Quem assistiu Halston, não deve ter conseguido desgrudar os olhos de Elsa Peretti. A figura cativante, interpretada ilustremente por Rebecca Dayan. A modelo e designer, que foi diretora criativa da Tiffany & Co. e nos deixou neste ano, tem um legado invejável na moda.
Elsa Peretti nasceu em berço de ouro, em 1940, em Florença na Itália, estudou design de interiores e trabalhou com arquitetura, até se mudar para Barcelona, em 1966 e se tornar modelo, carreira que a levaria para Nova Iorque apenas dois anos depois. Na cidade, trabalhando como modelo, ela rapidamente se inseriu nos círculos mais fechados da moda, se tornando favorita do fotógrafo Helmut Newton, musa e amiga pessoal de Halston.
Os primeiros designs de Peretti, apareceram nas passarelas de Halston e do designer Giorgio di Sant’Angelo, uma fivela de coração e um pingente de garrafa, respectivamente. Por um tempo, Elsa manteve o trabalho como modelo para pagar pela produção de suas joias, até que em 1972, sua coleção foi comprada pela Bloomingdale’s, onde ela ganhou uma boutique especial. Dois anos depois, Halston teria apresentado Elsa para os executivos da Tiffany, que supostamente a contrataram em 15 minutos.
Em setembro do mesmo ano (1974), a primeira coleção de Elsa para a Tiffany & Co. foi muito bem recebida pela clientela da marca, e muitas peças rapidamente se tornaram itens de colecionadores em todo os Estados Unidos. Os designs de Elsa eram inovadores e diferentes do que se via na época, com formas orgânicas e uma especial fascinação por ossos e cobras. Ela se recusava a se encaixar nos moldes tradicionais, como quando desenhou o frasco do primeiro perfume de Halston, uma embalagem orgânica, torta e com curvas, de difícil produção, mas que imediatamente se tornou um sucesso para ambos.
Elsa Peretti também sempre deixou claro que “desenha para a mulher trabalhadora”. Um diferencial do seu trabalho foi a acessibilidade que ela trouxe à Tiffany&Co., inserindo nas coleções o uso de materiais como a prata esterlina, que barateavam o produto final – algo que era muito bem vindo no período entre crises e desacelerações econômicas no mundo todo. Isso também possibilitou que as mulheres comprassem suas próprias jóias, para si mesmas, sem precisar de ocasiões especiais ou depender de um marido para isso (na época, a diferença salarial entre homens e mulheres era ainda maior, e mulheres ganhavam bem menos, no geral).
A designer também teve um trabalho importante de filantropia mais ao final de sua vida, criando a própria instituição, a Fundação Nando e Elsa Peretti – Nando era o nome de seu pai. Elsa Peretti faleceu aos 80 anos, pacificamente em 18 de março de 2021, dormindo em sua casa, e nos deixou um grande legado na moda que felizmente será ainda mais lembrado com a série Halston, disponível na Netflix.