A fotógrafa Carolina Krieger

A galeria Cartel011 abre uma nova exposição nesta quarta (17.08), “O Silêncio Me Contou”, com fotos de André Brandão e Carolina Krieger. André já fotografa há alguns anos e colabora com diversas revistas de moda. A surpresa desta dupla fica por conta de Carol, uma das Gêmeas, que pela primeira vez está mostrando seu trabalho criativo, que você vê ao longo dessa página.

As poucas imagens expostas (11 no total) mostram um olhar sensível e delicado nas cenas retratadas, sempre jogando com o contraste entre luz e sombra. A fotografia é intuitiva e livre de temas, é mais a captura de um momento do que uma história planejada. “Comecei a perceber o quanto isso me fazia bem. Hoje não posso ver luz entrando em um lugar”, diz Carol ao FFW. As fotos são naturais e o uso de manipulação digital aparece de forma sutil em algumas imagens, como nesta abaixo.

Ela começou a fotografar bastante quando viajava para o interior para produzir a coleção de sua marca. “Levava a câmera e saía para passear. Desde criança retratava cenas com a mente. Olhava algo e pensava ‘essa cena daria uma foto linda’”.

O hobbie virou responsabilidade quando ela passou a trabalhar com isso de fato. Entrou pela porta da “RG”, cobrindo eventos sociais e agora está no site eye4design, um portal de arte e design para o qual fotografa noites de arte, retratos, espaços e cenas.

Para essa sua primeira mostra, Carol contou com a mão da irmã, que assina o texto e o título da exposição. Isadora também organiza o Cabaret Revoltaire, um sarau voltado para manifestações artísticas que acontece no Beat Club.

Abaixo o texto O Silêncio Me Contou:

“O silêncio alimenta a imaginação, foi o próprio silêncio que me contou, sutilmente com tais palavras, nem sequer me deu tempo para enfeitá-las, me contou que é porque vive apenas no presente nu, que tempo é coisa do nosso movimento. Eu imaginei que tratar o tempo como concreto me ajuda a ultrapassá-lo, que se vejo o tempo tal qual um boneco de corda eu o reinvento, mas que a minha reinvenção só diz respeito a minha consciência, e aquelas que eu conseguir trazer para dentro das imagens feitas no presente nu. O silêncio me contou que quando durmo estou no presente nu, que o sonho tem outro movimento que não guarda tempo, e que por tal motivo é chamado de sonho, que se todos ultrapassassem o tempo não haveria mais distinção entre sonho e realidade. Eu imaginei que o amor também ultrapassa o tempo, que às vezes desaparece com ele e noutras vezes o estica, que o amor nos leva para o presente nu, que se todos permanentemente sentissem o amor não haveria mais distinção entre vida e morte, e que tal falta de distinção é a loucura, a loucura de uma lucidez absurda. o silêncio me contou que tal percepção é uma sutileza, mas que é na sutileza que o ilimitado reside, que a percepção é sempre grandiosa, porque ainda que nunca mais seja sentida na mesma intensidade nos traz a sabedoria que fica, que preenche lacunas e nos alimenta durante toda vida. Eu imaginei que a percepção é uma linha invisível com a qual fisgamos uma ideia das águas profundas do subconsciente, que durante tal pesca a ideia se torna tão clara que pode gerar uma epifania, que a epifania é um fragmento da eternidade, e que a eternidade já está acontecendo”.

O Silêncio Me Contou @ Cartel011

Data: 17.08, das 19h às 22h

Rua Artur de Azevedo, 517, Pinheiros

Entrada gratuita