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    Paula Cademartori: bolsas da designer brasileira fazem sucesso com design fresco e inovador
    Paula Cademartori: bolsas da designer brasileira fazem sucesso com design fresco e inovador
    POR Redação

    A designer brasileira de bolsas Paula Cademartori ©Reprodução

    Sentar para conversar com um designer talvez seja um dos modos mais próximos de entender a realidade da moda hoje. A realidade de quem trabalha. Muito antes da superfície das imagens de peças e campanhas, a moda nasce no cotidiano de pessoas que mergulham em seus sonhos, em suas empresas. O que elas têm a dizer?

    Brasileira de 31 anos radicada em Milão, Paula Cademartori abre o jogo espontaneamente. Em sua experiência como fashion designer, ela conta que para acontecer no mercado teve que gastar muito suor, criatividade, insistência e disciplina. Mas quem é ela? Seu nome tem conquistado cada vez mais espaço, dos braços de garotas descoladas mundo afora às páginas da revista “Vogue” americana. Bolsas coloridas, de design inovador, fresco, feito por alguém que vem de uma nação nova no mundo da moda (o Brasil), mas que construiu sua formação numa capital tradicional da moda (Itália). Um mix que também acontece em suas peças.

    Nascida em Porto Alegre, mudou-se para Milão em 2005 para estudar mestrado em Fashion Accessories no Istituto Marangoni. Já desenhava desde pequena, conhecia sua paixão. Mas faltava a prática e encarar desafios de quem é jovem e chega de fora. No começo da carreira, Paula ouviu muitos “nãos”. As lojas que contatava não se mostravam interessadas em vender seus produtos. “Eu passava o dia no telefone e tentava mostrar meus produtos para as pessoas”, relembra.

    Hoje encontramos as bolsas da Paula à venda em boutiques renomadas da Europa, como a 10Corso Como, em Milão. Alguns fashionistas famosos desfilam suas bolsas, como Anna Dello Russo. É uma espécie de passaporte para o hype ter uma super fashionista usando sua peça. Causa curiosidade, vontade de imitação e, claro, divulgação. A moda vive também disso, de quem a veste. Mas até chegar a decorar o look de Dello Russo existem outras etapas: se inspirar, desenhar e, o mais duro para qualquer criativo, saber todos os processos pelos quais passa o mercado. Para ficar afinada nas operações comercias, Paula paga consultores que vão até seu escritório para dar o termômetro real das vendas.

    Aqui no país, uma seleção de suas bolsas pode ser encontrada online na Farfetch Brasil, por preços que podem alcançar mais de R$ 8 mil. Paula também está presente nas multimarcas Zezé Duarte (Belo Horizonte) e Ana Paula (Brasília).

    Encontrei com a Paula em seu estúdio, num prédio em Milão. O escritório é impecável. Ela chega e começa a conversar em italiano até perceber que a entrevista é em português. Suspira aliviada: “Que bom, eu posso falar português! Que saudade, é outra coisa. Eu quase não falo português aqui!”.

    Você fica tão feliz em falar português. Sente saudade de estar entre brasileiros?

    Sinto. Eu sou brasileira. Mas não posso nem imaginar sair daqui. A minha marca está toda aqui, foi formada aqui, a sede de produção é aqui, seria impossível sair. Quero conseguir ir mais vezes ao Brasil para ver as pessoas, faz dois anos que eu não vou. Mas me estabeleci em Milão.

    Sua criação parece mesclar o que vê na Itália e o que traz do Brasil.

    Eu acho que o gosto é algo que nasce com a gente, mas que também vai sendo construído com o que vemos e vivenciamos. Apesar de estar na Itália e ter aprendido muito aqui, o Brasil está presente no modo como eu trabalho. Estou sempre dançando, me movimentando, tenho essa alegria brasileira dentro, escuto canções brasileiras para trabalhar. Fico fechada na época da criação, ouvindo músicas obsessivamente e na coleção passada eu estava muito ligada em Tom Jobim, Marisa Monte.

