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    POR Camila Yahn

    Gisele Zelauy no desfile de Reinaldo Lourenço ©Juliana Knobel/FFW

    Antes da Gisele que conhecemos atualmente, uma outra modelo brasileira com o mesmo nome arrasou no mundo da moda. Estamos falando de Gisele Zelauy, top que nos anos 80 era chamada de “Gisele La Belle” e que se tornou um ícone das passarelas daquela época e queridinha da Chanel.

    Gisele iniciou a sua carreira em 1985 em um concurso das Casas Pernambucanas e não demorou até ver o seu rosto estampado em capas de revistas e campanhas publicitárias de marcas como Escada, Fendi, Moschino, Calvin Klein e Chanel, além do calendário Pirelli de 1997. Entre os vários nomes que já clicaram a modelo, estão ícones da fotografia de moda como Richard Avedon, Peter Lindbergh e, mais recentemente, Mario Testino.

    Gisele saiu do Brasil muito cedo para tentar a sua sorte nas passarelas europeias, impulsionada por nomes como Costanza Pascolato e Regina Guerreiro. “Eu não me enquadrava no padrão brasileiro de beleza, nunca me enquadrei, na verdade”, diz Zelauy ao FFW. E estava certa. Com sua figura esbelta e nariz marcante, ela desfilou para Perry Ellis (com Marc Jacobs na direção criativa), Chanel, Comme des Garçons, Hermès, Lanvin, Sonia Rykiel, Valentino, Donna Karan, Isaac Mizrahi e Giorgio Armani. Sua beleza exótica, seu sorriso e charme renderam a ela o apelido de “Gisele La Belle” — e assim é conhecida até hoje.

    Gisele fotografada por Mario Testino em 1989 e n0 desfile de Thierry Mugler em 1990 ©Reprodução

    Fascinada por cinema, ela hoje mora em Los Angeles, onde escreve os seus livros. “Eu já escrevo em formato de roteiro de cinema, com a intenção de que um dia virem filmes!”. Sua primeira obra, disponível apenas para o Kindle, está à venda na Amazon por US$ 3,99. “Coloquei o preço baixo porque quero que todo mundo leia, é super divertido. Chama-se ‘Shake Up’ e conta a história de Gemma Swann, uma modelo de 21 anos cuja vida oscila entre fracassos e sucessos, passando por um caso amoroso com um designer que se fingia ser homossexual”, conta.

    Gisele está no Brasil para traduzir o seu livro para o português e lança-lo no país. Ela apareceu na primeira fila de Reinaldo Lourenço e não demorou para que as pessoas a reconhecessem. Logo ela era o centro das atenções. Uma vez diva, sempre diva. Confira abaixo a entrevista que o FFW fez com “La Belle”, uma inspiração para a nova geração de modelos e uma memória querida para o mundo da moda em geral.

    Quando você decidiu deixar o Brasil para trabalhar na Europa? 

    Eu saí do Brasil muito cedo por causa de forças como a Regina Guerreiro e a Costanza Pascolato, que acreditaram que eu tinha muita chance lá fora. Eu não me enquadrava no padrão brasileiro de beleza, nunca me enquadrei, na verdade. As pessoas falavam para eu ir embora para Paris porque ia fazer muito sucesso na Europa.

    E fez!

    Fiz sucesso, fui atrevida igual a uma força de natureza, fui com tudo. Larguei a moda há muitos anos, por várias razões. A primeira é porque tive filho e também porque acabou a magia da moda para mim. Decidi que tinha que me reinventar, fazer alguma coisa que me desse a mesma energia e a mesma loucura da passarela. Quando eu era garota, não tinha para ninguém, eu saía rindo na passarela, era outra proposta, outra fase. Agora as meninas são muito garotas. Então decidi deixar a moda para virar escritora. Fui descobrindo que conseguia escrever; na verdade, não era uma coisa natural para mim, mas percebi que eu adorava!

    Como foi  ir para a Europa naquela época?

    Era tipo ir para um lugar completamente diferente. Eu não falava as línguas para começar. Foi uma barreira que consegui vencer, mas foi difícil. Quando fui, era tudo muito novo, mas fui me descobrindo lá fora e quando vi, não tinha mais jeito de voltar. E na Europa as pessoas pensavam isso também do Brasil, tipo “nossa, o que é que tem lá?”.

    Gisele fotografada por Karl Lagerfeld para a campanha da Chanel Fall 1990 com Inès de la Fressange e Kimora Lee Simmons ©Reprodução

    O que a fascinou nesse primeiro contato?

    A qualidade da moda, o fato deles serem tão livres, não era roupa para vestir, era para ser fashion, fazer um statement, era muito mais divertido. Hoje não tem mais isso também. A moda passou por vários processos. O meu, que eu chamo de “Belle Époque”, foi o melhor porque as pessoas eram livres para criar, para se expressar. Se você olhar as revistas da época, tudo era muito mais novo, muito mais louco. E a gente ainda brincava muito com essa história de sempre modernizar as coisas do passado, então era modernizar a história do cinema, modernizar toda essa loucura do fashion com cinema e com a música. Era tudo misturado e as modelos ainda tinham um patamar muito forte. Hoje são as atrizes que fazem capa de revista.

    Qual sua principal característica como modelo naquela época?

    Eu nunca deixei de brincar, de me espelhar com o que tinha na moda, de interpretar a roupa e entender o que eu estava vestindo. Eu criava uma personalidade mais forte, coisa que não vejo acontecendo hoje também.

    E hoje, quem é Gisele Zelauy?

    Hoje eu moro em Los Angeles, sou louca por cinema. Escrevi meu livro como se fosse um script, um roteiro de uma forma bem vívida, que é a forma como a minha cabeça pensa.

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