A gente já sabia que isso iria acontecer, mas agora confirmou: a marca Bottega Veneta está indo de vento em popa sob a direção criativa de Daniel Lee. Segundo o mais recente relatório do grupo Kering, o designer britânico atendeu as expectativas de todos com apenas 2 coleções muito bem recebidas pela imprensa e clientes desde que assumiu a direção criativa da marca no final de 2018.
Segundo os resultados do terceiro trimestre do ano fiscal de 2019, as vendas aumentaram 9,8%. A maior parte desse crescimento vem diretamente das lojas próprias da Bottega, onde as vendas comparáveis aumentaram 7,5% – puxadas pela América do Norte e Europa Ocidental – mas o atacado também cresceu – 4,1%. Os novos resultados são os mais positivos em muitos anos para a marca italiana.
De fato, a grife está passando por um renascimento. Daniel encomendou um novo logo e trouxe uma nova linguagem para as campanhas da marca agora assinadas por nomes da nova geração da fotografia como Tyrone Lebon. Afeitos disso já começam a ser sentidos as pessoas começam a se referir à ela como “a nova Bottega” em vez de Bottega Veneta. Tem até um perfil de fã no Instagram chamado @newbottega com mais de 125 mil seguidores.
Lee, de 32 anos, foi contratado em junho de 2018, vindo da Céline onde era diretor de ready-to-wear na equipe de Phoebe Philo. Portanto, natural que ele trouxesse para a Bottega um pouco do que foi o estilo que ele ajudou a criar(e tornar referência) para marca francesa enquanto permaneceu por lá. Formado pela Central Saint Martins, ele passou antes pela Maison Margiela, Balenciaga e Donna Karan. Seu primeiro desfile, em fevereiro deste ano, foi um sucesso de crítica. Bastava ver como seria a resposta do público quando a coleção chegasse às lojas. E a resposta não poderia ter sido mais positiva.
Sua ideia é manter os principais códigos e exercitar as técnicas tradicionais da casa, como o intrecciato e o trabalho com o couro, porém reinterpretando-as de uma forma moderna, dando uma nova perspectiva para o DNA da Bottega. O resultado, até agora, mostra uma estética minimalista, discreta, chic e contemporânea, pertinente ao dia a dia das pessoas que consomem suas roupas e acessórios. “Crio peças para você viver a vida. Solidificamos os ícones e as coisas pelas quais nos tornamos conhecidos, mas enraizados na realidade do vestir-se. Quero estar perto da realidade”, diz o designer. Estética minimal, máximo impacto.
Peças de sua primeira coleção mal chegaram às lojas online e já viraram hit imediato, como as sandálias Lido, de bico quadrados (alô anos 90). “Temos visto esse sapato em todos os lugares e em todas as mulheres do momento”, diz Hollie Harding, buyer da Browns. “O Instagram está repleto de fotos do que estamos chamando de o maior sucesso da Bottega até hoje. É o sapato da estação e a Bottega Veneta de Daniel Lee é a marca da vez”. Na multimarcas de Londres, a primeira leva da sandália com shape quadrado se esgotou literalmente em minutos.
As coleções masculinas podem não vir acompanhadas de tanto frisson, mas são tão elogiadas quando as femininas. Lee trabalha o luxo de uma maneira mais silenciosa, misturando elementos de alfaiataria e roupas esportivas com foco no mix de texturas, um dos pontos fortes de seu trabalho.
“Eu quero ser ousado, caso contrário, qual é o ponto? Quero fazer um statement. Não vejo sentido em fazer moda que não diga nada”. Daniel Lee
É raro um estilista se tornar o mais hypado do momento logo após sua primeira coleção, especialmente quando se trata de um desconhecido em uma marca que, apesar de excelente, não tem a popularidade da marca irmã de grupo, a Gucci. E talvez seja exatamente por isso que Daniel Lee e a “nova Bottega” estejam no radar: é refrescante e gratificante ver alguém novo fazer sucesso e refrescar com tanto êxito uma marca tradicional e um tanto envelhecida.
a bolsa Arco 56
Em uma pesquisa feita pelo site Fashionista com os principais compradores de luxo, a Bottega foi a marca mais mencionada, confirmando que os compradores estão adorando o novo momento da grife, o que anima também os executivos da Kering, que estão bastante empolgados com os primeiros resultados da “nova” Bottega, uma vez que as vendas da sua galinha dos ovos de ouro, a Gucci, começaram a desacelerar.
Mesmo antes da primeira coleção do ex-designer da Celine chegar à passarela, os executivos do grupo usavam sua contratação para tranquilizar os investidores, despertando entusiasmo por uma estréia que certamente mudaria o cenário da moda (e das planilhas).