Plataformas altíssimas, jaquetas de paetês, couro e cintura alta. Não estamos listando as “tendências” da próxima estação. Estamos falando de “The Runaways: Garotas do Rock”, filme de Floria Sigismondi que estreia nesta sexta-feira (08/10) nos principais cinemas do país. O momento da moda não poderia ser mais adequado _glamour 1970s, estética punk_, o que faz com que, ao sair da sala do cinema, todas queiram ser Cherie Currie (Dakota Fanning) ou Joan Jett (Kristen Stewart). Adolescentes selvagens.
Carol Beadle, a figurinista por trás de “Runaways”, é habituée do circuito musical e já assinou o visual de vários videoclipes, além de ser fã assumida de David Bowie. O cantor, aliás, é um forte ponto de partida. Uma das cenas do longa metragem mostra Cherie no show de talentos da escola usando a icônica maquiagem do raio vermelho no rosto (eternizada por Bowie) e plataformas altíssimas, dublando uma música do roqueiro.
A garota é a alma do filme, em parte pela atuação de Dakota, mas especialmente pelo seu estilo que a coloca como vocalista a convite de Kim Fowley (personagem masculino com uma caracterização incrível), produtor da banda (ainda um pouco insossa, antes da entrada da loira), que diz, ao vê-la encostada em uma parede na discoteca: “Nós amamos seu estilo. Estamos escolhendo você para ser parte da história do rock ‘n roll”.
Uma mistura de Bowie e Bardot (definição dada por Fowley), Cherie abusa da mistura de estampas, das peças metálicas, e usa brilho, muito brilho. Era realmente o tempero que faltava para uma banda talentosa, mas com meninas normais, muito próximas de qualquer outra adolescente da época. Com exceção de Joan Jett, guitarrista e grande entusiasta da banda. Fugindo dos estereótipos, ela queria tocar guitarra e usar roupas de meninos. Sua primeira aparição no filme é em uma loja de roupas, onde garimpa peças na seção masculina. Joan cobiça a jaqueta de couro do cara ao lado do balcão e, jogando um saco de moedas em cima do vidro, diz: “Eu quero o que ele está usando”.
Para a composição do figurino das personagens, Carol Beadle teve como referência o caderno de recortes de Cherie, matérias e ensaios feitos com as The Runaways originais e um acervo dos anos 70 das revistas “Cream” e “Rolling Stone”. Beadle não teve contato com nenhuma das cantoras da formação original. A cena glam rock da época e a maneira como os adolescentes da Califórnia se vestiam também serviram de inspiração para a figurinista.
O styling teve muito da interpretação de Beadle, que montou o guarda-roupa com peças de brechós e de lojas de figurino em Los Angeles, mas alguns looks foram transpostos para a tela exatamente como vistos nas aparições da banda, como o corset de Cherie e o macacão de vinil vermelho de Joan.
Pode se dizer que Joan era a essência da banda, a menina apaixonada pela música, cheia de ideais a respeito do rock ‘n roll, enquanto Cherie era a menina-objeto, o apelo sexual do grupo, a inspiração para as garotas da época. Um trunfo da caracterização é deixar isso bem claro e mostrar como, com o passar do tempo, e com a fama cada vez maior, o estilo das meninas foi ficando mais caricatural. Seja na maquiagem mais e mais pesada de Cherie e nas suas roupas mais caras, ou no look punk-agressivo de Joan. Tudo fica bem óbvio na tela.
Isso fica escancarado na turnê de Tóquio, quando Cherie resolve subir ao palco usando apenas um corset e cinta-liga, ao lado de Joan, metida em um macacão de vinil vermelho sangue. Quebra de padrões (o show seria transmitido ao vivo para as televisões nos lares de Tóquio), Cherie e Joan abriram as portas para que hoje pop stars e roqueiras, e porque não meninas comuns, do mundo todo possam se expressar da maneira que bem entenderem. Tanto na música, na moda, ou em qualquer outro assunto.
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