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    Conheça as iniciativas que abrem espaço para a comunidade queer dentro do skate
    Conheça as iniciativas que abrem espaço para a comunidade queer dentro do skate
    POR Camila Yahn

    Uma nova comunidade se forma em torno do skate. Trata-se de um grupo em crescimento, formado através de diversas iniciativas que abrem espaço para a população queer e trans dentro desse ambiente.

    Um dos projetos mais pró-ativos é o Unity, coletivo queer de skateboarding fundado há dois anos na Califórnia.

    O Unity foi criado por Jeffrey Cheung e Gabriel Ramirez, que se conheceram há quase 10 anos quando começaram a namorar. Os dois gostavam de andar de skate, mas não se sentiam bem vindos na comunidade, estavam cansados da falta de representatividade LGBTQ+ no skate e decidiram começar, eles mesmos, a mudar essa história.  “Nunca soube de uma comunidade para skatistas queer e trans que cresceram praticando, ou mal vi qualquer representação queer no skate”, diz Cheung.

    Em uma entrevista à Dazed Digital, Jeff diz que existe uma ideia de que skatistas não ligam para gênero contanto que a pessoa saiba praticar. “O skate ainda se trata principalmente de caras brancos e heterossexuais e a mentalidade de ‘durão’ é predominante. É uma combinação de homofobia, transfobia e misoginia”, diz. 

    Hoje essa comunidade tem membros em vários países e ajudam a organizar os “queer skate days”. De olho nos movimentos jovens, a Gucci convidou integrantes do Unity para participarem da campanha do relógio Gucci Grip. As fotos aconteceram em um dos queer skate days em Paris.

    Uma das imagens da campanha do relógio Gucci Grip com o coletivo Unity / Reprodução

    Uma das imagens da campanha do relógio Gucci Grip com o coletivo Unity / Reprodução

    Além de organizarem esses eventos, Jeff e Gabriel também fazem zines e pintam os shapes com figuras, nomes das pessoas ou com cores da bandeira LGBTQ+ e vendem em seu e-commerce. “Percebemos que o Unity Skateboarding é um esforço baseado na comunidade. Queremos apoiar todas as pessoas queer e trans, mulheres, pessoas de cor e qualquer um que sinta que não pertence ao skate”. Para os zines, eles criaram a editora independente Unity Press, que lança não apenas os deles, mas também de outros artistas. “A melhor coisa dos fanzines é que eles são acessíveis e você tem total liberdade para colocar qualquer conteúdo em suas páginas sem censura. Acho que é semelhante ao skate, pois incentiva a individualidade e o pensamento independente.

    E assim, uma comunidade foi se formando e abrindo espaço para outras iniciativas, como as publicações Xem Skaters e Mixed Rice, dois zine de skate que abrem espaço a todos os gêneros, dando visibilidade a skatistas e artistas não binários, queer e trans. Há também as meninas do Pave the Way Skateboards, Tara Jepsen e Miriam Klein Stahl, que vendem imagens, roupas e shapes, criando um espaço para que essa comunidade possa existir. “Acreditamos em pessoas de fora, esquisitos e pessoas que não se alinham com os caminhos da vida socialmente legíveis. A cultura DIY existe de maneira robusta nas culturas queer e skate porque compartilham os mesmos valores. A homofobia, como todas as outras mentalidades opressivas não tem lugar no skate, onde escolhemos viver e deixar viver”, dizem em seu manifesto.

    Vale também ver a série em andamento Queer Skateboarding, do fotógrafo Ross Landenberger, que registra skatistas queer nos Estados Unidos e Inglaterra.

    Foto da série Queer Skateboarding, do fotógrafo Ross Landenberger / Reprodução

    Foto da série Queer Skateboarding, do fotógrafo Ross Landenberger / Reprodução

    E a partir do crescimento desse grupo e da transformação da sociedade como um todo, novos projetos surgem fomentando ainda mais o diálogo. Um deles é o curta Carving Space, um documentário sobre os skatistas queer da Califórnia, cujos projetos de arte DIY impulsionaram um crescimento crucial para uma comunidade global e crescente de skatistas queer. Ao discutir a dicotomia entre ser gay e skatista, o filme quer desconstruir estereótipos revelando um movimento cultural inovador que nunca existiu até agora. Ele está sendo financiado por um esquema crowd fundind e já conseguiu 85% da verba necessária. Se quiser colaborar, entre aqui.

    Juntando essa turma toda, o doc tem entrevistas e conversas que revelam os muitos trabalhos e projetos que estão sendo criados para promover queerness no skateboarding e mostram como esses indivíduos foram impactados pela falta de representatividade na sociedade. “Este filme examinará exemplos modernos de como a identidade cultural é estabelecida, comemorando a importância da diversidade, da comunidade e do intercâmbio cultural”. 

    Incrível como um movimento iniciado por poucas vozes, em tão curto tempo ganha um eco tão grande, resultando em um movimento independente e global. “Quero encorajar jovens queer por aí a andar de skate e saber que você não está sozinho e que existem muitos de nós e que podemos ser uma força muito poderosa. Juntos, podemos ajudar a derrubar a homofobia, o sexismo, o racismo e o patriarcado”, finaliza Jeff.

    Carving Space: A Queer Skateboarding Documentary from HenriGene on Vimeo.

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