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    “Tudo que eu faço é pra passar uma mensagem”, diz Lea T ao FFW
    “Tudo que eu faço é pra passar uma mensagem”, diz Lea T ao FFW
    POR Redação

    N.R.: esta entrevista foi publicada originalmente em 2011, mas devido ao fato de Lea estar no Brasil e ser uma porta-voz forte na defesa dos direitos humanos, achamos uma bom momento para rever essa conversa.

    Horas antes do desfile da Blue Man no Fashion Rio Verão 2012 formava-se uma fila de jornalistas e fotógrafos que esperavam a vez de entrar no camarim da grife. O motivo? A convidada especial da marca, que agora é dirigida por Sharon Azulay: a modelo Lea T.

    1-lea-t-entrevista-ffw-fashion-rio-verao-2012Lea T durante entrevista ao FFW ©Juliana Knobel

    Após passar por três portas controladas pela assessoria de imprensa da Blue Man, chegou a vez do FFW entrevistar a modelo. Tranquila e bem-disposta, Lea foi simpática e até se ofereceu para segurar o gravador da repórter durante a entrevista. Confira a conversa:

    Primeiro, como foi a sessão de fotos da Blue Man com o Terry Richardson?

    Foi legal, divertido. O Terry é um amor, muito fofo, muito legal mesmo. A gente não se conhecia, mas espero encontrá-lo de novo, nem que seja para almoçar ou jantar junto.

    E foi tranquilo?

    Super! No começo… eu sou sempre meio estranha quando tem muito homem, mas a galera era muito legal. Foi gostoso.

    Aproveitando essa história de moda praia: você sente uma diferença grande entre a moda praia brasileira e a europeia?

    A moda praia na Itália não existe. O forte mesmo do biquini mundial é o Brasil, então lá a gente não pode levar em consideração, ela não existe, nem em Paris. Dos estilistas que eu gosto, eu não conheço, eles fazem uma ou duas coisas, mas não. Mesmo no verão eles fazem casacos, parece um inverno light. Porque está sempre aquele friozinho, dependendo de onde você mora não faz muito calor; nunca tem aquele verão forte como aqui.

    2-lea-t-entrevista-ffw-fashion-rio-verao-2012Lea T durante entrevista ao FFW ©Juliana Knobel

    Falando sobre Brasil, as brasileiras têm fama de vaidosas; como é a sua relação com a beleza?

    (risos) Eu tento melhorar o possível do que dá pra melhorar, mas eu tenho só dois cuidados: pele e cabelo. Não sou tão vaidosa. Meu cuidado diário é lavar o rosto, tônico, creme, duas vezes ao dia, com creme da dermatologista. E o cabelo eu lavo, e uso produtos da Kerastase.

    Nas duas vezes que você veio desfilar no Brasil houve uma comoção enorme, com muita atenção do público e da impresa; você vê essa atenção toda como algo positivo ou se sente incomodada?

    Em alguns momentos sim, em alguns momentos não. É o que eu falo: a gente não pode deixar essa imagem virar uma coisa estúpida. Porque a mensagem é discriminação, falar a respeito da transsexualidade, das transsexuais que são obrigadas – porque não tenho nada contra a prostituição, mas o negócio é você ter escolha de você se prostituir ou não. Quando você é transsexual, na maior parte dos países do mundo você não tem escolha, é obrigada. Então o importante é lembrar disso; não que a Lea tá com cabelo loiro, que ela fez isso ou aquilo (risos). Eu estou aqui, e isso tudo que eu faço é pra passar uma mensagem pra galera das transsexuais, dos homossexuais, ou de qualquer tipo de diferença. Porque eu não quero mudar o mundo, mas essa atenção eu acho que a gente tem que aproveitar pra levar pra um lado bom, senão ela vai logo pro lado estúpido. Porque a gente está falando de moda, então temos que aproveitar isso pra levar pra um lado mais positivo.

    3-lea-t-entrevista-ffw-fashion-rio-verao-2012Lea T durante entrevista ao FFW ©Juliana Knobel

    Você sente então uma responsabilidade em educar as pessoas?

    Eu não sinto responsabilidade em educar as pessoas, mas pelo menos eu contando a minha história, que é muito mais branda do que de outras, mas pelo fato de ser filha de uma pessoa famosa e trabalhar como modelo, eu aproveitei essa coisa para esse projeto – que não é só meu, mas com todas as minhas agências, com o Ricardo Tisci, então a gente quis trabalhar em cima disso. Mas eu não me sinto com responsabilidade de nada, cada um é responsável pelo que faz, né? Eu simplesmente falo, com a oportunidade que eu tive, e acho que podia haver mais possibilidade pra outras pessoas também.

    Por último, gostaria de saber se você acompanha as coisas que são ditas a seu respeito na imprensa, e qual é o maior erro que já ouviu e gostaria de esclarecer.

    Eu seguia, mas começou a não ser bom, porque infelizmente a imprensa, assim como pode ser boa, pode ser muito má. E a coisa que mais me fere não é nem quando eles falam que eu sou feia ou algo assim, isso eu nem ligo. É quando eles falam nos blogs que eu sou um erro, que ser transsexual é uma desgraça, que eu desgracei a vida da minha familia. Eu li muito essas coisas. E isso não toca nem tanto a mim, num lado pessoal, mas eu imagino outra pessoa que tem que virar transsexual e lê isso — ela nunca vai conseguir se abrir. Porque se ela lê as pessoas falando isso… no Brasil tem uma discriminação muito forte. Eu leio na internet. Já me chamaram de desgraça, demônio, satanás, as coisas piores que você pode imaginar.

    E até quando afeta só a mim, eu não ligo; o problema é quando afeta a todo um gênero. Porque tudo bem, você pode não gostar de mim, isso é sua escolha. Mas você não tem o direito de não gostar de toda essa população das transsexuais, que não é uma vida simples. Então eu parei de ler.

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