Aos 56 anos, o estilista Ocimar Versolato morreu na sexta (08.12), em São Paulo, conforme confirmou sua sobrinha, Yasmine Versolato, anunciou pelo Facebook. O estilista sofreu um AVC hemorrágico e não resistiu. O enterro aconteceu no Cemitério Municipal de Vila Euclides, em São Bernardo do Campo, sua cidade-natal.
Versolato construiu seu nome na primeira metade da década de 1990. Em 1987, foi para Paris, estudou Moda no Studio Berçot e não demorou muito para trabalhar ao lado do francês Hervé Léger (falecido em outubro deste ano), como seu assistente. Em 1994 fundou sua marca própria, com a qual desfilava na semana de moda de Paris. Participou da Câmara Sindical de Alta-Costura e, no ano seguinte, foi o primeiro estilista brasileiro a assumir uma grande maison de luxo, a Lanvin. A parceria durou dois anos.
Sua identidade criativa girava em torno dos vestidos com acabamento impecável e muitas camadas (na grande maioria de seda) que criava através da moulage. Quando saiu da Lanvin, abriu um ateliê na Place Vendôme, mas não foi pra frente. Retornou ao Brasil nos anos 00, abriu lojas de sua marca homônima em São Paulo e no Rio de Janeiro, cujas portas foram fechadas em 2005, mesmo ano em que lançou sua autobiografia, Vestido em Chamas (Aleph), em que conta dos bastidores da moda e fala sobre episódios polêmicos.
“Ao pisar novamente aqui [Brasil], encontrei esboços de um provincianismo exagerado”, escreveu em seu livro. “Não sou como alguns estilistas daqui, que a cada estação copiam uma coleção e mantêm, entre si, o acordo tácito de não copiarem as mesmas grifes: um copia a Balenciaga, o outro a Comme des Garçons, o outro a Prada e o outro a Gucci”, provocou.
Ainda que a fama de Versolato nos bastidores da moda falava sobre sua personalidade forte e intolerante, o paulista também participou de projetos nobres. Em 2002, por exemplo, trouxe Naomi Campbell a São Paulo para um evento na Unibes, cujo objetivo foi arrecadar fundos para a instituição judaica, que auxilia crianças, adolescentes e idosos com problemas de saúde. No ano seguinte, assinou as camisetas do programa Fome Zero, que foram vendidas para arrecadar fundos ao programa do governo federal.
Versolato vestiu Betty Lago, Luiza Brunet, Edson Cordeiro e Sonia Braga. Aliás, o figurino dessa última em Tieta do Agreste, filme de Cacá Diegues, foi assinado por ele. Outro parceiro criativo de longa data foi Ney Matogrosso, para quem assinou os figurinos de algumas de suas turnês.