FFW INDICA: 9 filmes nacionais para colocar na sua lista
Dia do Cinema Nacional (19.06) está chegando e os editores do FFW selecionaram seus filmes favoritos
FFW INDICA: 9 filmes nacionais para colocar na sua lista
Dia do Cinema Nacional (19.06) está chegando e os editores do FFW selecionaram seus filmes favoritos
Representando nossos dilemas e espalhando pelo mundo nossa cultura e estética, os filmes foram e ainda continuam sendo uma plataforma potente para manifestar as dores e os prazeres de ser brasileiro. Entretanto, mesmo sem investimento e muitas vezes desprestigiado nas bilheterias, os filmes nacionais entregam consistência narrativa, estética bem desenvolvida e uma boa fotografia. Entre blockbusters e cinema marginal, os editores do FFW selecionaram alguns de seus títulos favoritos para celebrar o dia do cinema nacional (19.06).
AUGUSTO MARIOTTI, Editor chefe
TÍTULO: A Deriva
DIRETOR: Heitor Dhalia
ANO: 2009
SINOPSE: “Búzios, início dos anos 80. Filipa (Laura Neiva) é uma adolescente de 14 anos que passa as férias com seus pais, Matias (Vincent Cassel) e Clarice (Débora Bloch), e ainda os irmãos Fernanda (Izadora Armelin) e Antônio (Max Huzar). Clarice está sempre embriagada, destilando veneno contra o marido. Já Matias está mais preocupado em concluir seu novo livro, o que o torna desleixado em relação aos problemas da famíia. Filipa vive à margem desta situação, até que um dia flagra o pai beijando Ângela (Camilla Belle), uma bela americana que mora no local.”
PORQUÊ? À Deriva mostra a trajetória de descoberta sexual de uma menina, vivida por a Laura Neiva, aos 16 anos após ter sido descoberta no Orkut. E este processo se dá por duas frentes – através dos próprios e confusos desejos e sob a ótica do casamento dos pais, prestes a desmoronar. Ela está deixando de ser criança, mas ainda não é uma mulher. O figurino, que reproduz a estética dos anos 1980, foi assinado por Alexandre Herchcovitch.
TÍTULO: Boi Neon
DIRETOR: Gabriel Mascaro
ANO: 2015
SINOPSE: Na trama, Iremar (Juliano Cazarré) é um vaqueiro de curral, que viaja pelo Nordeste ao lado de Galega (Maeve Jinkings) e da pequena Geise (Samya de Lavor). Por onde passa, Iremar recolhe revistas, panos e restos de manequins, já que seu grande sonho é largar tudo para iniciar uma carreira como estilista no Pólo de Confecções do Agreste.
PORQUÊ? O drama subverte o sertão patriarcal com um peão estilista. É um filme poético e bastante sensivel que recebeu o Prêmio Especial do Júri no Festival de Veneza e entrou para a lista dos Melhores Filmes de 2016 do New York Times.
CAMILA YAHN, Editora
TÍTULO: A Vida Invisível
DIRETOR: Karim Ainouz
ANO: 2019
SINOPSE: “Eurídice, uma idosa, é surpreendida por antigas cartas de sua irmã desaparecida. Separadas cruelmente no Rio de Janeiro dos anos 1950, lutam contra a invisibilidade em uma sociedade patriarcal para seguir adiante com seus sonhos.”
PORQUÊ? “O filme se passa no Rio dos anos 1950, mas tem um estética com cores saturadas, tem uma certa atualidade do filme, que nos conecta com o hoje mesmo se passando na década de 50. A estética do filme é super marcante nas cores, nas texturas e no figurino, que também ajuda muito a compor cada cena. Ele tem como base as cores verde e laranja, mas a equipe construiu o figurino baseado no tom de pele de cada personagem. É muito delicado e forte ao mesmo tempo, uma mesma visão estética derramada por todas as áreas.”
TÍTULO: Madame Satã
DIRETOR: Karim Ainouz
ANO: 2002
SINOPSE: “Grande filme, primeiro longa do Karim Ainouz, foca em Madame Satã, figura mítica do submundo carioca na década de 1930. O filme também colocou sob holofotes os atores Lázaro Ramos (no papel principal) e Flávio Bauraqui.”
