A entrada da Tenda dos Autores ©Fernando Banzi
Estivemos presentes na mais recente edição da Flip, que celebrou seus dez anos de vida. Em entrevista ao FFW, Mauro Munhoz, arquiteto e diretor-presidente da Associação Casa Azul, responsável pela organização da Flip, já tinha adiantado que o trabalho que eles desenvolvem na cidade de Paraty vai muito além do evento literário.
De fato, a Flip provou mais uma vez que literatura não se limita ao livro. Não só pela quantidade de pessoas que atrai, mas também pelo espaço que ocupa em várias áreas da cidade. Quem passeia por Paraty na época de Flip é inevitavelmente contagiado pela cultura local, tão bem disseminada pelo evento. Comemorações, shows, artesanato e tradições caiçaras envolvem e recebem de braços abertos escritores, visitantes e jornalistas de todas as partes do Brasil e do mundo. Como define a Casa da Cultura de Paraty, “passear pelas ruas de pedra da cidade significa passear pela história do país”, e durante a Flip, parece que você consegue ouvir melhor essa história.
No ano da sua primeira edição, em 2003, a Flip contou com um número impressionante de visitantes, totalizando cinco mil pessoas. Dez anos depois, a estimativa é que 25 mil pessoas tenham visitado o espaço literário. O evento, que teve início na quarta-feira (04.07), contou com a presença de vários autores nacionais e internacionais e homenageou o poeta e cronista brasileiro Carlos Drummond de Andrade, que “esteve” em todos os eventos, através da leitura de poemas seus no início das mesas ou por meio de exposições espalhadas pela cidade. A Casa da Cultura no centro histórico de Paraty, onde se realizou a primeira Flip, apresentou durante o evento uma mostra que abordou toda a trajetória da obra do autor com textos inéditos do poeta. Ela fica em cartaz até dezembro.
A exposição “Leitores”, do fotógrafo Walter Craveiro ©Fernando Banzi
Por ser um ano especialmente comemorativo, entre a Tenda dos Autores, principal área de mesas de discussão, palestras e conversas, e a Tenda dos Autógrafos, zona onde os autores se reúnem após os debates para autografar as suas obras, podiam ser vistos os trabalhos do escultor paratiense Dalcir e da ceramista Norma Grinberg, e a exposição “Leitores”, com fotos de alguns autores que já passaram pela Flip, clicados por Walter Craveiro. Ainda em clima de festa, a organização lançou um DVD e dois livros comemorativos. Este ano a Flip celebrou também uma organização elogiada de divisão de espaços que permitiu aos visitantes circularem entre a Tenda dos Autores, reservada a quem tinha ingresso para as mesas, a Tenda do Telão, espaço aberto onde qualquer pessoa podia assitir à transmissão ao vivo das mesas e palestras, a Tenda dos Autógrafos, perto da livraria com edições exclusivas para o evento, e os espaços infantis da Flipinha, com programações especiais para os mais novos.
Vale lembrar que dois autores que estão entre os mais destacados da literatura contemporânea, o britânico Ian McEwan (em sua segunda visita) e o americano Jonathan Franzen, estavam presentes, além de uma gama diversa de autores e criadores nacionais, que ia de Luis Fernando Veríssimo a Angeli — que, junto com Laerte, participou de um concorrido bate-papo (que você lerá nesta quarta aqui no FFW).
Na próxima edição, a curadoria ficará novamente a cargo do jornalista Miguel Conde e o nome do homenageado será divulgado até ao final do mês de agosto, mas já existem boatos que apontam para o nome de Graciliano Ramos.