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    Guto Requena: ‘No Brasil, o design é associado a quem tem dinheiro’
    Guto Requena: ‘No Brasil, o design é associado a quem tem dinheiro’
    POR Redação

    “Você pode fazer um casal se amar mais ou se odiar muito – só mudando o espaço onde eles convivem”, brinca Guto Requena (30), arquiteto formado pela FAU-São Carlos, cabeça por trás do projeto do clube Hot Hot, e, portanto, um dos nomes mais hypados do segmento. “Os espaços determinam as relações que acontecem dentro deles. Não se trata apenas de desenhar um prédio”.

    Guto recebeu o portal FFW em seu apartamento para falar sobre o novo projeto que lhe foi encomendado: a reforma e revitalização do clube Cantho, no Largo do Arouche, centrão de São Paulo. “Eles querem dar um up no lugar, mas sem perder a pegada trash que fez a fama da casa”. No decorrer da conversa, Requena abriu o jogo e falou sobre o habitar do passado, a casa do futuro, o duelo entre poesia e arquitetura e seu sonho: ter um programa de TV.

    Clipboard01Guto Requena em seu apartamento, na esquina da Consolação com Av. Paulista, sonha em ser apresentador de TV ©Felipe Morozini

    HOT HOT
    Foi uma “puta” honra. Ficamos 6 meses procurando um lugar, quando passamos por aquele espaço abandonado, cheio de pombas mortas, ratos, um mausoléu. Convidei um amigo, o Alexandre Nino, designer, com quem assino o projeto arquitetônico. Foi um projeto muito longo, e grande parte do orçamento foi voltado para luz e som, então tivemos que fazer milagres, um grande desafio. Restauramos o prédio inteiro, toda a segurança, elétrica, uma caixa d’água gigante, um bunker de 40 mil tijolos, paredes de 70 cm de espessura.

    CANTHO
    Eles buscaram a gente porque a Cantho tem 4 anos, com uma pegada mais trash . Eles querem dar um up no lugar sem perder o público cativo, dar uma hypada, trazer mais gente. Há um potencial enorme no espaço – fizemos uma proposta de layout que tem várias cortinas, vários espaços configuráveis  conforme a demanda. Eles se apaixonaram pelo projeto, que estou fazendo junto com o Maurício Arruda.

    O HABITAR HÍBRIDO
    O “habitar híbrido” começou na faculdade. Fiz um estágio de 3 meses com um dos melhores arquitetos do mundo, que é o Greg Lynn – foi quando comecei a abrir a minha cabeça. Ele é importante no estudo sobre novas tecnologias, mas não só o impacto delas na forma física, mas o que muda na relação entre os membros da família, como a internet muda a nossa maneira de se comportar no mundo, na sociedade.

    O meu apartamento foi o primeiro protótipo e fruto da minha pesquisa. Aqui você tem a noção de flexiblidade, espaços configuráveis. Não tem grandes tecnologias, mas se você voltar em uma semana a casa é outra: as mesas mudam, os painéis correm e fecham, tudo desliza e muda. Reflexão de novos comportamentos.

    A CASA DO PASSADO
    Nós moramos de uma maneira muito tradicional há mais de três séculos, o que eu chamo de tripartição burguesa. Separar o social, íntimo e serviço em compartimentos isolados, incomunicáveis. Sala de TV, sala de almoço, quarto. A família de hoje é outra, o modo de viver é outro, mas a casa não mudou.

    A CASA DO FUTURO
    Espaços flexíveis, conciliáveis, tecnologias multifuncionais e úteis, espaços menos pretensiosos. Acredito numa arquitetura mais franca, mais real, não de porcelanatos, granitos e mármores. Tem que ser sustentável, reutilizar materiais, reaproveitar recursos. A casa do futuro tem memória. Sempre dou uma lição de casa para os meus clientes: vá até a casa da sua avó, tia, mãe, e roube alguns enfeites, coisas da sua infância. Isso é memória.

    O MOBILIÁRIO DO FUTURO
    É o mobiliário antigo, velho, que voltamos a olhar, mas de outra maneira. E o novo, que vem de processos extremamente tecnológicos no processo de molde, modelagem, de fabricação. O mobiliário entra nessa questão de não ser estancado. Para que serve uma mesa? Para sentar? Para trabalhar, para comer, almoçar, colocar uma pick up e tocar música. Logo, se ela for multifuncional, não vai ser melhor? Um sofá serve para fazer lição de casa, namorar, jogar videogame, comer, dormir. Então porque ele tem que ter um desenho tradicional?

    INFLUÊNCIAS E CONTEMPORÂNEOS
    Tem o Lars Spuybroek que é um arquiteto holandês. Tem um japonês que eu adoro, quase chorei ao conhecer, tirei foto, paguei o maior mico [risos], o Tokujin Yoshioka. Gosto do Arne Quinze, o Kas Oosterhuis. No Brasil eu estou super interessado no trabalho do Rodrigo Almeida, designer de produtos e mobiliários. Tem uma moçada e uma galera jovem, na concha, envergonhada. Tem um cara chamado Maarten Baas [Designer do Ano em 2009] que ficou conhecido por botar fogo em móveis clássicos do design e depois aplicar um processo de laqueação. Não é exatamente belo, mas você tem que olhar para o processo, que é muito poético.

    POÉTICA vs. ARQUITETURA
    Tem uma pergunta que eu faço para os meus alunos. O que é mais importante, forma ou função? Nem uma, nem outra: as duas são importantes. E se a função for emocionar, já é uma função. Tipo, “não dá pra sentar nessa cadeira, mas ela me faz chorar de emoção”.

    133“Mantivemos o espaço na sua condição bruta, mas com uma camada 70s”, diz Guto sobre o clube Hot Hot, que tem inspiração no designer Verner Panton © Acervo FFW

    SONHOS
    Um programa de televisão para desmistificar o design. Estou trabalhando nisso há quatro anos, é o meu grande projeto de vida. Meu orientador me indicava para palestras, foi assim que aprendi a falar sobre design e arquitetura. Quero viajar pras grandes feiras de design e decoração fora de Milão – ir a Berlim, Tóquio, Holanda, tudo com câmera de mão, num programa de baixo custo. Mostrar os jovens designers, os processos, ateliês de arquitetos. No Brasil o design é uma coisa associada ao luxo e a quem tem dinheiro.

    + Site oficial: gutorequena.com.br

    + Perfil no Twitter: twitter.com/gutorequena

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