PORQUÊ?: “O filme é forte e parece estar sempre tentando romper limites, assim como o personagem principal. A ambientação é predominantemente noturna e as cores estouradas e a câmera sempre bem próxima trazem a sensação de algo pulsante, mas também fora de lugar ou muito grande pra ocupar aquele espaço. Estética forte, história forte, um dos meus filmes brasileiros preferidos.”
VINICIUS ALENCAR, Editor de moda
TÍTULO: Xica da Silva
DIRETOR: Caca Diegues
ANO: 1976
SINOPSE: “Gira em torno de Xica da Silva, esse personagem mitológico nacional, que passou de escrava a um símbolo da extravagância e ostentação, interpretada pela lenda viva Zezé Motta”.
PORQUÊ? “Tenho um carinho enorme pela personagem central, mas ainda mais por Luiz Carlos Ripper. Luiz foi um artista completo, conhecido principalmente como cenógrafo, diretor de arte e figurinista. É ele, obviamente, quem assina o figurino. Acredito que seu nome deve ser ainda mais propagado e discutido. Tudo em seu trabalho é muito felliniano, muito lindo”.
TÍTULO: Bye Bye Brasil
DIRETOR: Cacá Diegues
ANO: 1980
SINOPSE: “Três artistas viajam o Brasil entretendo a parte mais pobre da população que ainda não tinha acesso à TV, enquanto vivem seus dilemas pessoais e anseios em um país em eterna construção”.
PORQUÊ? “Anísio Medeiros é quem assina a direção de arte, ele foi um dos mais talentosos que já passaram pelo Brasil. Tudo que ele tocou foi muito sofisticado, sincero, elegante em um sentido muito amplo. Em Bye Bye Brasil não é diferente, emocionante, decante, verdadeiro… Adjetivos que valem para o filme e, claro, Anísio”.
TÍTULO: O Beijo da Mulher Aranha
DIRETOR: Hector Babenco
ANO: 1985
SINOPSE: “É um longa descrito como ‘pungente e sensível’, que trata o amor e homossexualidade de uma forma muito especial, crua e nua. Adaptação de um romance homônimo. Sônia Braga imortalizou o filme e foi imortalizada como Leni, Marta e, claro, a Mulher Aranha”.
PORQUÊ? “O figurino é de estremecer, todo assinado por Patrício Bisso, argentino que fez carreira no Brasil. Sensível demais, lírico, ornamental. Um ícone queer que, assim como Ripper, merece ser mais visitado. Da trama à mera beleza, tudo vale neste filme”.
GABRIEL FUSARI, Produtor de conteúdo multimídia
TÍTULO: Medusa
DIRETOR: Anita Rocha da Silveira
ANO: 2023
SINOPSE: “Fazendo uma sátira ao mito de Medusa, o filme conta a história de uma gangue formada por meninas vistas pela sociedade como perfeitas, mas que impõem seu jeito de pensar baseados na moral e bons costumes por meio da violência”.
PORQUÊ? “O segundo longa-metragem de Anita Rocha da Silveira carrega o senso estético e de arte característicos da diretora. Mesclando cultura pop com mudanças na sociedade com muito humor ácido, o filme recebeu boas críticas, tanto pela narrativa como pela estética, sendo considerado “uma sátira estilisticamente ousada”pela Variety”.
TÍTULO: Minha Fama de Mau
DIRETOR: Lui Farias
ANO: 2019
SINOPSE: “Nos anos 1960, na Tijuca, Erasmo Carlos nutre uma grande paixão: o rock and roll. Admirador dos grandes nomes da gringa, ele aprende a tocar violão, enquanto sobrevive com pequenos trabalhos e se envolve em pequenas confusões. Sua reputação de ser um amante do rock atrai a atenção de Roberto Carlos, eles se tornam parceiros inseparáveis e amigos.”
PORQUÊ? “O filme é muito pop, com referências estéticas da época da década de 1960. O figurino é muito bem feito e a caracterização dos personagens é muito fidedigna. O enredo se casa perfeitamente com a linguagem visual do filme, fazendo esquecer que é uma história real, apesar de também haver muita fantasia.”