O line-up do Festival de Cannes 2017 acaba de ser anunciado nesta manhã e mal podemos esperar para assistir aos filmes que serão mostrados lá. Como sempre, o tapete vermelho deve ser bem movimentado com a presença de muitas fashion favorites como Marion Cotillard, Tilda Swinton, Elle Fanning (dois filmes na programação), Charlotte Gainsbourg, Michelle Williams, Elizabeth Olsen, Stacy Martin e mais, além de muitas aparições da atriz italiana Monica Belucci, mestre de cerimônias do evento que acontece entre os dias 17 e 28 de maio e comemora seu 70º aniversário.
Mas quem vai mesmo dar trabalho para a sua stylist é Nicole Kidman. Num momento espetacular na carreira, a atriz australiana, que apresentou recentemente uma performance matadora na minissérie Big Little Lies, da HBO, aterrissa na riviera francesa com nada menos do que quatro títulos no line-up. Como membro do júri, presidido por Pedro Almodóvar, Jessica Chastain também é outra atriz que vai cruzar o tapete vermelho muitas vezes, batendo cartão para assistir a todas as sessões dos filmes na competição principal.
Kristen Stewart apresenta pela primeira vez na Europa seu curta-metragem Come Swim, exibido neste ano em Sundance. A atriz Vanessa Redgrave, recentemente vista na campanha Cruise 17 da Gucci, também faz seu debut na direção nesta edição do festival com o longa documental Sea Sorrow, com participações de Ralph Fiennes e Emma Thompson.
Dando o braço a torcer a era de ouro da TV, séries encontram espaço no tradicional festival em eventos especiais. Passam por lá as avant-premières de duas: a aguardadíssima terceira temporada de Twin Peaks, de David Lynch; e Top of the Lake, neo-noir da diretora neozelandesa Jane Campion, que começou como minissérie da BBC e ganhou agora uma segunda parte intitulada Top of the Lake: China Girl (com participação de… adivinhe? Kidman) – duas séries que a gente recomenda e mal pode esperar por novos episódios. Pela primeira vez, o festival exibe ainda um filme produzido pela Netflix na competição, Okja, de Bong Joon-Ho.
Veja abaixo alguns dos filmes do line-up que estamos ansiosos para assistir (em ordem aleatória).
How to Talk to Girls at Parties, dir. John Cameron Mitchell
Cena punk londrina no final dos anos 1970, Neil Gaiman, Elle Fanning como uma alienígena e Nicole Kidman como estrela punk. Sold! Do diretor de Hedwig: Rock, Amor e Traição, o filme (fora de competição) é baseado num conto de mesmo nome de Gaiman (Como Falar com as Garotas nas Festas, Ed. Intrínseca) e conta a história de dois garotos de Croydon: um deles tira paquera de letra, o outro nem tanto. Numa festa eles conhecem estudantes de intercâmbio americanas lindas, mas que, na verdade, não vêm de outro país, vêm de outro planeta. É teenage cool e a gente quer ver!
Okja, de Bong Joon-Ho
Depois do incrível Expresso do Amanhã, o diretor sul-coreano faz sua segunda empreitada no cinema americano com Okja, longa produzido pela Netflix e parte do line-up da competição principal em Cannes, com Tilda Swinton, Jake Gyllenhaal, Paul Dano e a garotinha Seo Hyun An que, no filme, tem como melhor amigo um animal gigantesco chamado Okja, colocado em perigo pelas garras de uma empresa multinacional. “É uma história sobre a relação entre homens e animais e o animal que nos habita”, declarou a Netflix em comunicado recente. O filme tem estreia mundial na plataforma marcada para 28.06.
The Killing of the Sacred Deer, dir. Yorgo Lanthimos
Assim como o de Ho, este é o segundo filme em inglês que Lanthimos dirige. O cineasta responsável pelo bizarro e intrigante Dente Canino (2009) levou seu cinema para além da Grécia com o divertido e melancólico (e um pouco bizarro também, why not?) O Lagosta, com Colin Farrell e Rachel Weisz, vencedor do prêmio do júri em Cannes em 2015 e indicado ao Oscar de melhor roteiro neste ano. No elenco de The Killing… estão Nicole Kidman, Alicia Silverstone e, novamente, Farrell, que interpreta Steven, um carismático cirurgião forçado a fazer um “sacrifício impensável quando sua vida começa a despedaçar e o comportamento de um menino que ele tomou sob seus cuidados torna-se sinistro”.
Sem Fôlego (Wonderstruck), dir. Todd Haynes
Duas crianças surdas que vivem em épocas diferentes estão no centro da trama do novo trabalho de Todd Haynes. Ambas fogem para Nova York com o desejo ter uma vida diferente. Uma em 1927, outra em 1977; o garoto sente falta do pai que nunca conheceu, a menina sonha com uma atriz de cinema – e apesar dos anos que os separam, existe um mistério que os conecta. No longa baseado no livro de Brian Selznick, Haynes volta a trabalhar com Julianne Moore (juntos fizeram Mal do Século, Longe do Paraíso, Não Estou Lá) e dirige Michelle Williams pela segunda vez (lembra da garota à la Edie Sedgwick de Não Estou Lá?). Mais um filme de época (em dose dupla) que promete um figurino incrível na filmografia do diretor e forte candidato à Palma de Ouro.
