Por Guilherme Meneghetti
Turbante é um acessório poderoso. Embora não se saiba exatamente quando e onde surgiu (acredita-se que tenha surgido no Oriente ou na África antes mesmo da era cristã), carrega consigo uma história milenar ligada a diferentes culturas. Mulheres e homens indianos, persas, anatólios, lídios, árabes, argelinos, judeus e tunisianos o usam há séculos. Atravessando o tempo, diferentes significados (como indicar religião, origem, posição social, por exemplo) foram atribuídos ao acessório.
Segundo Melissa Leventon em História Ilustrada do Vestuário, ainda que, na Europa do século 17, marinheiros, navegadores e mulheres (especialmente as francesas, como acessório de moda propriamente dito) já usassem turbantes, quem o “inseriu” na moda foi Paul Poiret, um dos nomes mais importantes da história da moda, no início do século passado (aliás, sua marca foi reativada após 80 anos pelas mãos da sul-coreana Chung Yoo-kyung, do conglomerado Shinsegae International, e desfilou na última temporada de Paris sob o comando criativo da chinesa Yiqing Yin).
Ao logo do século 20, o turbante foi usado pelas atrizes de Hollywood (dos anos 1920 aos 40), eternizado por Carmen Miranda (40’s), e também como símbolo da cultura negra no movimento que lutava pelos direitos civis (60’s). Foi observando (e se apaixonando) por toda essa história e seus significados que Carla Machado deu vida à marca de turbantes Turbano – uma junção das palavras “turbante” e “urbano”.
O diferencial da marca está na produção: são feitos “aramados” à mão, dispensando a dificuldade para amarrá-lo na cabeça. Fernanda Lima, Mari Weickert e Luiza Brunet já usaram seus modelos. Carla também já desenvolveu modelos para a Amapô e Dudu Bertholini. “Ele é meu muso, amigo, mestre, parceiro e maior inspiração”, disse ela sobre o estilista em entrevista ao FFW.
Conversamos com ela sobre os detalhes e inspirações da Turbano. Leia abaixo:
Qual é a sua história com os turbantes?
Os turbantes sempre estiveram presentes na minha vida e sempre representaram força, poder e ancestralidade. Admiro e respeito muito a beleza étnica das africanas, indianas e árabes, além do meu fascínio pelo glamour antigo das estrelas de Hollywood. Meus amigos – que me inspiram muito – também adoram usar turbantes. Eu mesma sempre tive vontade de usá-los, mas achava que não ficavam bem em mim. Então comecei a pensar numa maneira prática de usar e que não me incomodasse. Assim nasceu a ideia de aramar os lenços, para amarrá-los na cabeça sem que eles apertassem ou caíssem da cabeça.
Quando e como surgiu a ideia da Turbano?
A ideia de aramar os turbantes já existia, mas ao personaliza-lá dentro do meu universo, criei a Turbano em 2016. Surgiu a partir do desejo de reunir todas as minhas habilidades manuais de aderecista e joalheira (nos anos 1990 criamos o Studio Vulcano com parceiras joalheiras). E surgiu também da vontade de criar um produto democrático e acessível, um turbante urbano – ou seja, “Turbano”.
Qual o diferencial de seus turbantes?
A qualidade do trabalho manual cuidadoso e a escolha certeira de matérias-primas nobres, como cobre e seda pura.
Como você desenvolve os modelos? São únicos ou divididos por coleção?
São desenvolvidos a partir da matéria-prima. Para a primeira coleção, por exemplo, escolhi seda pura sem estampas. Partindo dela escolhi a cartela de cores (tons de vermelho, pink, roxo e preto). Todos os turbantes foram criados com esta combinação de cores em um único modelo que pudesse ser usado de diferentes formas. Depois disso fizemos uma linda campanha com o melhor time: fotos de Cássia Tabatini, styling de Dudu Betholini, beleza de Lau Neves, estrelando nossa musa Marina Dias e logo de Luvy. Todas as peças foram vendidas via Instagram e em lojas exclusivas de São Paulo.
Quanto custa e onde encontramos?
Custam R$ 300 e podem ser encontrados na loja Choix ou diretamente pelo Instagram da marca.
Como é o seu plano de negócios?
Sempre foi fazer algo exclusivo com poucas peças por coleção e peças únicas para desfiles, editoriais, carnaval e outras ocasiões.
E o que esperar da Turbano?
Pode esperar muito respeito e amor no que faço e também muita história pra contar. Nesta nova coleção, por exemplo, escolhi como matéria prima a palha de buriti do Maranhão com tingimento natural nas cores rosa, verde, magenta, mostarda, laranja e palha natural. Essas peças têm a clássica modelagem da Turbano para você usar como quiser, e tem um modelo novo que já vem pronto e lindo para usar. Para a campanha fotografamos nas ilhas de Uros, no Lago Titikaka, Peru, por serem ilhas flutuantes de Palha. Achei que o cenário seria perfeito. E em breve, faremos uma nova companha com o Dudu Bertholini.