Não tem pra ninguém: 2009 foi dela. Lady GaGa começou o ano com um disco bem criticado e terminou com a faixa mais baixada da história, 500 milhões de acessos no You Tube, reconhecimento de Madonna e uma parceria com Beyoncé. Para coroar um ano de tantas conquistas, ela lançou “The Fame Monster”, disco duplo que conta com o primeiro álbum, “The Fame”, mais um EP de oito faixas novas.
O álbum abre com o hit “Bad Romance”, uma canção pop cheia de subversão. A letra poderia ser fruto de uma parceria entre Lady GaGa e Marilyn Manson: “Eu quero o seu horror/ Quero a sua doença”. E, com ajuda de um videoclipe épico (assista na sequência), ela criou o single mais baixado de toda a (recente) história da internet. A moda, que funciona como um trampolim para GaGa, é levada às últimas consequências no vídeo: o stylist Nicola Formichetti não economizou com roupas e acessórios, chegando a vestir a cantora num look de passarela que fechou o desfile de Alexander McQueen coleção de Verão 2010 – recém-apresentada em Paris.
Apesar de não ser a melhor faixa do álbum, “Bad Romance” resume a história: fala da relação destrutiva entre fama, celebridades e seus fãs. Além disso, é uma cartada de mestre da música pop, que volta a ditar as regras da indústria fonográfica depois de um período no ostracismo. É como se Lady GaGa fosse eleita porta-voz de um movimento que ressurge para colocar outros gêneros – como o rock – em total segundo plano, pelo menos na cobertura da mídia.
Na sequência vem “Alejandro”, que remete ao drama de “La Isla Bonita” (Madonna), cantada em espanhol caricato mas cheio de ganchos pop viciantes. Em “Monster”, ela fala sobre um homem que devora “seu coração e depois seu cérebro” com uma malha eletrônica e um refrão pausado (“ma-ma-ma-monster”). “Speechless”, que segundo GaGa é a sua obra-prima, poderia ser uma balada do Queen ambientada com a guitarra dos Beatles, ou seja, uma música excelente. E que fica ainda mais interessante com os vocais quase lunáticos da cantora que adora atear fogo – literalmente – em suas roupas e pianos.
“Dance In The Dark” transforma o saxofone de “Careless Whisper” (George Michael) num sample de sintetizadores – esse é basicamente o seu trunfo, destacado pela letra em que GaGa se define como sendo uma “puta livre”. “Telephone”, o próximo single, é de longe a mais pegajosa do EP, com um refrão matador e a participação de Beyoncé (prepare-se para a próxima “Just Dance”). Em “So Happy I Could Die”, GaGa apela mais uma vez para a fórmula de synthpop radiofônico, com batidas de hip-hop e mais um refrão escapista/crítico: “Feliz no clube com uma garrafa de vinho / Seja minha amiga, te amo pra sempre / Tão feliz que poderia morrer”. O disco fecha com “Teeth”, que mistura rock cigano e cabaré, cantados numa espécie de mantra.
A premissa de “The Fame Monster” é matadora. A ousadia da cantora foi diluída nas oito faixas, que repetem a fórmula da “garota que encheu a cara na boate ao som de sintetizadores oitentistas”. Mas isso não afeta em absolutamente nada a sua habilidade para provocar as massas e criar hits. Lady GaGa é uma criatura que a música pop não via desde Cyndi Lauper, ou mesmo Madonna – e a moda tem um efeito crucial na criação deste novo mito. Tamanha a importância do figurino que a cantora lançou uma grife própria, a Haus of GaGa, para criar suas roupas de palco.
Despudorada e sem medo de ser feliz, ela mesma delibera sua sentença: “Sou tão vazia quanto me permito ser/ E tudo bem” (trecho da música “So Happy I Could Die”). Alguém vai discordar?
Artista: Lady Gaga
Álbum: The Fame Monster
Gravadora: Universal Music
Preço Sugerido: R$ 25
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