O empresário John Casablancas, fundador da Elite Model ©Reprodução
John Casablancas, icônico agente de modelos, fundador da Elite Model, faleceu no sábado, aos 70 anos, em sua casa no Rio de Janeiro. John morreu em decorrência de um câncer na garganta e estava ao lado da mulher, a brasileira Aline Wermelinger, e dos filhos, entre eles Julian Casablancas, vocalista dos Strokes.
No Twitter, modelos famosas lamentaram a morte de Casablancas. “Dia triste! Descanse em paz John! Obrigada por tudo!!”, disse Alessandra Ambrósio. Já Ana Beatriz Barros postou uma foto dela com John e escreveu: “Meu mentor e eu. Um amigo verdadeiro e inspiração. Amo você, John Casablancas”. Adriana Lima foi outra brasileira que teve sua carreira alavancada por ele e também prestou suas condolências pela rede social.
A passagem de Casablancas pelo mercado de moda teve o efeito de um furacão. Visionário, criou a Elite em 1972, em Paris, e pouco depois abriu uma filial em Nova York. Era o começo de um império e também de uma revolução na carreira de modelo. John foi essencial na construção do fenômeno Super Models, quando agenciou um grupo de meninas que de tão famosas eram chamadas somente pelos seus primeiros nomes: Linda, Cindy, Claudia, Christy e Naomi.
A Elite dominou o mercado nos anos 1990 e o agenciamento de modelos virou um negócio multimilionário. “Eu percebia o business com o olhar de um cara que adorava belas garotas. Todos os outros agentes eram mulheres ou gays. Eu via minhas modelos como mulheres”, ele disse em 2010 ao “NYT”. John também incentivava as meninas a tornarem-se celebridades. Fez a cabeça de Cindy para posar para a “Playboy” americana em 1995, o que a levou ao posto da modelo mais bem paga na época.
De repente, as modelos recebiam cachês e tratamento dignos de verdadeiras divas do cinema. Eram ícones e superstars. Em 1990, no auge do fenômeno das Supers, Linda Evangelista, na época casada com o presidente da Elite em Paris, comentou sobre seu grupo de amigas: “Nós não levantamos da cama por menos de US$ 10 mil por dia”. Atualize esse valor para os dias de hoje. Veja aqui um trecho do desfile de Gianni Versace com as super models
Claudia, Naomi, Linda e Cindy: as super mulheres que transformaram a carreira de modelo ©Reprodução
Se por um lado foi o seu principal êxito, a criação das Super Models foi também seu maior arrependimento. “Elas podem ser impossíveis”, disse ao “The Telegraph” em 2000. “A Elite, sozinha, elevou as cifras das modelos de maneira nunca antes imaginada, mas as meninas nunca me agradeceram por isso. Para mim basta”.
De todos os desgostos, John cita Gisele Bündchen como a maior surpresa de sua vida profissional. Ela começou sua carreira na Elite e quando estava deslanchando, em 1999, mudou para a IMG, especializada em trabalhar com celebridades. Para ele, foi uma facada pelas costas. “E olha que sou veterano. Roubei muitas modelos e muitas me foram roubadas”, ele chegou a dizer em uma entrevista à revista “Veja”.
A vida de Casablancas sempre foi cheia de histórias e polêmicas. O empresário misturava, literalmente, negócios com prazer. Entre os assuntos mais comentados, está o caso que teve com a new face Stephanie Seymour em 1983, que resultou no fim de seu casamento. Ele tinha 41 anos; ela 16.
Em 1999, um documentário exibido na BBC mostrou executivos da Elite se vangloriando do uso de drogas e das relações sexuais com jovens modelos. Casablancas não foi citado, mas sua reputação foi por água abaixo e ele deixou a agência no ano seguinte. Vendeu sua parte da Elite e mudou-se para Miami e depois para o Rio. Em 2008, publicou a autobiografia “Vida Modelo” (editora Agir).
Polêmico e visionário, John deixa um legado eternizado pelas belezas extraordinárias de Linda, Claudia, Christy, Cindy e Naomi.