©Chen Man/Reprodução
Ao contrastar elementos tradicionais da cultura chinesa com tecnologias de pós-produção ocidentais, a fotógrafa Chen Man desenvolveu uma estética experimental renovadora que, por meio de uma explosão de cores e texturas, ultrapassou as barreiras continentais de seu país e rendeu-lhe de uma parceria com a marca de cosméticos M.A.C (a linha “Love + Water”) a comparações com o icônico Nick Knight, além de capas e editorais para publicações, como “Harper’s Bazaar”, Elle” e as vanguardistas “i-D” e “Vision”.
Parte da geração pós-Revolução Cultural, Man nasceu em 1980 e vivenciou a abertura cultural e econômica da China, bem como as mudanças nessa sociedade, que se tornou massivamente influenciada pelos hábitos ocidentais. De acordo com a fotógrafa, em entrevista concedida em fevereiro deste ano para o suplemento de moda da revista “New York”, sua intenção é construir uma ponte entre suas raízes chinesas e a contemporaneidade, transformando o étnico em global. Antes mesmo de graduar-se em 2005 na Academia de Belas Artes, instituição de ensino superior localizada em Pequim, Man já havia adicionado trabalhos de extrema qualidade ao seu currículo, como a impactante série “Long Live Motherland China”, produzida para a revista chinesa “Vision”, uma espécie de “Wallpaper” oriental.
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“Meu trabalho é sempre um mix híbrido. É Oriente e Ocidente; mainstream e alternativo; do presente e do futuro; cafona encontra elegante”, explicou Man ao site “Nowness”, em entrevista publicada nesta terça-feira (01.05). Para a ocasião, a chinesa escolheu as 10 fotografias que mais gosta em seu portfólio, que estão espalhadas nesta matéria. Confira abaixo o que Man falou sobre suas inspirações, influências e seu desejo de manter a cultura de seu país viva:
Quais foram suas primeiras inspirações?
Tudo no universo tem um impacto. Se eu tivesse que escolher uma pessoa, seria Michael Jackson.
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Como você descreve o seu trabalho?
É uma aventura definir a expressão da moda chinesa contemporânea. Isto levou a um estilo completamente novo, começando com a série em que a modelo Lü Yan foi fotografa na Grande Muralha da China, bem como a série “Long Live Motherland China”. Estou agora focando na visualização da cultura tradicional chinesa. “Essência chinesa, método ocidental” é meu lema de trabalho.
O que você busca em um assunto?
Todo mundo é uma musa. Eu gosto de mulheres gordas. Os valores chineses são a minha essência, enquanto eu adoto completamente um método ocidental. Minha alma é influenciada pelo Oriente, meu corpo pelo Ocidente. As mulheres chinesas são muito poderosas, porém sutis. Assim como a própria China.
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O que você mais gosta na fotografia?
Fotografia demanda contato humano. Eu gosto de interagir com belezas reais. Fotografia pode ser utilizada para documentar a realidade, mas também podem expressar super-realidade.
Você se considera uma artista?
Por algum tempo eu repudiei o termo ‘artista’. Foi quando arte começou a se tornar um fenômeno e um monte de jovens se aventurou a fazer arte performática, o que foi bizarro e vergonhoso para o público. Quando eu comecei a fotografar para a “Vision”, os artistas não me levavam a sério porque meu trabalho era publicado em revistas de moda. Tendo sida convidada para expor na galeria Today, em Pequim, e no MOCA [Museu de Arte Contemporânea], de Xangai, agora eu sou considerada uma ‘artista’.
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Qual foi o mais entusiasmante desenvolvimento na moda chinesa?
As pessoas estão começando a encarar a verdadeira representação delas mesmas, assim como as surreais.
Como você enxerga o futuro da fotografia de moda?
Androginia é tudo.
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Se você não fosse uma fotógrafa, o que estaria fazendo agora?
Seria uma médica que pratica medicina chinesa.
+ Confira mais imagens na galeria (incluindo as 12 capas fotografadas por Man para a “i-D”):