertir. Preferem dizer que assistem Godard. Eu não vejo Godard porque não gosto de seus filmes.”

    Ironicamente, foi com o grande mestre da Nouvelle Vague, que completou 83 anos recentemente, que Dolan dividiu seu prêmio. Precisando parar algumas vezes para conter o choro durante seu discurso, ele reverenciou o diretor. “Que maravilhoso é dividir um prêmio com Godard, que, em outra época, tentou reinventar o cinema. Estou emocionado com o reconhecimento do júri.”

    Antes de agradecer, ele foi ovacionado por cinco minutos. Não houve uma pessoa que não se manteve em pé, aplaudindo, gritando ou fotografando com seu smartphone enquanto Xavier Dolan chorava, incrédulo (veja o video abaixo). Exagero? Alguns acham que sim, mas não deixa de ser emocionante ver um jovem e esforçado talento de 25 anos ser agraciado com um dos principais prêmios do cinema, escancarando uma porta difícil de abrir e que parece estar de braços abertos para novas energias e novos olhares. “Não há limites para nossas ambições, além dos que nós colocamos ou os outros colocam sobre nós. Tudo é possível para aqueles que sonham, que ousam, que trabalham e nunca desistem.” Agora segura esse menino.

    Abaixo, o momento em que seu nome foi anunciado como vencedor do prêmio do júri no festival de Cannes:

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