Depois de Boca de Lobo, música que dá nome à sua atual turnê, Criolo retoma com mais uma música de posicionamento político. Etérea é uma homenagem à população LGBTQIA+ brasileira e vem acompanhada de um clipe e um video de making of, ambos com a participação de oito performers de coletivos diversos. O casting, vale falar, é muito bom.
A faixa também se destaca por ser dançante e a primeira incursão de Criolo na música eletrônica.
Desenvolvida em torno da representatividade, Etérea é música, clipe, documentário e site. Os performers deram sua interpretação pessoal à música, trazendo a essência de seus grupos e elementos da cultura queer. São eles: Ákira Avalanx (Coletivo House of Avalanx), D’Avilla (Popporn e Festa Dando), Fefa (Animalia), Flip (Coletivo Amem, que tem o impagável slogan: unidos pelo fervo, fervidos pelo amor), Juju ZL e Kiara (Batekoo), Transälien (Marsha Trans e Coletividade Namíbia) e Zaila (House of Zion).
“Esta população, apesar de estar no topo de todos os rankings de violência e morte do planeta, continua a celebrar sua existência e cultura através de grupos de resistência e coletivos contra a opressão”, diz Criolo. O Brasil é o país que mais assassina gays, lésbicas, bissexuais e transexuais no mundo. Foram 420 mortes em um ano, uma a cada 20 horas, segundo dados do Grupo Gay da Bahia.
No Instagram, ele tem divulgado esse trabalho acompanhado de mensagens contra a homofobia.
O clipe é dirigido pelo fotógrafo Gil Inoue e pelo diretor Gabriel Dietrich. Vale também ver o making of abaixo com os depoimentos dos artistas que, assim como o próprio Criolo, dão uma aula de cidadania, coragem e compaixão.
Letra Etérea
Uma bala quase hétero
Etérea, massa, complexo
De não se entender
Um canalha quase hétero
Ignorar o amor por complexo
Medo de nele se ver
É necessário quebrar os padrões
É necessário abrir discussões
Alento pra alma, amar sem portões
Amores aceitos sem imposições
Singulares, plural
Se te dói em ouvir
Em mim dói no carnal
Mas se tem um jeito esse meu jeito de amar
Quem lhe dá o direito de vir me calar?
Eu sou todo amor
Medo e dor se erradicar
Feito o sol que ilumina a umidade suspensa do ar
Homo, homo, homo
Homo, homo, homo
Homo sapiens, errou
Créditos
Direção: Gil Inoue e Gabriel Dietrich
Direção criativa: Tino Monetti e Pedro Inouse
Co-produção: Dietrich.TV e oloko Records
Casting: D’Avilla e Tino Monetti
Styling: Nilo Caprioli
Beleza: Felipe Ramirez