O Estranho Que Nós Amamos, dir. Sofia Coppola
Ela está de volta. Sofia Coppola dirigiu o especial de natal A Very Murray Christmas (2015) e a campanha de natal da Gap de 2014, mas desde The Bling Ring não exibia um filme novo nos cinemas. O Estranho Que Nós Amamos, livremente adaptado do filme homônimo de 1971 e com Clint Eastwood no elenco, tem como cenário uma escola só para garotas no sul dos EUA durante a Guerra Civil. O clima entre as meninas fica tenso quando elas aceitam cuidar de um soldado machucado. Com Elle Fanning, Kirsten Dunst, Nicole Kidman e Colin Farrell, o filme aparenta ser o mais sombrio que Sofia já fez até então e deve estrear no Brasil em 24.08.
Hikari (Radiance), dir. Naomi Kawase
A diretora japonesa por trás do curta Seed, 11º episódio da série Women’s Tales da Miu Miu, exibe o filme Hikari em competição principal. Pouco sabemos sobre o longa – foi filmado em Nara, no Japão, e o cartaz sugere que é um drama romântico -, mas sempre ficamos ansiosos pra ver o olhar delicado de Kawase na direção. Habitué do Festival de Cannes, ela ganhou o prêmio do júri em 2007 com A Floresta dos Lamentos.
Happy End, dir. Michael Haneke
Se você conhece os filmes do diretor alemão, já suspeita que não vai ter nada de happy aqui. Ele retoma a parceria com a musa Isabelle Huppert no drama familiar contextualizado em Calais, com a crise de refugiados na Europa como pano de fundo. Deve ser dilacerante como o cinema de Haneke costuma ser e é por isso que a gente quer assistir, mas Huppert adianta que o filme não é nada como A Professora de Piano ou Amor. “É um filme de elenco, com muitos personagens. O retrato de uma família e tudo o que isso sugere”. Ainda no elenco, o britânico Toby Jones e o francês Matthieu Kassovitz.
Faces Places, dir. Agnès Varda e JR
Uma documentário realizado pela auteur belga em parceria com o fotógrafo francês? Queremos! Varda, 88 anos, queria conhecer mais gente; JR, 34, queria tirar mais fotos, os dois se juntaram, então, para rodar Faces Places que documenta uma road trip que fizeram pela França, fotografando pessoas, instalando as mega-colagens do artista no meio do caminho e, eventualmente, tornado-se bons amigos. É o primeiro longa da diretora desde 2008.
The Florida Project, dir. Sean Baker
Quem diria que o diretor responsável por Tangerine, longa integralmente rodado com um iPhone 5S, faria seu próximo filme em película? Bem, na verdade, ele mesmo disse em entrevista à Serafina, não faz muito tempo. Eis que The Florida Project, na mostra Un Certain Regard, foi sim filmado em 35mm, e conta a história de um grupo de crianças de rua aventureiras e sonhadoras que moram nas rebarbas do mágico Walt Disney World, na Flórida. No elenco, Willem Dafoe e jovens não-atores.
Good Time, dir. Josh e Benny Safdie
Foi em Cannes que Robert Pattinson começou a sair da sombra da saga Crepúsculo dando novo rumo à carreira como protagonista de Cosmópolis, filme do diretor David Cronenberg ovacionado na première mundial na riviera francesa, em 2012. Com Good Time, dizem por aí, o britânico arrisca a levar o prêmio de melhor ator nesta edição do festival. Embora já tenham participado de outras mostras em Cannes, este é o primeiro filme dos irmãos Safdie na competição principal. Narrando uma noite na vida de um ladrão de bancos tentando tirar seu irmão da cadeia, o longa deve ser um novo capítulo da promissora filmografia dos americanos, que costumam retratar uma Nova York aguerrida e sombria através de personagens solitários e obsessivos.
Les Fantômes d’Ismael, dir. Arnaud Desplechin
Faz um tempo que Desplechin está nos devendo um filmaço e pode ser que seja este. Se não for, tudo bem, a gente quer ver mesmo assim porque em qual outra oportunidade veremos as superestrelas francesas Marion Cotillard, Charlote Gainsbourg, Mathieu Amalric e Louis Garrel divindo cenas? O filme, que abre esta edição do festival (fora de competição), conta a história de um cineasta que tem seu mundo virado de ponta cabeça quando um antigo amor reaparece na vida dele, bem quando está prestes a rodar um novo filme.
Veja o line-up completo do Festival de Cannes 2017 aqui.