O que você faria se pudesse dirigir um filme com Julianne Moore, Mark Ruffalo e Annete Benning? A diretora Lisa Cholodenko escolheu uma comédia-romântica. Não que o longa-metragem, que estreia nesta quinta-feira (11/10) nos cinemas brasileiros, tenha uma premissa convencional _a história é calcada em cima de um casal de lésbicas americanas que tem dois filhos, concebidos através de inseminação artificial de um doador anônimo, que é procurado pelos dois e entra na vida da família.
Se à primeira vista o roteiro indica um um drama profundo, em poucos minutos percebe-se que os papéis principais parecem ter sido pensados mais para Sandra Bullock do que Moore. A ruiva vive Jules, uma Madame Bovary contemporânea, burguesa entediada e frustrada profissionalmente. Sua esposa, Anette, vive a médica workaholic Nic.
A química e perfomances das duas salvam o filme, especialmente Benning, com suas neuroses e irritações (que vão de conversas intermináveis sobre comida orgânica à presença do novo pai).
Anette Benning e Julianne Moore vivem um casal de lésbicas em “Minhas Mães e Meu Pai” ©Divulgação/ Imagem Filmes
O casal de filhos (Mia Wasikowska e Josh Hutcherson) não impressiona, mas manda bem; e Ruffalo cai como luva ao papel de Paul, um solteirão deslocado, mas interessado por sua prole inesperada. O filme começa na comédia e se desenrola em um drama, que é resolvido _com buracos sérios de roteiro_ em clima de final feliz.
A direção e o roteiro desperdiçam todas as oportunidades de explorar os dramas ou aspectos mais interessantes da situação pouco convencional. Sem contar no potencial do elenco que a diretora tinha à disposição. Nem Julianne Moore consegue salvar um dos diálogos finais do constrangimento, falando sobre como “casamento é difícil” e que “as pessoas mudam”. Como filme pipoca, “Minhas Mães E Meu Pai” não perde em nada; mas como grande produção e candidato ao Oscar, deixa de ganhar.
+ Imdb: imdb.com/title/tt0842926