A imagem é uma linguagem e o interesse em produzí-la tem relações com a necessidade humana de se comunicar. Comunicar o quê? Queremos dizer por onde passamos, o que vimos, gostamos e o que achamos disso ou daquilo. Vamos dar uma pincelada pelas diferentes maneiras pelas quais os artistas tratam o processo criativo na oitava arte.
Antes de tudo, é preciso notar que, ao enquadrar um pedaço do espaço e tempo do nosso mundo para congelá-lo em uma imagem bidimensional, fazemos uma edição da realidade, separando um assunto de todo o resto ao seu redor. Como no texto, ao fotografar, revelamos nossa opinião sobre os fatos e pessoas, como uma releitura dos mesmos.
“Dali Atomicus” (1948) por Philippe Halsman, que precisou de 28 tentativas para chegar à imagem desejada
Seja no fotojornalismo ou na fotografia produzida, participa-se ativamente no que será mostrado como resultado final. No primeiro, como fotógrafo invisível: escondendo-se na multidão, observando e selecionando, como fazia Cartier-Bresson, que já chegou a esconder a câmera com um lenço e fingiu espirrar para soltar o clique. No segundo, dirigindo os elementos pré-selecionados para criar uma mensagem ou estética desejada, como Gregory Crewdson, que utiliza métodos hollywoodianos para produzir suas fotos milionárias.
Uma das fotos de Gregory Crewdson (2006), vendidas a US$ 60 mil cada, sendo gasto US$ 2,9 milhões em sua produção, mostrada no vídeo abaixo, a partir dos 2m30s
Podemos fazer parte ou não do mundo que desejamos mostrar. Larry Clark fotografou cenas do seu dia a dia, usando drogas com os amigos em Tulsa. O resultado foi uma exposição da juventude americana subversiva dos anos 60. Sally Mann mostrou de forma polêmica seus próprios filhos brincando em sua casa de campo, retratando de maneira nua e crua os principais elementos da infância: felicidade, medo, diversão, violência e conhecimento da sexualidade.
Candy Cigarette (1989) em “Immediate Family”, de Sally Mann
Já Susan Meiselas dizia: “A câmera é uma desculpa para estar em um lugar em que você não pertence. Ela me dá tanto um ponto de conexão quanto um ponto de separação”. É assim que podemos ver Robert Capa descendo de uma embarcação, armado com uma câmera em volta de homens armados com metralhadoras no Dia D, durante a Segunda Guerra Mundial.
Foto de Robert Capa durante a invasão da Normandia (1944)
Fomos culturalmente ensinados a ler com imagens, embora não seja tão óbvio quanto em um texto, já que a leitura de uma foto não se dá através de regras gramáticas, mas sim por meio de experiências culturais ou pessoais. Gostamos daquela rua que nos lembra da primeira vez em que andamos de bicicleta, ou então aquele senhor que se parece com nosso avô. Assim, fazemos referências com as cores, formas, pessoas e cenários, montando nossas próprias mensagens através de imagens que vemos e fazemos.
Conheça mais alguns fotógrafos, invisíveis ou ativos em seus meios, que conseguiram extrair a essência da linguagem poética na fotografia: