Filme “Dark Horse” (2011) de Todd Solondz pode ser considerado uma ode ao perdedor ©Reprodução
Rebelde, controverso, depressivo e acima de tudo, cômico, Todd Solondz já dirigiu sete longas em sua carreira. Começando em 1989 com “Fear, Anxiety & Depression”, a temática de seus filmes já passou por obsessão, depressão, apatia, fracassos, casos inusitados de sexualidade e desejos genocidas. “Meus filmes não são para todo mundo; principalmente para aqueles que gostam deles”, em aspas próprias. Porém, um elemento percorre todas as suas obras: o humor inteligente em cima de situações pessimistas. Em “Dark Horse” (2011) – gíria para azarão, o último cavalo em que alguém apostaria em uma corrida -, o personagem principal é um homem de seus 30 e poucos anos que ainda mora com os pais. Colecionador de brinquedos e com comportamento extremamente infantil, Abe se apaixona obsessivamente por Miranda, uma garota problemática e antissocial. O filme pode ser considerado uma mistura de ode ao perdedor com anti-comédia romântica.
Selma Blair e Jordan Gelber contracenando em “Dark Horse” ©Reprodução
Quando perguntado, em entrevista ao site da revista “Dazed & Confused”, se o filme era auto referencial, Todd respondeu que ele, em sua “pseudocarreira”, tem um quê de azarão também. “Eu sempre presumo todo filme como se fosse meu último, porque tenho perdido tanto dinheiro para tantas pessoas por tanto tempo que fica difícil saber até quando conseguirei continuar”.
Assista ao trailer de “Dark Horse” (2011):
Outro elemento comum aos filmes de Todd é a presença de personagens realistas e perturbados. Sobre “Dark Horse”, Solondz comenta que o personagem adulto imaturo é algo recorrente em filmes e seriados, porém prefere retratá-lo de uma maneira não tão sentimental. Ainda sobre o estereótipo, o diretor deixa interpretações políticas acerca, dizendo que “a infantilização do homem é sempre boa para assegurar a situação atual; quanto mais a pessoa estiver distraída com brinquedos, vídeo games e outras coisas, mais o sistema político e a estrutura da sociedade ficam livres de ameaças”. Em referência clara, o diretor chamou os atores de Seinfeld para gravar uma cena que passa na TV dentro do filme – a licença para usar as imagens da série seria mais cara – e ainda complementa: “Abe é uma espécie tragédia de George Costanza, que também mora com os pais”.
O elenco conta com Jordan Gelber no papel principal, contracenando com Selma Blair, Mia Farrow e Christopher Walken. Sobre o último, o diretor comenta que “Chris queria fazer o papel de um ser humano comum, algo que sentia que não lhe era oferecido com frequência. Eu o tornei mais conservador e mudei seus olhos; tive que derrubá-lo um pouco porque seu rosto é muito poderoso”.