Lady Sybil (Jessica Brown Findlay), Lady Mary (Michelle Dockery) e Lady Edith (Laura Carmichael), filhas do Conde de Grantham, e a propriedade da família ao fundo ©Reprodução
Em sua curta vida, Jane Austen (1775-1817) escreveu romances que, apesar de hoje tão distantes da realidade, continuam a ecoar na cultura contemporânea. Após inúmeros filmes e minisséries baseadas, ou simplesmente inspiradas, na obra da britânica, “Downton Abbey” destaca-se como um fenômeno de audiência não somente no Reino Unido, mas também nos Estados Unidos e agora no Brasil. À parte o público, o seriado criado por Julian Fellowes é sucesso entre os veículos de moda que, a exemplo da “Love” e das edições americanas da “Vogue” e da “Vanity Fair”, já trouxeram parte do elenco em editoriais e até em suas capas.
Parte do elenco de “Downton Abbey” ©Reprodução
“Downton Abbey”, exibida desde setembro de 2010 pelo canal britânico ITV, retrata a vida da aristocrática família Crawley, detentora da propriedade que dá nome ao seriado, e dos funcionários que trabalham e vivem na mesma. Ambientada em Yorkshire a partir de 1912, durante o reinado de George V, a trama se inicia com a notícia do naufrágio do Titanic, no qual o Conde de Grantham, patriarca dos Crawley, perde seu sobrinho e herdeiro. Com o suposto falecimento, a família, composta pelo já mencionado Conde de Grantham, sua esposa americana Cora, suas três filhas, Mary, Edith e Sybil e sua mãe, a Condessa Viúva, é obrigada a entrar em contato com o próximo parente na linha de sucessão, o desconhecido Matthew Crawley, advogado burguês que reside com sua mãe em Manchester.
Matthew Crawley (Dan Stevens) e Lady Mary (Michelle Dockery) ©Reprodução
Entre todos os conflitos surgidos da aceitação e adaptação da família a Matthew e sua mãe, Isobel, “Downton Abbey” apresenta também a existência sacrificada dos funcionários da propriedade, que vivem no andar de baixo do ocupado pelos nobres Crawley. A perspectiva de ambas as classes sociais, assim como as intrigas e relações de amizade que se desenvolvem por meio da convivência, conferem a quaisquer espectadores de “Downton Abbey” identificação: há personagens ricos e pobres, bonitos e feios, honestos e desleais, tradicionais e de vanguarda. Isto sem mencionar o drama e as paixões à la Jane Austen, o humor irônico típico dos britânicos e o figurino brilhante, produzido por Susannah Buxton.
Parte da equipe de funcionários da primeira temporada de “Downton Abbey” ©Reprodução
O resultado da primeira temporada de sete capítulos não se mostrou bem-sucedido apenas em questões de audiência: “Downton Abbey” foi vencedor de vários prêmios em 2011, entre eles dois BAFTA e seis Emmy. As interpretações de Michelle Dockery (Lady Mary Crawley), Hugh Bonneville (Conde de Grantham) e, especialmente, de Maggie Smith, que vive a Condessa Viúva, são outros pontos fortes do seriado, que em setembro de 2011 estreou sua segunda temporada no Reino Unido, essa com oito episódios e um especial de Natal. Na lista de indicados ao Emmy deste ano, “Downton Abbey” conquistou 16 indicações, um número impressionante, ainda mais quando se leva em conta que se trata de uma produção de época produzida fora dos Estados Unidos.
Nos Estados Unidos, inclusive, a segunda temporada de “Downton Abbey”, que estreou em janeiro de 2012, conferiu ao canal PBS seus maiores índices de audiência desde 2009. Apenas o primeiro episódio, por exemplo, atraiu cerca de 4,2 milhões de espectadores. A repercussão do seriado é tamanha que três das protagonistas femininas, as intérpretes das filhas do Conde de Grantham, já estamparam editoriais nas edições americana e britânica da “Vogue”, bem como na “Vanity Fair” e “Glamour” e, mais recentemente, estrelaram em separado a capa da “Love”, revista comandada pela stylist Katie Grand, que afirmou ser viciada em “Downton Abbey”, fato que atribui ao amigo Marc Jacobs.
Laura Carmichael, Michelle Dockery e Jessica Brown Findlay na capa da “LOVE” #8 ©Reprodução
Jessica Brown Findlay, Laura Carmichael e Michelle Dockery em editorial da “Vogue” britânica de agosto de 2011 ©Reprodução
O apelo trazido por “Downton Abbey” ainda vai além: inspirou a coleção de Outono/Inverno 2012 da Ralph Lauren, que, à parte às roupas, também utilizou o tema musical de abertura do seriado. O comediante Jimmy Fallon, por sua vez, criou uma paródia chamada “Downton Sixbey” para seu programa “Late Night”, veiculado na NBC. Já o editorial de setembro de 2012 da “Vanity Fair” americana, fotografado por Mario Testino e estrelado por Jessica Chastain, é inspirado no espírito romântico de “Downton Abbey”, enquanto buscando no “Google” é possível encontrar matérias em centenas de sites e blogs que destrincham o visual e a beleza das personagens do seriado; inclusive no site da “Vogue” americana é possível encontrar um artigo do gênero.
Looks da coleção de Outono/Inverno 2012 da Ralph Lauren ©ImaxTREE
No Brasil, “Downton Abbey” começou a ser exibido no dia 19.05 (sábado) no canal Globosat HD, às 22h. Já a terceira temporada do seriado estreia em setembro no Reino Unido, com uma adição de peso ao elenco: a atriz americana Shirley MacLaine, que provavelmente antagonizará com a personagem de Maggie Smith. “Downton Abbey” é, indiscutivelmente, um fenômeno, sobretudo quando se depreende que vivemos em uma era de reality shows e produções repletas de efeitos especiais. Tal fato é, de certa maneira, uma constatação de que, apesar das mudanças na sociedade, a beleza ainda salvará o mundo, seja ela percebida por meio de figurinos ou relações simples de afeto.
– Trailer da primeira temporada de “Downton Abbey”:
+ Mais imagens de “Downton Abbey” na galeria abaixo: