Janie Bryant, figurinista de “Mad Men” ©Ricardo Toscani/FFW

Aconteceu nesta terça-feira (28.08) a quarta edição do Marie Claire Inspiração, que teve como tema a influência do cinema e da TV na moda. A atmosfera do evento, reservado a imprensa e convidados, era de anos 50 e 60, em homenagem a “Mad Men”, cuja figurinista indicada ao Emmy, Janie Bryant, foi a grande atração da noite, assim como os figurinos do seriado expostos na entrada. Apresentada por Fernanda Young, Janie, pela primeira vez no Brasil, subiu ao palco usando um vestido longo plissado Carlos Miele. “Tenho que homenagear”, diz sorrindo. A figurinista começa fazendo uma breve introdução revelando o seu olhar em relação à moda, dizendo que as roupas não são só coisas e que moda permite transformar e criar, “mostrar ao mundo quem vocês são”, conclui.

Desenhos do figurino de “Mad Men” apresentados por Janie ©Ricardo Toscani/FFW

Janie continuou contando um pouco sobre a sua trajetória profissional e pessoal e de como acabou sendo a figurinista de uma das séries mais assistidas do momento. Ela desenhou o seu primeiro vestido aos oito anos e fazia peças para as suas Barbies com amostras de tecido que a sua mãe trazia para casa. Desde cedo, também brincava muito com bonecas de papel, criando personagens e histórias na sua cabeça. A paixão pelo cinema veio da sua mãe, que adorava filmes antigos. Quando mais tarde, depois de estudar moda em Paris, percebeu que poderia juntar as suas duas paixões, ela não hesitou – ligou a todo mundo que conhecia no cinema, e acabou fazendo o seu primeiro filme “The Blessing”, em que as suas funções se estenderam até o desenho de cabelo e maquiagem. Algum tempo depois, já em Los Angeles, desenhou figurinos para filmes de terror. Depois disso, Janie estava desiludida com o mundo do cinema e com a sua profissão e se afastou, para focar nas suas viagens inspiradoras, como a que fez para o Marrocos na época do Ramadã; e no design de acessórios e roupas que fazia para os seus poodles. “Se eu soubesse que roupa de cachorro teria tanto sucesso, tinha continuado, agora estaria rica”, diz brincando. Foi só quando começou a trabalhar com o roteirista e produtor David Milch, em 2003, na série de época “Deadwood”, que os olhos de Janie voltaram a brilhar e ela soube que havia escolhido a profissão certa.

Figurino da série “Mad Men” em exposição no evento ©Ricardo Toscani

A sua participação em “Mad Men” começou quando foi convidada pelo produtor Matthew Weiner para uma conversa, nos escritórios da Lionsgate Television. “Tivemos uma reunião de duas horas, só conversando” diz. “Quando criamos a série, ela era o nosso segredo, e nunca pensei que fosse se tornar um fenômeno mundial, muito menos o figurino, e que estaria aqui hoje, no Brasil, conversando com vocês”, acrescenta.  Para Janie, o figurino é uma espécie de resumo do personagem: “É minha responsabilidade contar a história do personagem através da sua roupa”, confessa.

“Não era minha intenção desenhar o figurino de “Mad Men” para as pessoas terem um ‘ataque de moda’. A intenção era tornar os personagens reais”, explica, depois de contar que se deu conta do sucesso do figurino quando os seus amigos lhe ligavam dizendo que tinham visto o Don Draper e a Betty Draper na rua ou pedindo orientações de figurino para uma festa cujo tema era a série. Janie termina a sua apresentação falando sobre as oportunidades que a série lhe trouxe, como escrever o seu livro “The Style File”, as duas coleções que desenhou em parceria com a Banana Republic, e as Barbies Mad Men. “Tudo volta às Barbies!”, brinca, relembrando o início da sua carreira. No futuro, Janie quer se afastar dos figurinos e dedicar-se a sua marca, da qual com certeza teremos novidades em breve.

Barbie Mad Men com figurino desenhado por Janie ©Reprodução

A palestra continuou com a presença de três figurinistas nacionais: Marília Carneiro, figurinista da TV Globo em novelas como “Tititi” e “Dancin’ Days”; Glória Sampaio, de “Cheias de Charme”; e Kika Lopes, que assinou a edição de roupas do filme “Zuzu Angel”. Glória falou sobre o figurino peculiar da novela “Cheias de Charme”, que conta a história de três empregadas domésticas que viram cantoras de sucesso. “Eu sempre mostro o figurino a minha filha de nove anos, é assim que estabeleço o limite entre o que é cafona e o que não é!”, contou a figurinista, afastando do público os preconceitos de “roupas cafonas”. Sobre como as roupas das novelas influenciam as pessoas, Marília compartilhou a história do que criou para Sônia Braga em “Dancin’ Days”: “A primeira vez que vi um dos meus figurinos na rua foi muito emocionante. Era uma roupa que idealizei para ser usada pela Sônia Braga e eu vi em uma velhinha!”, disse entre risos. Kika Lopes por outro lado, deu a sua versão enquanto figurinista de cinema e falou sobre a diferença entre figurinos de época e atuais. “Eu acho mais difícil criar figurinos contemporâneos, porque todo mundo dá palpite, todo mundo acha que sabe fazer figurino”, explicou.

O evento terminou com um desfile dos figurinos de “Cheias de Charme”, “Zuzu Angel” e, trazidos especialmente de Nova York para o evento, os de “Mad Men”.

Veja na galeria abaixo as fotos do desfile: