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    Monica Serra aterrissa no SPFW para dar o recado: “é hora de Se Tocar!”
    Monica Serra aterrissa no SPFW para dar o recado: “é hora de Se Tocar!”
    POR Redação

    A postura meticulosamente coordenada entrega uma vida inteira de dedicação ao balé. O sorriso largo, a fala pausada e as ações generosas também ajudam a traduzir esta mulher de personalidade forte, gênio indomável e muita história pra contar. Monica Allende é chilena de berço e brasileira de alma – “torço até pela Seleção”, entrega.

    2010-06-10-FFW_SPFW-PriV_0281Monica Serra posa com o logo do projeto Se Toque © Priscilla Villariño/FFW

    No auge da carreira como bailarina, num momento em que as ditaduras militares silenciavam sonhos e ideais por toda a América Latina, ela conheceu José Serra. O então estudante havia procurado o Chile por conta do governo socialista de Salvador Allende – nenhum parentesco com Monica –, mas logo o eco militar avançou sobre aquele chão. A afinidade acabou em casamento, mas a coincidência do sobrenome e a deposição (e assassinato) do Presidente, os obrigou ao refugio na Embaixada da Itália. Àquela altura, o casal já tinha filhos – Verônica, com quatro anos, e Luciano, com apenas três meses.

    Na espera do salvo-conduto, passaram-se seis meses. Monica embarcou com os filhos para a Argentina. Serra ficou outros três meses até conseguir deixar o país em segurança. Viu a família no saguão do aeroporto de Buenos Aires, e lá se foi para a Europa. Tempos depois, já com a esposa e os filhos, decidiu recomeçar nos Estados Unidos, onde retomaram os estudos. O giro foi tanto que o aniversário de um ano do caçula foi comemorado em Washington.

    O retorno ao Brasil só aconteceu em 1978, quando a Lei da Anistia finalmente entrou em vigor. “Assim que desembarcamos, o ‘Zé’ foi preso. Teve que depor por horas antes de ser liberado. E por muito tempo fomos vigiados”, desabafa. Mas nem o medo os tirou daqui; e nessas três décadas de redemocratização, o ‘Zé” da história virou secretário de planejamento, deputado constituinte, senador, ministro, prefeito e governador – e ainda tem fôlego para encarar a disputa presidencial. Monica Serra segue ao seu lado no melhor estilo de primeira-dama engajada, mas longe de enquadrá-la no perfil de quem apenas posa para o retrato ou empresta o nome para uma infinidade de politicagens. Para ela, ação significa reação de verdade; detalhe que se reflete numa gama de projetos que contam com a sua liderança, a exemplo do “Se Toque!”, que foi oficialmente apresentado durante a semana de moda.

    Como foi chegar ao Brasil?
    É até engraçado, por que sempre me perguntam como foi “voltar” ao Brasil. Eu nunca havia visitado o País, mas todas as referências da minha nova vida estavam aqui.

    Pode nos contar mais sobre a “Monica Allende”?
    Eu sou bailarina, embora esteja há algum tempo sem praticar, ainda me considero bailarina. Aos cinco anos, fiz uma coreografia especial para a minha madrinha, foi quando a minha mãe acreditou que eu tinha vocação! Desde então, me dedico ao balé. Até fiz parte do Ballet Nacional Chileno! Estudei psicologia e fiz mestrado em Cornell, nos Estados Unidos, e doutorado na Universidade de São Paulo, onde também lecionei. Hoje, além do trabalho como coordenadora pedagógica da FMU, realizo projetos sociais, entre os quais, destaco o Se Toque.

    Quais as razões para terem deixado o Chile?
    Foi como aconteceu no Brasil, fomos vítimas de um Golpe de Estado. Mas a coincidência do meu sobrenome com o do então presidente chileno fez com que as ameaças de morte fossem reais; se algum soldado nos parasse na rua e pedisse um documento, não haveria tempo para explicações. Certa noite, o meu irmão estava voltando pra casa e viu uma blitz, ele não pensou duas vezes antes de engolir o documento de identificação. Depois se fez de embriagado e só tomou mesmo uma tremenda advertência.

    Mas a saída do país foi tranquila?
    Que nada! Tivemos que passar um tempão na Embaixada da Itália, e eu estava amamentando o Luciano, que só tinha três meses. O meu leite secou, o Luciano ficou doente… Esperamos por meses até conseguir um salvo-conduto, mas o ‘Zé” teve que ficar.

    E depois?
    Passei um período com as crianças na Argentina. O ‘Zé’ foi para a França e nos encontramos lá. Em um ano demos quase a volta ao mundo (risos). Mas optamos em morar nos Estados Unidos para retomar os estudos. Lá eu fiz mestrado e o ‘Zé’ doutorado.

    Mudando de assunto, como funciona o Se Toque?
    Percebi que havia uma grande lacuna entre o diagnóstico e o tratamento do câncer de mama. E como já tinha experiências bem-sucedidas nesta área social, apostei na formação de crianças e adolescentes como agentes educadores. A ideia de criar um colar foi a de despertar na mulher a importância para o autoexame. É tudo muito simples: se o nódulo for identificado na sua fase inicial, as chances de cura são de 95%. Então, cada conta do colar foi feita de acordo com as diversas fases do tumor – entre 1 e 3 centímetros –, como se fossem pérolas. Por sinal, a pérola só é formada por causa de uma minúscula ferida aberta na ostra. É o poder de transformar de dentro para fora. No final, esta joia que tanto veneramos não passa de um cicatrizante.

    E por que usar agentes mirins?
    As crianças são intuitivas e sábias. Sempre digo que não temos que nos preocupar em deixar um mundo melhor para as nossas crianças; devemos é deixar crianças melhores e mais preparadas. E aí, a educação é a única forma de salvar o mundo.

    Por que uma iniciativa para o câncer de mama?

    As estatísticas são alarmantes e sinto que há muito medo de se falar sobre a doença. Entretanto, o diagnóstico precoce é eficaz e rápido. O câncer tem cura.

    E como o Instituto contribuí?
    Além da campanha o Colar da Vida, acabamos de ganhar um mamógrafo da associação das Consulesas. Com este equipamento, recorremos a Mercedez-Benz, ao SENAI e a Truckvan para criar uma unidade móvel de atendimento. Este é um projeto que logo estará nas ruas. Mas o Instituto também orienta e faz o encaminhamento das mulheres aos hospitais. Desde o ano passado, agendamos mais de 2.300 mamografias.

    2010-06-10-FFW_SPFW-PriV_0268

    O projeto funciona apenas em São Paulo?
    Estamos na fase de amostragem, então, iniciamos pela zona norte da cidade. A ideia, claro, é expandir para o Brasil todo.

    Como é a “Monica Serra”?
    É a mesma Monica Allende, com algumas atribuições a mais.

    Política e moda combinam?
    Políticas sociais e todas àquelas que se preocupam com o engajamento do cidadão são iniciativas válidas que combinam – e muito – com este universo.

    Qual o objetivo de lançar esta ação social no SPFW?
    O Colar da Vida, além de ser um instrumento de informação para lembrar sobre a importância do autoexame, também é um acessório fashion. Resolvi falar com o Paulo Borges e fiquei bastante surpresa, pois ele não é apenas um empreendedor antenadíssimo, mas uma pessoa que se interessa em propagar o bem.

    Na Copa, a senhora vai torcer pelo Chile ou pelo Brasil?
    Eu até tentei torcer pelo Chile, mas já sou brasileira de alma!

    Colaborou Lex Mendes

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