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    A nova geração de modelos brasileiras que é a cara da moda atual

    Raynara Negrine, Bárbara Valente, Anita del Pozzo, Kerolyn, Thalita Faria, Allana e Laiza Moura são alguns dos nomes da nova geração de modelos que estão dominando as passarelas internacionais

    Existe uma nova geração de modelos brasileiras que tem tomado o mercado internacional com força. Não é a primeira vez que a beleza das modelos brasileiras é valorizada lá fora. Quem não se lembra do boom das brazilian bombshells nos anos 2000 com Gisele Bündchen, Mariana Weickert, Ana Claudia Michels e Fernanda Tavares? Elas são alguns dos primeiros nomes que emprestaram a beleza brasileira para a gringa, ganhando as capas das revistas mais importantes e abrindo o caminho para tantas que vieram depois. 

    No entanto, grande parte desse grupo pioneiro de modelos brasileiras que fizeram sucesso internacional, eram dotadas de uma beleza bastante eurocêntrica, em sua maioria, loiras, brancas e até mesmo em alguns casos descendentes de europeus. Depois, veio a época das angels, que ajudou a popularizar nomes como Alessandra Ambrósio, Adriana Lima, Izabel Goulart e Isabelli Fontana, que davam rosto e corpo à sensualidade da “morena” brasileira, à lá Garota de Ipanema. Pouco tempo depois, Laís Ribeiro despontou no mercado internacional como a primeira Topmodel negra brasileira. 

    É minimamente surpreendente que em um país com maioria de pessoas pretas, a beleza tipo “exportação”, historicamente, foi uma beleza com traços europeus, com raras exceções – e sem demérito das modelos, que pavimentaram o caminho para as próximas.

    Mas esse cenário acaba de mudar. Uma nova nova geração de modelos brasileiras, com um perfume de Gabriela (a personagem de Jorge Amado vivida por Sonia Braga nos anos 80), já está transformando o panorama, com uma beleza plural, diversa – apesar de ainda não haver uma diversidade de corpos – e que não limita, mas amplia a gama de belezas brasileiras, no plural, mundo afora. 

    Bill Macintyre, um dos principais diretores de casting: “O mercado mudou, o público não quer mais essas belezas tradicionais, inalcançáveis em que ele não se vê mais. Essa representatividade alavancou uma mudança maior em toda a cadeia.” opina “A moda brasileira é muito colonial nesse sentido, temos uma visão muito eurocentrista de tudo. Esse padrão de meninas precisava estourar lá fora para que a gente olhasse com mais cuidado no mercado nacional e os clientes entendessem porque apostamos nessas meninas”. 

    “Tanto na moda quanto no casting, temos que olhar para a nossa herança. Da mesma forma como não valorizamos a nossa beleza, também não valorizamos muita coisa da nossa moda nacional e cultural” 

    Bill Macintyre

     

    Desfilando e estrelando campanhas para marcas estreladas como Balenciaga, Jacquemus, Dior, Bottega Veneta, entre outras, Raynara Negrine, Bárbara Valente, Anita Pozzo, Kerolyn, Thalita Faria, Allana Brito e Laiza Moura são alguns dos nomes que compõem essa nova geração de modelos, plurais e igualmente marcante em suas belezas.

    De férias no Brasil, nas preparações para o agitado mês de setembro na moda internacional com a volta dos desfiles presenciais, conversamos com alguns desses nomes sobre suas histórias, carreiras e esse boom das modelos brasileiras lá fora. 

    Raynara Negrine, 18 anos, (JOY) é de Cachoeira do Itapemirim, no Espírito Santo. Ela sempre sonhou com a carreira de modelo, e foi descoberta no concurso Look Of The Year, da agência de modelos Joy, onde está até hoje. Quando tudo acontece tão rápido, é difícil dar-se conta. Para Rayanara, a virada de chave foi quando se mudou para o exterior: “Vim morar em Nova Iorque e, logo depois, fui trabalhar em Paris, para a Chanel!”. 

    Raynara Negrini | Cortesia

    Raynara Negrini | Cortesia

    “É incrível olhar pra trás e ver tudo isso que aconteceu em tão pouco tempo. Sou muito grata à Chanel, Dior, ao Jacquemus, à Valentino, Céline, Alaïa e tantos que apostaram no meu trabalho. São criadores incríveis, com uma energia linda. Acho que eles gostaram de mim porque tenho essa energia de trabalhar com dedicação.” ela conta, e não deixa de valorizar seus trabalhos no Brasil, também: “Fui uma das recordistas de desfiles no Brasil, foi uma boa aula pra mim. Me identifiquei muito com o desfile da Ângela Brito no SPFW, foi lindo.” finaliza. 