    O que tem na Itália que te faz feliz?

    Gosto da qualidade e do estilo de vida. Gosto da segurança que sentimos aqui. E do fato que, estando em Milão, estou bem conectada ao panorama internacional da moda. A Itália tem uma qualidade de matéria-prima que é superior. O universo em geral que eu vivo aqui me inspira em 360 graus.

    Você passou por momentos da carreira em que podia ter desistido?

    Caramba, eu levei vários nãos! Ligava para os lugares para falar da minha coleção e ninguém se interessava. Lembro muito de como foi duro nesse comecinho, na época da coleção de 2011. Eu tinha só uma assistente, fazia absolutamente tudo na raça. Mandava tantos emails, fotos… Hoje tenho mais gente trabalhando comigo, mas foi um caminho árduo.

    Qual é o tipo de mulher que você vê usando suas bolsas?

    Vejo mulheres globais, cosmopolitas. E é claro que encontrar pessoas conhecidas usando minhas bolsas provoca uma divulgação do meu produto. Mas o que me deixa surpresa é quando encontro assim, do nada, gente que não conheço usando. Fico observando. É ainda uma situação inesperada pra mim. Mas eu sou super tímida. Uma vez me perguntaram qual era a marca da bolsa que eu estava usando e eu falei o nome da minha marca, que é meu nome, mas não falei que a designer sou eu.

    Como você vê o papel de um acessório no look? O que isso representa na imagem de moda que transmite?

    Antes de ser um transmissor de personalidade, a roupa é uma necessidade. O acessório é algo que complementa e não é absolutamente necessário como a roupa, está mais ligado ao desejo. Demonstra a parte mais íntima do nosso gosto. Porque é um adorno, uma coisa a mais, algo que usamos simplesmente para enfeitar.

    Existem vários momentos na produção de moda, que vão da inspiração à realidade das vendas. Como você se organiza?

    Me responsabilizo por todo o processo. Sempre foi assim, mas no começo eu não tinha condições de ter uma equipe grande. Hoje eu tenho funcionários e pago consultores que me trazem uma visão de mercado. A partir dessa visão mercadológica eu tomo decisões como quais modelos de bolsa continuar, que tipo de novos materiais usar, quantidade de produção, enfim, como me direcionar.

    Então você separa bem a Paula Cademartori criativa da Paula empresária?

    Não sou uma artista maluca que pode de repente ficar dois meses no Nepal sentindo aromas e se alimentando de outras sensações. Quem me dera. Eu sou pé no chão. Tenho que ralar.

    Qual o papel do criador e empresário de moda?

    Cada empresário de moda tem que saber aonde quer chegar. Tem que estar atento, ficar em cima, ligar pra fornecedores, encher o saco. Se eu tenho que fazer caixa, contabilidade, vou lá e faço. Não posso fazer estrelismo. O empresário de moda não pode ter frescura. Tem que acreditar no projeto e ter um time que funciona. Tem que estar todo mundo no mesmo barco. E eu tenho que orquestrar os desempenhos, os humores. Aqui somos em nove mulheres e um homem. As pessoas têm que estar motivadas, ego inflado não funciona.

    Ainda assim o mercado de moda é cheio de egos, não?

    Ah, tem gente que gosta só de fazer performance né? Essa parte é a cereja do bolo, o glamour. Claro que em semana de moda você acaba se divertindo, se inspirando na hora de se vestir, é estimulante esse momento. São duas vezes ao ano em que você sente no ar essa excitação, essa borbulha. Mas são só duas vezes ao ano, a maior parte do tempo é de ralação. E ninguém sabe que esse tal “glamour” é só uns 2% de toda a coisa. Porque em semana de moda a gente nem almoça, vive de água e chiclete de menta (risos).

    @pcademartori

    Veja abaixo imagens de personalidades da moda usando bolsas de Paula e uma seleção especial:

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