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    “Hoje quem dá as cartas na moda é a internet”, diz Paulo Borges
    “Hoje quem dá as cartas na moda é a internet”, diz Paulo Borges
    POR Camila Yahn

    O dia começou cedo aqui na redação do portal FFW. Às 9 da manhã, na sala de imprensa do Píer Mauá (o calor é o mesmo – ou mais intenso – do que nos últimos dias), o diretor criativo do Fashion Rio, Paulo Borges, deu início à sua palestra sobre “Os caminhos de construção da identidade no seu negócio”, que faz parte do ciclo de eventos do Rio-à-porter.

    Sem dar nome aos bois, e com desenvoltura extraordinária, ele falou de conceitos que remetem, por exemplo, à “Aldeia Global”, do pensador canadense Marshall McLuhan, e sobre a era digital e seu poder de influência na moda. “A era digital dá as cartas na indústria da moda. As tecnologias da informação estão transformando as relações da indústria com os consumidores de uma forma sem precedentes”, disse. Para comprovar sua tese, Paulo cita o rejuvenescimento do mercado consumidor, o olhar da moda se voltando cada vez mais para as ruas e, principalmente, a velocidade que isso tudo traz ao calendário de lançamentos.

    “Aqui no Brasil, temos um calendário de desfiles que acontece três meses antes das roupas chegarem ao consumidor final. As semanas de moda internacionais, acostumadas a lançar coleções seis meses antes da chegada às lojas, já consideram uma readequação dos seus calendários nos nossos moldes”, explica. “E isso é um sintoma da era da informação: neste intervalo entre o desfile e o lançamento, as redes de fast-fashion se apropriam de muitas propostas e disponibilizam produtos aos consumidores finais. Quando a coleção da grife chega às lojas, o consumidor já perdeu o desejo”.

    O raciocínio proposto pelo empresário confirma nossos radares: as semanas de moda internacionais estão readequando seus calendários aos consumidores que passam a ditar as regras do jogo. Paulo ainda cita exemplos de como a velocidade da informação e as tecnologias afetam as criações de moda: a coleção de Lucas Nascimento apresentada aqui no Fashion Rio (veja o vídeo na sequência); o escândalo do vestido curto da estudante Geyse Arruda (a internet foi responsável pela explosão); e Anna Wintour, que finalmente se rendeu aos encantos dos blogueiros.

    O desfile de Lucas Nascimento: para Paulo Borges, um dos melhores exemplos de como as novas tecnologias interferem diretamente na cadeia produtiva (e criativa) da moda

    “A indústria da moda precisa estar mais conectada, precisa usar melhor as redes sociais e a internet para se divulgar, se aproximar e entender melhor seus consumidores. Precisamos repensar a maneira como fazemos moda”, finaliza.

    Site oficial do Rio-à-porter: ffw.com.br/rio-a-porter

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