    A baiana de Salvador, Barbara Valente, 24 anos, (Canvas Mgt) foi descoberta por um primo que lhe apresentou a um produtor de castings e, posteriormente, às agências de São Paulo. Barbara fez alguns desfiles no SPFW e se mudou para a Europa até então cair nas graças do diretor criativo Daniel Lee e abrir o desfile de verão 2020 da Bottega Veneta, a marca mais celebrada do momento.

    Bárbara Valente | Cortesia

    Bárbara Valente | Cortesia

    Para Bárbara, abrir o desfile da Bottega Veneta foi um grande divisor de águas: “Trabalhar com pessoas super criativas pra mim é o que torna meu trabalho especial, me eleva profissionalmente estar em contato direto nos trabalhos com esses gênios atuais. Fora que acompanhar o processo de criação, como acompanhei algumas vezes fazendo looks dentro da Bottega, me agrega em diversos fatores porque me dá a visão que muitas vezes as modelos não tem acesso – que é a criatividade em ação de toda uma equipe por trás da marcas, e a importância de cada participante deste processo.” ela conta, sobre a experiência. 

    Sua capa para a Vogue Brasil e seu primeiro editorial, em 2015, para a Harpers Bazaar Brasil são outros momentos que ela afirma como marcantes na sua carreira. 

    Na opinião dela, o boom dessa nova geração de modelos tem motivo “Porque é o tipo de beleza que a moda precisa no momento. Não há muitas meninas negras de pele clara fazendo muito no momento, e estar nesse radar pra mim não apenas é gratificante por inspirar outras meninas mas realizador por estar conquistando o que sempre foi meu.”

    Nascida na Zona Oeste do Rio de Janeiro, Laiza de Moura, 21 anos (New Management) hoje mora em Paris, onde se prepara para a agitada temporada de moda em setembro. Ela sempre sonhou em ser modelo e um dia, quando trabalhava em uma loja de acessórios para pets e bijouterias, recebeu a proposta de um scouter. Sem medo, ela foi – e deu no que deu.

    Laiza Moura | Cortesia

    Laiza Moura | Cortesia

    Hoje, Laiza, que é exclusiva da Saint Laurent, não começou exatamente com o pé direito na marca: “Lembro a minha primeira vez no casting que eu tropecei porque os sapatos eram pequenos, eu estava insegura e muito nervosa, e quando eu sai todas as meninas estavam conversando e dizendo que foram ótimas e eu só pensava em chorar quando a porta abriu e falaram ‘todas estão dispensadas, Laiza você fica’ eu mal pude acreditar, eu fui tão mal no casting, não entendia o porque o Anthony Vaccarello, – diretor criativo da maison – havia me escolhido, eu não falava inglês, não entendia nada, e eles sempre me ajudando usando tradutor e me ensinando. A partir disso que comecei a trabalhar todos os dias na sede da Saint Laurent e a encontrar esse potencial que eles viram em mim.” conta.

    Além de sua exclusividade com a marca, com a qual sempre quis trabalhar, a capa para a Vogue Brasil também foi um momento marcante de sua carreira: “A minha primeira capa para a Vogue, onde eu conheci a minha namorada, a também modelo Allana Brito com a magia de Salvador, realizando o meu sonho, trabalhando com o que eu amo. E conheci uma das melhores pessoas que já conheci nesse mundo”, declara.

    Thalita Farie (Mega Model), como é conhecida na moda, tem 22 anos, negra e de ascendência indígena é de Natal, no Rio Grande do Norte e foi descoberta por olheiros após se inscrever em um concurso na praia onde vendia artesanatos, há mais de dois anos.

    Thalita Faria

    Thalita Faria

    “Ser modelo nunca havia passado pela na minha cabeça, mas foi uma grande surpresa  quando escutei na entrevista, feita pela Filipa Black, ‘você nasceu pra isso’, ‘como vc sabe se mexer e pousar’ pra mim era bem engraçado porque eu não via em mim o que ela enxergava” conta Thalita, que hoje já tem desfiles para nomes como Balenciaga e Dion Lee na conta. Ela conta que o momento em que teve uma ‘virada de chave’, foi quando se viu em um avião para Milão, com exclusividade para a Bottega Veneta em sua primeira temporada internacional, onde logo depois se apresentou pela Mugler.

    “Trabalhar com nomes tão importantes, que fizeram parte da história do mundo fashion é uma experiência incrivelmente maravilhosa, a cada passo na passarela carregando  os nomes dessa marca, junto à confiança que depositaram em você te faz se sentir cada vez mais incrível. Estou me preparando para a NYFW no momento e a expectativa é trabalhar com novos nomes, estou bem animada, e sempre são novas emoções e experiências  que vem junto com cada temporada” conta.

    No Brasil, ela cita Flávia Aranha e João Pimenta como alguns dos desfiles nacionais que mais marcaram sua trajetória.

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