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    Bob Wolfenson celebra 50 anos de carreira com exposição de fotos de moda

    O renomado fotógrafo reuniu 32 fotos de seu acervo que trazem um recorte da história da moda e cultura nacional.

    Bob Wolfenson celebra 50 anos de carreira com exposição de fotos de moda

    O renomado fotógrafo reuniu 32 fotos de seu acervo que trazem um recorte da história da moda e cultura nacional.

    POR Gabriel Fusari

    A Galeria Mario Cohen abre suas portas para a exposição “Instante Construído”, em celebração aos 50 anos de carreira do fotógrafo Bob Wolfenson, um dos mais renomados do país. A mostra reunirá 32 obras que sintetizam a extensa trajetória de Wolfenson, com foco especial em suas fotografias de moda. Ao longo dessas cinco décadas, Bob colaborou com as principais revistas de moda brasileiras, entre elas Vogue, Elle e FFWMAG, para as quais criou imagens que marcaram grandes momentos da moda nacional. 

    Com texto de apresentação de seu colega de profissão J.R. Duran, a exposição traz uma seleção de imagens que refletem a diversidade de temas e técnicas abordadas ao longo da carreira de Wolfenson, desde seus clássicos retratos e editoriais de moda até suas fotografias autorais. Conversamos com Bob Wolfenson para entender sobre a produção por trás desses 50 anos resumidos na exposição. 

    O que você quer expressar com o título “Instante Construído”? Como traduz essa ideia no seu trabalho fotográfico?

    A fotografia é sobre capturar um instante, mas, na fotografia de moda, esse instante é uma construção, uma ficção. Embora possa utilizar elementos da realidade, é sempre uma construção ficcional. Você cria histórias e, com isso, promove um instante. Assim, a fotografia captura esse instante que, de certa forma, se torna único. É nesse sentido que a fotografia de moda difere das outras.

    Com tantos anos de carreira e um corpo de trabalho composto por centenas de grandes imagens, como foi escolher apenas 32 para essa exposição? Houve algum critério especial?

    Escolher 32 fotos foi muito difícil. Na verdade, houve uma curadoria feita pelo Mario Cohen, que reduziu bastante o material que tínhamos inicialmente. Depois, continuamos conversando, trocando ideias, ajustando detalhes, e até o último minuto provavelmente ainda farei mudanças, porque este é um trabalho que está sempre em andamento. Os próprios pensamentos, as conexões e as articulações entre as fotos também evoluem. A disposição das fotos na parede influencia muito como vamos construir a narrativa, porque uma exposição de moda é uma história dentro de outra história. Qualquer exposição fotográfica conta uma história sobre outra história, sendo uma nova conexão das fotos entre si. Por isso, também pensamos em como conectar uma foto com a outra. Esse foi um dos pontos de partida.

    J.R. Duran comenta no texto de apresentação que suas fotos de moda são atemporais. Na sua opinião, o que faz com que elas sejam vistas dessa forma?

    Eu acho que a fotografia de moda, como na observação do Duran sobre serem atemporais, quando sai do contexto no qual foi criada e resiste ao tempo, passa a existir além da encomenda e das injunções comerciais da época em que foi feita. Quando resiste e se torna uma crônica de uma época, de um comportamento, de um determinado tempo, ela se torna atemporal. Ele vê isso dessa forma; eu não sei se concordo totalmente, mas acho interessante. Hoje, vemos fotos de moda em grandes museus do mundo que saíram do contexto de sua criação e se tornaram expressões de moda e comportamento de uma época, mostrando como as pessoas se vestiam e qual era o gosto de uma certa faixa da sociedade. É sempre importante pensar nisso também.

    Você mencionou que fotografar moda é uma forma de criar suas próprias histórias. Pode nos contar um pouco mais sobre essas histórias que você gosta de construir através das suas imagens?

    Bom, eu acho que o que me levou a ser fotógrafo de moda foi uma certa generosidade das revistas e publicações de moda, algo bem diferente do que o fotojornalismo conseguiu nas publicações, pelo menos aqui no Brasil. Em geral, quem trabalhava com fotojornalismo estava muito à mercê do texto, e a foto era quase uma foto-legenda, na maioria das vezes, com algumas exceções. A fotografia de moda sempre teve, por exemplo, dez páginas de uma revista para preencher com doze ou quatorze fotos, e depois chegou a uma época em que eram vinte, trinta páginas com a mesma história. Isso é muito bom porque você tem espaço para criar, e foi isso que me levou a buscar a fotografia de moda. E aí você constrói histórias. Mesmo que o nexo não passe para quem está vendo, para quem está fazendo é importante que tenha algum tipo de nexo, algum tipo de… Na fotografia, as histórias são sempre fragmentos, né? Não há uma linearidade como na imagem em movimento, que tem começo, meio e fim. Na fotografia, você trabalha com esses fragmentos e constrói histórias, às vezes até mais experimentais do que na fotografia em movimento, que é o cinema. Isso num primeiro momento, claro. Existem filmes experimentais e também fotografias muito… David Bailey tem uma frase muito boa: “Nunca houve tantas fotografias ruins de moda como as fotografias de moda de hoje em dia.” Um pouco porque há muita gente fazendo, muita fotografia — não que as minhas sejam exceções, eu também tenho muitas fotos ruins de moda. E é isso.

    Exposição “Instante Construído”, de Bob Wolfenson, na Galeria Marion Cohen. De 5 de setembro a 10 de outubro de 2024.

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