“Sete Psicopatas e um Shih Tzu” é o novo filme do diretor Martin McDonagh ©Divulgação
Estreia no Brasil nesta sexta-feira (04.01) “Sete Psicopatas e um Shih Tzu” (2012), de Martin McDonagh. Contando com atores como Colin Farrell, Woody Harrelson, Christopher Walken, Tom Waits – sim! -, Abbie Cornish, Sam Rockwell e a ex-Bond girl Olga Kurylenko, o longa mostra a história de um escritor fracassado que acaba se envolvendo com o submundo do crime quando seus amigos sequestram o cão de estimação, um shih tzu, de um mafioso em Los Angeles. Apesar de a história ser razoavelmente banal, bastaria metade deste elenco para a divulgação do filme. Mas não somente pelos atores envolvidos, há de se esperar muito do diretor e roteirista Martin McDonagh. Entenda o porquê no texto abaixo.
Veja o trailer de “Sete Psicopatas e um Shih Tzu”:
No que diz respeito ao cinema, McDonagh soma apenas um longa e um curta em sua carreira. Apesar do pequeno volume de obras, só isso já lhe rendeu uma estatueta do Oscar, por “Six Shooter” (2004) como Melhor Curta Metragem, e uma indicação ao Oscar de Melhor Roteiro Original por “Na Mira do Chefe”, ou melhor, no original, “In Bruges” (2009). Longe de ser sorte de principiante ou mesmo um jovem talento, na verdade, o irlandês Martin já era antes um consagrado dramaturgo, muito conhecido por suas duas trilogias para o teatro: “The Leenane” e “The Aran Islands”. No entanto, apesar de ser considerado um dos grandes escritores de peças da atualidade e, de certa forma, ainda um desconhecido nas telas, a opinião do diretor é de que o cinema o satisfaz mais. Em suas palavras: “Não é que eu não respeite o teatro; sou inteligente o suficiente para saber que uma peça pode inspirar uma pessoa totalmente assim como um filme”. (…) “O teatro não é algo que se conecta a mim de um ponto de vista pessoal; não consigo apreciar aquilo que estou fazendo”.
Brendan Gleeson e Colin Farrell com Martin McDonagh (atrás) no set de “In Bruges” ©Reprodução
Seu estilo de roteiro é, obviamente, teatral e repleto de humor negro, com alguns resquícios da escola Tarantino de diálogos. Em “Na Mira do Chefe”, Colin Farrell é Ray, um assassino de aluguel que foge com seu parceiro Ken, papel de Brendan Gleeson, para a cidade de Bruges, na Bélgica. Aparentemente algo dá errado em sua última missão e os dois devem aguardar – quase que eternamente – as ordens do chefe Harry, atuado pelo grande Ralph Fiennes. Ray odeia Bruges, inclusive as pessoas que gostam de Bruges. Já Ken fica deslumbrado com a calma religiosa que a cidade proporciona. Em uma série de desavenças envolvendo um anão, uma vendedora de drogas e seu ex-namorado assaltante, para citar poucos exemplos, as coisas obviamente dão errado.
Uma das cenas de “In Bruges”, em que o personagem de Colin Farrell compra briga com americanos obesos, algo recorrente no filme ©Reprodução
O grande diferencial em relação a outras obras do cinema é a recorrência quase que sinfônica de alguns elementos. Nenhum detalhe é em vão e nenhum diálogo é gratuito. Anões, americanos gordos, palavras inexistentes, drogas e armas aparecem e reaparecem ao longo da história, criando um microcosmo de autorreferências. O mesmo acontece em sua primeira obra. No curta “Six Shooter”, o personagem de Brendan Gleeson perde a esposa em um hospital. Ao retornar para casa de trem, encontra diversos personagens sofrendo por suas também recentes perdas, inclusive um jovem irlandês, aparentemente psicopata, que passa a atormentar a vida de todos no vagão. Pessimista, depressivo e, novamente, repleto de humor negro, são 27 minutos de uma excelente obra. Caso seu inglês esteja afinado com o sotaque irlandês, assista ao curta abaixo:
Veja também os diversos pôsteres de “Sete Psicopatas e um Shih Tzu”: