Delicadeza e feminilidade são as duas palavras de ordem nesta temporada de alta-costura. Na Givenchy, por exemplo, elas vieram trabalhadas com tamanha preciosidade que deixaram os vestidos mais apropriados para galerias e museus do que para guarda-roupas reais. Já para Karl Lagerfeld na Chanel, serviram como pré-requisito para o desafio de fazer de toda grandiosidade dos ateliês de couture, algo adequado para o closet _e a vida_ da mulher contemporânea.
Simplicidade não é um adjetivo que se associa a criações de alta-costura com facilidade. Ainda assim, é o que melhor se adequa a mais recente coleção apresentada por Lagerfeld. Nela, o kaiser aplica toda expertise dos ateliês da Chanel em formas das mais básicas, como a de uma simples camiseta. Estas vêm sobre jeans justos, em cores lavadas ou todo paetizados, encobertos por faixas de tecidos amarradas na cintura ou saias evasês ou vestidos retos onde tweeds levemente coloridos e ricos bordados se fazem mais presentes.
Pé no chão literal e metaforicamente. Em parte pelas sapatilhas com tiras elásticas transparentes, em parte pela forma pela qual Lagerfeld transporta um universo antes restrito aos salões mais exclusivos para um, em tese, possível. Se geralmente alta-costura imprimia saias de volumes dos mais absurdos e ornamentos dos mais brilhantes, aqui o caminho é o inverso. A exuberância fica por conta dos ricos bordados, que se adequam perfeitamente às roupas práticas para mulheres reais _ainda que realmente ricas.