Os figurinos e figurinistas que disputam o Oscar 2023
Os 5 indicados desse ano parecem conectados pela moda, seja através de colaborações ou inspiração
Os figurinos e figurinistas que disputam o Oscar 2023
Os 5 indicados desse ano parecem conectados pela moda, seja através de colaborações ou inspiração
Por Luiz Henrique Costa
Em 2023, todas as indicadas ao prêmio de melhor figurino do Oscar (que acontece neste domingo 12/03) são mulheres e os filmes concorrentes neste ano, apesar de temáticas muito diferentes entre si, parecem conectados pela moda, seja através de colaborações ou inspiração.
TUDO EM TODO LUGAR AO MESMO TEMPO
A comédia sci-fi dirigida e roteirizada pelos Daniel´s – Kwan e Daniel Scheinert é um dos filmes favoritos do ano e concorre em diversas categorias. O conceito de multiverso e seus incontáveis mundos é por si só interessante, mas aqui ele ganha camadas criativas complexas e ao mesmo tempo de fácil compreensão que elevam a discussão em uma viagem estética fascinante.
Ao se deparar com a máxima “E se….?” Evelyn Wang (Michelle Yeoh) pode ser qualquer coisa, em qualquer lugar e ao mesmo tempo. O filme embala todas as vidas possíveis de sua protagonista em um ritmo enérgico e recheado de figurinos que acompanham em complexidade probabilidades infinitas, inimagináveis.
Quem assina o figurino de Tudo em todo lugar ao mesmo tempo é uma profissional que tem uma estreita relação com o mundo da moda: Shirley Kurata. É stylist de nomes poderosos como Pharrell e Billie Eilish, da sequência de vídeos The Postman Dreams da Prada e filmes como Alpha Dog e Aves de Rapina.
Mas é com tranquilidade que podemos afirmar que Shirley encontra aqui o maior momento da sua carreira, com construções criativas e imagens fora do óbvio, de outro mundo.
Michelle Yeoh desencarna da sua exaustiva e simples rotina administrando uma lavanderia para pouco depois sobe as palcos de uma opulenta ópera como a grande artista da noite.
Shirley precisou estudar com cautela e desenvolveu um trabalho meticuloso de figurino e abusou da criatividade. O resultado é um trabalho lindo e onírico.
ELVIS
O filme de Baz Luhrmann é um biografia sobre o astro do rock. No figurino, ninguém menos que Miuccia Prada atua em colaboração com Catherine Martin – esposa de Baz – que levou a estatueta por O Grande Gatsby (onde também trabalhou com Miuccia).
Aqui, ela revista os clássicos maximalistas marcantes na carreira do cantor e vai fundo nas pesquisas de acervo de Bill Belew, o figurinista responsável pelo icônico estilo Elvis: tecidos brilhantes, pedrarias, gola alta, calças boca de sino acetinadas, camisas de renda bem abertas, topete alto e costeletas grossas.
O resultado é um trabalho de caracterização tão perfeito, que certamente contribuiu na merecida indicação de Austin Buttler na indicação de Melhor Ator.
Outro figurino que merece destaque é de Priscila, interpretada pela ótima Olívia DeJonge e todo o trabalho de caracterização de cabelo e maquiagem.
PANTERA NEGRA: WAKANDA PARA SEMPRE
A sequência de Pantera Negra, um dos melhores filmes de 2018, nos leva novamente ao Reino de Wakanda e é ótimo nos depararmos com Ruth Carter, em um dos melhores momentos da sua carreira, já colecionando alguns prêmios por Wakanda Para Sempre.
Os figurinos criados por ela exalam poder, força e originalidade. Não existe nada fora do lugar ou sem algum sentido. Para uma cena de funeral, por exemplo, Ruth relatou o cuidado em estudar os rituais e vestimentas característicos e muito distinto dos rituais de despedida no Ocidente.
O filme recebeu uma bem vinda colaboração com Adidas no desenvolvimento dos calçados dos guerreiros de Wakanda.
É uma das favoritas e não será uma surpresa a sua vitória no domingo.
SRA HARRIS VAI A PARIS
No ultimo ano, a figurinista Jenny Beavan, que concorreu por Cruella, retorna às indicações de melhor figurino em um filme ainda pouco conhecido e que não tem feito grandes campanhas nas indicações.
A história tem como um dos motes principais a paixão de uma viúva pobre em Londres por um vestido de alta costura Dior e o seu sonho em adquiri-lo.
Beaven sabe como ninguém transitar entre o altíssimo luxo da Christina Dior, as convenções e figurinos fortemente ditados pelo próprio Dior na década de pós-guerra e a pobreza de uma viúva que alimenta um sonho ainda distante. A figurinista trabalhou com a equipe de acervo da Dior para recriar modelos dos anos 50 especialmente para o filme.
Moda, sonho e poesia fazem desse trabalho um filme imperdível.
BABILÔNIA
Mary Zophres, figurinista de Babilonia é uma profissional bastante respeitada no setor e já carrega no currículo três indicações, sendo a mais recente delas por La La Land.
Se o filme tem dividido opiniões, a figurinista é direta em suas respostas “É o maior filme que já fiz” o que não é pouca coisa.
Os loucos anos de 1920 são um pano de fundo para uma Babilônia frenética de personagens, a transição do cinema mudo para o falado nos é revelada a partir do ponto de vista de dois personagens.
Não espere por muito glamour. O lado B da fama e do sucesso são temas mais recorrentes e podem ser notados nas escolhas de Zophres para vestir seus personagens.