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    A beleza etérea da fotografia autoral de Deborah Turbeville
    A beleza etérea da fotografia autoral de Deborah Turbeville
    POR Redação

    Kerim Ragimov e Olga Rastrosta, São Petersburgo, 1996 ©Deborah Turbeville/Reprodução

    A fotografia é a arte de capturar a mágica do instante, tornando-o eterno: as imagens, capazes de superar o tempo e o espaço, têm o poder de atingir pessoas com as mais distintas experiências e personalidades. A força – e a disseminação – de tais imagens, no entanto, é por vezes tão esmagadora que encobre seus próprios criadores. Quem associa os poéticos retratos de Paolo Roversi a sua figura física? Ou, mais extensivamente ainda, quantos se lembram do rosto de Edvard Munch diante do quadro “O Grito”? Há, decerto, artistas que se convertem em estrelas midiáticas e, por motivação particular ou não, acabam por vincular suas obras à vida pessoal – como desassociar, por exemplo, o trabalho de Andy Warhol de sua polêmica persona? A fotógrafa americana Deborah Turbeville foi uma das primeiras mulheres a conquistar um espaço nesse segmento até então dominado por homens e, ao longo dos mais de 35 anos de carreira, manteve-se sempre discreta por trás das lentes, dando prioridade a sua criação autoral, de uma beleza ímpar.

    Fotografias para as revistas “Vogue Pelle”, 1982 e “Nova”, 1973 ©Deborah Turbeville/Reprodução

    Apesar de colaborar frequentemente com publicações como as revistas “W”, “V”, “Grey” e diversas edições da “Vogue”, Deborah Turbeville nunca se considerou uma fotógrafa de moda. Sua carreira, que começou quase que por acidente, sempre foi direcionada para atender suas referências e desejos pessoais: o amor pelo cinema atmosférico de Rainer Werner Fassbinder, Luchino Visconti e Jean Cocteau, que inspirou de forma definitiva seu estilo, o fascínio por São Petersburgo e Paris e a preferência por retratar artistas ou personagens reais em lugar de modelos são percebidos com facilidade mesmo em seus trabalhos mais comerciais. Turbeville, que nasceu em 1938 no estado de Massachussetts, Estados Unidos, cresceu rodeada por adultos. Sua grande timidez, os poucos amigos e o isolamento durante os verões na longínqua cidade de Ogunquit moldaram a personalidade e a obra da americana.

    Em meados de 1957, com aproximadamente 20 anos, Deborah Turbeville mudou-se sozinha para Nova York. Lá, trabalhou como modelo de prova e depois como assistente da estilista americana Claire McCardell. Logo após, a americana conseguiu um emprego na “Harper’s Bazaar”: “Quando eu fui trabalhar na Bazaar, em 1963, era um período incrível para a fotografia de moda. (…) Duas vezes por ano eles produziam um imenso portfólio de crianças e disseram: Venha com uma boa ideia e nós lhe atribuiremos um fotógrafo”, comentou em recente entrevista ao Style. Ao lado de Bob Richardson (pai de Terry Richardson), Turbeville atuou como stylist e ambos conquistaram relativo êxito até serem presos em um rancho no Texas e serem “convidados” a deixar a revista.

    Fotografia para a “Vogue” italiana de 1978 ©Deborah Turbeville/Reprodução

    Ao deixar a “Harper’s Bazaar”, Deborah Turbeville fez algumas importantes matérias em colaboração com Diane Arbus e Richard Avedon. Esse último, inclusive, tornou-se uma espécie de mentor e incentivador da americana. A partir daí, Turbeville comprou sua primeira máquina – uma Pentax – e, simultaneamente ao novo trabalho na “Mademoiselle”, começou a fotografar seus próprios editoriais para a revista: “[exercer as funções de stylist e fotógrafa] me ajudou porque eu não precisei a princípio ganhar a vida como fotógrafa. Eu nunca teria conseguido. Minhas imagens tinham um foco sútil, era uma coisa completamente nova”.

    Da mesma maneira que a paixão pela fotografia surgiu em decorrência das circunstâncias, o estilo adotado por Deborah Turbeville também foi em parte acidental: “Começou em consequência da forma que eu utilizava a câmera. Eu tinha lentes de foco muito suave e gostava desse tipo de foco, tudo saía muito suave”, justificou a fotógrafa ao Style. As imagens criadas pela americana parecem sempre dotadas de uma atmosfera fantasmagórica, enquanto que os protagonistas retratados guardam uma melancolia aparentemente indolor – eles não precisam gesticular ou derramar lágrimas para causarem no “espectador” um forte sentimento de nostalgia e piedade. A obra de Turbeville possui unidade – a beleza etérea de seus elementos é borrada, misteriosa, passional, quase como se aqueles seres estivessem a ponto de se desintegrar.

    “Bathhouse”, 1975  ©Deborah Turbeville/Reprodução

    Além das reproduções mais autorais, sua obra abrange imagens de moda icônicas e revolucionárias para seu tempo. Em 1975, a americana fez uma de suas fotografias mais importantes e talvez a mais polêmica: em um trabalho para a “Vogue” de seu país, capturou cinco garotas trajadas informalmente em um enorme banheiro. Para olhos acostumados à sociedade do espetáculo deste século XXI, a imagem pode não causar nenhum impacto, mas à época a repercussão foi massiva: “Quando ela foi publicada, várias pessoas cancelaram suas assinaturas. Disseram que era ofensiva e que parecia com Dachau [campo de concentração nazista construído em 1933] ou com viciadas em drogas. Eu sabia que o que estávamos fazendo era diferente, mas nunca imaginaria que se chegaria a isso”, relembrou Turbeville.

    Com “Bathhouse”, Deborah Turbeville reservou para si um espaço de destaque no universo masculino da fotografia e abriu caminho para que outras mulheres a seguissem. Como ao longo de sua vida deu prioridade às criações autorais, a americana só lançou um livro com suas principais imagens de moda em outubro de 2011. “The Fashion Pictures” conta com uma introdução de Franca Sozzani, editora-chefe da “Vogue” italiana, e traz mais de 300 páginas de reproduções memoráveis tiradas de editorais e campanhas publicitárias. A obra de Deborah Turbeville é como respirar ar puro em meio ao sufocante mundo plastificado de photoshop.

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