O mundo da moda foi tomado pelas colaborações há tempos, mas se tem um modelo de parceria hoje que vale à pena destacar é o projeto Genius, da Moncler, luxuosa marca de ski e roupas do segmento activewear. Ao convidar estilistas de estilos e segmentos diferentes para criar em cima de seus principais códigos, a marca abre espaço para ideias e criações realmente novas e impactantes.
Esta semana, a grife lançou o terceiro capítulo do Genius durante a semana de moda de Milão e abre para o público ver as instalações a partir de 24 de fevereiro. Dois designers foram adicionados na excelente curadoria do projeto (que já conta com Pierpaolo Piccioli, Craig Green, Simone Rocha e Hiroshi Fujiwara): o britânico Richard Quinn e o americano Matthew Williams, da 1017 ALYX 9SM. “Inseri dois criativos com o objetivo de aumentar nossa esfera de ação. Ambos designers são talentos excelentes e com uma estética distinta”, diz o CEO Remo Ruffini.
Para a noite de lançamento, cada designer construiu uma instalação em uma espécie de túnel onde o público pode conhecer a nova coleção, abrindo portas para o mundo incrível do que pode ser feito quando se junta a tecnologia da Moncler com a imaginação e o DNA desses criadores. “Moncler Genius é uma resposta aos tempos de hoje, um simpósio de mentes criativas e um ambiente inspirador”, diz Ruffini. “Cada um deles trabalha individualmente e a soma de todos interpreta a identidade da Moncler”.
Ruffini opera o Genius em um sistema que mistura as conhecidas colaborações de moda com a cultura dos drops, lançando linhas de edições limitadas ao longo do ano, ou seja, a Moncler sempre terá novidades relevantes em sua loja e razões para fazer eventos de lançamentos em seus pontos de venda ao redor do mundo. As coleções começam a chegar às lojas a partir de julho, mas já tomaram as redes por conta de suas imagens de moda impressionantes.
Certamente, a linha mais tocante é a de Pierpaolo Piccioli, que trouxe a modelo etíope Liya Kebede para colaborar com ele. Liya há muito tempo apoia artesãos africanos através de sua marca Lemlem e agregou esse universo, tão lindo quanto tradicional, à estética da coleção. “Não há forma melhor de mostrar que tradições e o trabalho dos artesãos têm um lugar na moda contemporânea”, diz Kebede. “Tive a honra de fazer parte desse processo criativo, reunindo heranças que, à primeira vista, pareciam tão diferentes, mas quando inesperadamente combinadas, criavam algo rico e novo, redefinindo a beleza e nos lembrando de que não há limites na vida”. O resultado é uma série com 14 vestidos inacreditáveis, uma mistura improvável de alta tecnologia e raízes africanas. “Liya é uma mulher que abraça essa ideia de dar de volta e tenta criar oportunidades para as mulheres na Etiópia. Moda, claro, é a terra dos sonhos, mas é também uma maneira de mostrar valores através de seu trabalho. E este momento é muito importante para falar não só de roupas, mas também de valores nos quais acreditamos”, diz Piccioli. Esta coleção é um exemplo de como mostrar – e vender – outras culturas sem se apropriar indevidamente.
Dentro da seleção, Richard Quinn e Simone Rocha têm uma abordagem mais feminina, porém contrastante entre eles. Quinn com suas cores vibrantes e estampas; Simone mais introspectiva e com uma feminilidade misteriosa e dark. Vale mencionar que Richard Quinn se formou apenas em 2016, já ganhou dois prêmios como talento emergente e teve até a visita da rainha Elizabeth em seu desfile na London Fashion Week. Ele realmente tem uma visão fresca e sabe construir roupas que causam impacto e desejo ao mesmo tempo.
Em sua estreia no projeto, Matthew Williams traz o seu olhar super contemporâneo e funcional, com puffers que certamente serão vistas nos aficcionados pelo streetwear. A coleção é quase inteiramente preta, com splashes de vermelho, branco e cinza (e uma jaqueta laranja) e reproduzem a identidade urbana e cool de sua marca própria. Williams também desenvolveu a primeira jaqueta tingida da Moncler, complementada por versões personalizadas do fecho de fivela exclusivo da Alyx. “Em termos de produção e tecnologia, o que a Moncler pode fazer é incrível”, diz o designer americano.
Ruffini disse que as vendas online aumentaram, assim como o tráfego da web, muito por conta da marca atingir um público mais jovem através do Genius Project. “A visibilidade e a percepção da marca melhoraram”. Em uma entrevista a CNN, ele dá indícios de que o projeto irá continuar. “Honestamente, estou feliz. Claro que cometemos erros, claro que podemos melhorar. Mas gosto de pensar que, ao menos, estamos encarando a nova era, uma nova aventura e é isso o que estamos buscando”.
E Craig Green criou um dos túneis mais absurdos, basta olhar na foto que abre essa matéria. Ele converteu seu espaço para se assemelhar a um túnel de vento onde suas roupas estavam amarradas como pipas acima do piso de concreto. “Em termos de vestuário, a Moncler tem o material mais leve que você pode encontrar. Então, nesta coleção, tudo tem a ver com leveza”, diz o estilista à revista GQ. “Todos os elementos da peça até os zíperes foram escolhidos unicamente por causa de sua leveza”.
Um dos designers mais inovadores que surgiu nos últimos tempos, Green mostra que uma down jacket pode se tornar qualquer coisa, obter qualquer forma. “A Moncler tem uma tradição forte, mas ainda abraça a mudança. Eles incentivam uma abordagem experimental e não têm medo de assumir riscos, o que os torna um ótimo parceiro colaborativo e é o que acredito ser único dentro desse projeto”.
Veja abaixo mais imagens das novas coleções do Genius Project: