Depois da parceria de moda praia com a Osklen apresentada em abril no Fashion Rio, Bianca Brandolini ataca mais uma vez de designer. Agora, ela incursiona pelo mundo da joalheria e lança uma linha em parceria com a Amsterdam Sauer. A coleção-cápsula Underwater foi desenvolvida por ela em conjunto com a equipe de criação da empresa.
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Em entrevista ao FFW, Bianca contou que a inspiração veio do Rio de Janeiro. São cerca de 30 peças divertidas e glamourosas que incluem anéis, brincos, pulseiras e colares em formas orgânicas inspiradas na fauna e flora marítima, como caranguejos, peixes e conchas. O carro-chefe é a opala, cuja fluorescência furta-cor lembra as escamas de peixes, além de ser uma pedra com grande percentual de água.
Filha de pai italiano e mãe brasileira, Bianca cresceu entre França, Itália e Brasil. A mãe, a condessa e musa de Valentino Georgina Brandolini d’Adda, deixou o Rio de Janeiro com poucos dias de vida com o pai, o príncipe francês Jean-Louis Faucigny-Lucinge. Georgina sempre circulou pela alta sociedade, e foi assim que começou a trabalhar com Valentino e com Oscar de La Renta na Balmain.
Isso ilustra um pouco o ambiente em que Bianca cresceu. Ela contou que conheceu Giambattista Valli aos 6 anos: “ele veio em casa para um jantar com meus pais, e eu estava de pijama dizendo ‘oi’ para ele”. A filha herdou da mãe o gosto pela moda e um estilo elegante e discreto, além de também ser assídua no high society mundo afora. Esse ambiente tem tudo a ver com a coleção assinada pela it-girl. Assim como as peças para a Osklen, a linha para a Amsterdam Sauer combina com mulheres que frequentam balneários e praias chiques e festas do jet-set internacional.
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Confira a entrevista com Bianca Brandolini na íntegra:
Fale um pouco sobre essa coleção. Como esse trabalho começou e qual foi a sua inspiração?
Um ano atrás, a Amsterdam Sauer me contatou para fazermos uma coleção-cápsula, que nós vamos continuar. Para mim, estando no Rio, estava muito óbvio [o que seria]. Como minha primeira coleção, olhei muito para todas as pedras que eles têm, para o arquivo. Então, eu trouxe a ideia de debaixo da água [underwater], fazendo peixes, águas-vivas, conchas, e eu realmente queria trabalhar a possibilidade de pedras encravadas. Eles têm um arquivo enorme de opalas, o que é engraçado, porque essa pedra tem muita água. Por isso eu trouxe essa ideia, porque tudo estava conectado. Eu queria fazer duas linhas na mesma coleção. Uma dessas peças mais importantes, a pulseira [que ela usava], o colar que Carolina [Overmeer] está usando. E eu queria algo também que tivesse a ideia de adicionar, de colocar isso com aquilo e com aquele outro.
Você também pensou nas joias que você gostaria de usar?
Sim. Quando faço um trabalho, não é sobre mim, mas claro que não vou desenhar algo que eu não vou usar. Cada peça é algo que eu gostaria de usar. Claro que tenho as minhas preferidas.
Qual a sua peça preferida?
Essa pulseira de opalas.
Primeiro você fez a coleção de moda praia para a Osklen, e agora esse trabalho. Você acha que pode seguir por essa linha, que é algo a que você queira se dedicar mais?
Foram dois projetos diferentes, um era roupa e esse são joias, e são dois mundos que eu verdadeiramente amo. Não sei se vou fazer colaborações com muitas pessoas, mas não é a ideia. Quando tenho interesse e propostas, como tive com Amsterdam Sauer e Osklen, claro que eu vou dizer sim. Se não tiver nenhum interesse na marca ou se realmente não gostar do trabalho, não vou fazer. Amsterdam Sauer, por exemplo, eu conhecia o nome. Eles me contataram, eu fui lá, olhei as pedras, vi como trabalham e realmente gostei que eles trabalham como antigamente, tudo manufaturado pedra por pedra, só pessoas, sem máquinas. Eu me apaixonei por aquilo. Por isso falei “vamos lá! Vamos fazer isso”. Mas eu nunca digo sim nem demonstro interesse em algo sem checar tudo. E aí pode ser “não, desculpe, não posso ajudar”, ou “sim, eu adoraria fazer algo”.
Como é a sua relação com essas colaborações. Você se diverte fazendo isso?
Sim, eu adoro, especialmente quando tenho equipes excelentes trabalhando comigo. Quando você não tem a sua própria marca, é ótimo que tenha grandes equipes que sejam capazes de fazer as coisas que você imagina e que você gostaria de usar.
Você está sempre na primeira fila dos mais importantes desfiles do mundo e está nas galerias de foto dos eventos badalados. Provavelmente muitas mulheres gostariam de ser como você. Fale sobre a sua rotina, o seu dia a dia.
Eu não posso falar sobre uma rotina, porque viajo muito. Então, não tenho uma rotina. Eu me sinto privilegiada pela vida que tenho. Eu cresci com moda. Eu adoro olhar roupas, me vestir, experimentar roupas. E é louco porque para mim é fascinante ver todos esses estilistas trazerem a cada seis meses uma coleção inteira nova. Quando você para por dois segundos para pensar de verdade sobre um desfile, é muito louco, porque nós vamos lá, sentamos por sete minutos e vamos embora, mas atrás daquilo é muita pesquisa, pesquisa de materiais, de tecidos, do que as pessoas vão querer vestir, design, é louco. Para mim é realmente como assistir a uma peça de arte ou algo assim. E eu nunca fico entediada.
Você tem muito contato com pessoas como Stefano Dolce e Domenico Gabbana, Karl Lagerfeld…
Sim, tenho muitos amigos estilistas, mas é porque cresci em uma família da moda. Muitos deles eu conheço desde crianças. Giambattista Valli é meu amigo, mas ele me conheceu quando eu tinha 6 anos. Ele veio em casa para um jantar com meus pais, e eu estava de pijama dizendo “oi” para ele. É como olhar para o trabalho de um amigo e apoiar.
Você aprende muito com esse convívio?
Você sempre aprende com eles. Quando trabalhei com Stefano e Domenico, aprendi muito. Cada estilista tem o seu jeito de construir a mulher, e o que feminilidade é. Eu aprendi muito com eles sobre ser uma mulher forte, moderna, independente, trabalhadora, mas gostando de si mesma e gostando de moda. Em outro estilo como Valentino, você nunca vai encontrar algo que não seja essencialmente feminino, então, cada um tem uma visão diferente da mulher. É interessante porque quando eu visto Dolce & Gabbana ou Valentino ou Giambattista Valli, sou eu, mas sempre outro lado meu.
+ Veja as peças da coleção de Bianca Brandolini para Amsterdam Sauer (preços sob consulta):